VOZES PRETAS – Festival celebra cultura popular afro-brasileira em Cavalcante.

Entre os dias 26 e 28 de agosto, as artes cênicas, a música e a dança se encontram na cidade de Cavalcante, região da Chapada dos Veadeiros, no nordeste goiano, e convocam à reflexão e ao diálogo na primeira edição do Festival Vozes Pretas.

Roberto Naborfazan**

Na intenção de promover debates importantes acerca da realidade da população negra e quilombola e celebrar a arte e cultura popular afro-brasileira, o município de Cavalcante torna-se palco da primeira edição do Festival Vozes Pretas. O evento, que será realizado entre os dias 26 e 28 de agosto, é inteiramente gratuito e conta com uma programação diversa: espetáculos musicais e de teatro, rodas de conversa, oficinas, desfile de moda e apresentações de dança Sussa. Uma festa do povo para o povo.

O município de Cavalcante abriga o maior território quilombola do Brasil, do povo Kalunga. Sediar um festival de cultura popular celebrando as vozes pretas é uma forma de reforçar a ancestralidade, os laços que interligam a força das manifestações culturais populares e também evocar debates importantes para a população brasileira, especialmente a comunidade local como um todo. “O Festival Vozes Pretas é mais uma oportunidade de fortalecer o protagonismo negro no município de Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros e no Brