Fim de mandato, gratidão a Deus pela oportunidade de administrar nosso Paraíso

Álan Barbosa Daniela com Marconi Perillo no
distrito de São Jorge

Álan Gonçalves Barbosa

Quero, n’um primeiro momento, falar do meu orgulho em ter tido a oportunidade de administrar, de ter sido prefeito de Alto Paraíso. Eu sonhei, desejei e me empenhei, com muito trabalho, para isso.
Assumi em uma situação de muita tristeza para nosso município e para nossa gente, com a morte trágica de nosso querido prefeito Divaldo Wiliam Rinco, do qual eu era o vice-prefeito. Mas em termos políticos, não cai de paraquedas na prefeitura. Sempre trabalhei para este objetivo, fui vereador atuante, ajudei a eleger um prefeito, fui presidente da Câmara e esse trabalho foi reconhecido pelo meu, na época, , principal opositor, que era o próprio Divaldo Rinco. Tanto foi reconhecido meu trabalho que ele me convidou para ser seu vice.
Entendo que Deus, em seus designios, me levou a ser prefeito. Assumi por dois anos, após a morte de Divaldo, e depois fui eleito pela ampla maioria da população, que também reconheceu nosso empenho em favor do município.
Sofri retaliações nos primeiros anos de gestão, por parte daqueles que não engoliram a minha indicação para vice, e destilaram mais rancor após a morte de Divaldo, porque na visão torta daqueles, enquanto Divaldo era vivo, eu era mantido sobcontrole, mas como prefeito tinha o poder de tomar minhas próprias decisões. Meu primeiro grande desafio foi administrar com a expectativa de que eu seria um novo Divaldo, e ninguem é igual a ninguem.
Junto a isso, apesar de todos nossos projetos, fui o prefeito do período da crise. Cortes de recursos por parte do governo do estado e principalmente do governo federal foram muitos. Isso minou nossas metas de mudanças. Tínhamos inúmeros projetos, alguns puderam ser desenvolvidos, mas a grande maioria ficou pelo caminho, por limitações de recursos e de pessoal qualificado. Citando como exemplo o caso da construção da UnB (centro avançado da Universidade de Brasília) em nosso município, que peguei o projeto andando. A UnB nos entregou um projeto incompleto, não tínhamos profissionais com qualificação na época, ou talvez pela pressa em ter a aprovação, para dizer que da maneira como foi apresentado não poderia seguir em frente, deu nesse imbróglio que temos hoje.
Posso afirmar com toda convicção que, mesmo com todas as dificuldades na captação de recursos, fizemos uma administração voltada para o bem coletivo e para a responsabilidade com a coisa pública. Basta olhar em nossa volta, municípios vizinhos tendo seus administradores envolvidos em encandâlos, atrasos de pagamentos de funcionários e fornecedores e outras irregularidade. Nós pagamos nossos funcionários sempre dentro do mês, investimos, dentro das limitações, em obras com recursos próprios, certidões em dia, demos as contrapartidas em todos os convênios com o estado e a união, mesmo tendo, muitas vezes, que lidar com problemas burocráticos de nossa legislação, como, por exemplo, a lei de licitações. A crise financeira desestabilizou muitas empresas, que ganhavam a licitação para obras em nosso município, não davam conta de concluir, então tínhamos que realizar nova licitação, passar por toda a burocracia e as obras ficando inconclusas.
A população ás vezes não tem esse conhecimento e joga toda a responsabilidade nas costas do prefeito, que se torna uma espécie de para-raios de tudo de ruim que acontece.
Encerro meu mandato com a certeza de que formamos uma excelente equipe. Um equivoco aqui ou ali, por que não existe perfeição na vida pública, mas sou grato a todos que nos auxiliaram nessa jornada, do funcionário que presta serviço no cafezinho ao funcionário do mais alto escalão, meu muito obrigado pela caminhada junto conosco.
Como prefeito, tive que aprender a lidar com as frustrações de ouvir tantas promessas de governador, deputados, senadores, se entusiasmar com a possibilidade de realizar obras importantes e depois ver que nada foi cumprido.
Gostaria de ter resolvido alguns problemas do distrito de São Jorge, que muito me preocupam. O governo do estado disse que iria nos ajudar na questão da ETE de lá e não cumpriu, tenho muito medo que isso possa atrapalhar o desenvolvimento de São Jorge, imagina uma fedentina na localidade que é referencia para os turistas que visitam nosso município. Outra coisa, a questão do calçamento, do embelezamento do distrito de São Jorge. Ficamos na expectativa da realização dessa obra, o governador, por ocasião de uma visita, deu um pito em uma pessoa que estava com um paralelepípedo na cabeça, reivindicando a realização do calçamento, dizendo que não estava em campanha e que a obra seria realizada em seis meses. Já se passaram dois anos, nada aconteceu.
Outro compromisso do governo do estado foi de que teríamos esses dois quilômetros da GO 118 que cruzam nossa cidade duplicados pela Agetop, com construção de rotatórias no trevo para São Jorge, no arco da Avenida Ary Valadão, no acesso ao Fórum e no acesso ao aeroporto e nada foi feito.
Outra grande frustração, o governo do estado nos assegurou que nos enviaria recursos para que fizéssemos o asfaltamento e recuperação de asfalto em nossas ruas e avenidas, a prefeitura gastou com projetos, gerou uma grande expectativa e nada saiu do papel.
Reafirmo aqui uma convicção antiga, a de que a Chapada dos Veadeiros e municípios que margeiam a GO 118 precisa de um deputado estadual da região. Não temos um representante que defenda, de verdade, nossos interesses. Vêm aqui, levam nossos votos, e depois temos que mendigar ações, recursos e obras, que chegam a conta-gotas, algumas demoram décadas para serem realizadas.
Ao mesmo tempo que temos essas frustrações, que incluem ações do governo, temos realizações em nosso gestão que vieram desse mesmo governo, como a conclusão do asfalto da GO 239 até São Jorge, obra que participei da luta por sua conquista desde o inicio e que foi entregue em meu governo. Sou o prefeito que entregou o asfaltamento até a Vila de São Jorge. Sou o prefeito que está deixando casas construídas para aproximadamente duzentas famílias, sou o prefeito que buscou apoio dos fazendeiros e cortou a Serra do Vãozinho, lá embaixo, perto da fazenda do seo Valença, na travessia do Tocantinzinho, que cortou e transformou a Serra da Laranjeira, um sonho que para muitos era algo impossível e fizemos com maquinários e recursos da prefeitura em uma rodovia que é de responsabilidade do estado. Sou o prefeito que realizou um grande planejamento para o turismo, revitalizando e equipando praças como a do skate, do CAT, do Bambu, do Artesão. Sou o prefeito das reformas da área da saúde, como a reforma no posto de saúde do setor Novo Horizonte, no posto de saúde no Centro velho, da construção do posto de saúde onde hoje funciona a Unidade Mista de Saúde no setor Cidade Alta, realizando o compromisso de que cada setor teria assistência na área da saúde, da educação e do lazer.
Na área administrativa, fizemos em minha gestão o plano municipal da saúde, fiz a revisão do plano municipal da área administrativa, coisas que há anos se falava, mas não se mexia. Atuamos na área da cultura, do esporte, da segurança, dando condições para que os secretários de cada setor desenvolvessem suas ações. Tanto que, o prefeito, o vice-prefeito e seis, dos nove vereadores eleitos, fizeram parte ou atuaram de alguma forma em nossa administração. Tiveram o reconhecimento de seus trabalhos feitos em nossa gestão.
Em nossa gestão iniciamos uma nova visão de relacionamento entre a administração pública e, principalmente, a comunidade em vulnerabilidade financeira. A ação de minha esposa, Daniela, como secretária de Ação Social, buscou evitar o paternalismo, o assistencialismo que acomoda, e passou a auxiliar nas necessidades básicas dessas famílias e, ao mesmo tempo, oferecer oportunidades de capacitação e aprendizado, para que as pessoas possam se desenvolver e gerar suas rendas. Passou-se a dar não só a ajuda financeira, mais também a assistência psicológica, a elevação da autoestima dos grupos na melhor idade, a possibilidade de cursos profissionalizantes, então se criou oportunidades para aqueles que se dispuseram a aprender e aproveitar.
Nos colocamos a disposição em ser parceiro do governo do estado no projeto Cidade Sustentável, baseado nas 17 ODS da Organização Nações Unidas (ONU) e ai existem aspectos positivos e negativos, como em quase tudo na vida. Mas vejo muito mais coisas positivas que negativas.
Tive contato pessoal com o líder espiritual Prem Baba, o tenho como um amigo, uma pessoa querida. Dos muitos que se dizem ou diziam iluminados que passaram ou estão em Alto Paraíso, nenhum se preocupou de verdade em nos auxiliar a melhorar a qualidade de vida da comunidade, sempre deram prioridade aos seus grupos e suas ações fechadas.
O pessoal ligado ao Prem Baba nos procurou logo no primeiro momento, buscando interagir com a administração pública em busca de melhorias, e mostraram força, ao trazer o governador Marconi Perillo por duas vezes, sempre acompanhado de secretários de estado e assessores, para apoiar e se colocar a disposição para um amplo projeto de colocar Alto Paraíso como modelo de cidade sustentável para o País.
Se, nos dois anos que restam ao governador no comando do estado, ele cumprir os compromissos assumidos com o Prem Baba e com nossa cidade, será a maior conquista que nenhum político conseguiu ao longo dos sessenta e três anos de Alto Paraíso.
Tem a questão da atração de muitos moradores novos para nosso município, com um forte aquecimento do mercado imobiliário e do comércio em geral.
O aspecto negativo de tudo isso é que, com a chegada de muita gente ao mesmo tempo, extrapola a demanda nos serviços públicos, que supera a capacidade de atendimento da administração municipal, visto que todos os recursos oriundos dos governos do estado e federal são baseados em dados do IBGE, que são sempre muito defasados.
Mas considero, no aspecto geral, que está sendo positivo a vinda da Awaken Love, do Prem Baba e da maioria de seus seguidores. E houve uma grande participação de nossa gestão na vinda dessa gente.
No resumo, o que podemos dizer é que entregamos Alto Paraíso com muitos progressos. A cidade é outra depois de nossa administração. Captamos novos investidores, multiplicamos o número de comércios em diversos segmentos, bares, restaurantes, pousadas e hotéis, criando oportunidades de empregos e rendas para nossa população. A cidade mudou para melhor, o município está inserido definitivamente no roteiro turístico do País e atuamos firmes para isso. Sou grato a população, pelo apoio e mesmo pelas cobranças e criticas, porque elas nos fizeram aprender e crescer.
Sou grato a minha esposa, Daniela, pelo trabalho lado a lado, sol a sol. Aos meus pais, irmãos e familiares que sempre nos apoiaram. Meu pai, seo Jair, ex-prefeito, sempre foi minha fonte de inspiração, e junto com minha mãe, dona Aurora, o porto seguro e a energia de amor que sempre me mantiveram firme no caminho da administração pelo bem de todos. Agradeço, enfim, a Deus, em sua infinita misericórdia, por ter me permitido, por seis anos, gerir os caminhos de desenvolvimento de nosso querido município de Alto Paraíso, abrigo do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e farol que dá referência à esperança de fraternidade e luz para pessoas de todas as partes do mundo.
Álan Gonçalves Barbosa é prefeito de Alto Paraíso, Teólogo, Psicólogo e Mestre em Desenvolvimento Sustentável.

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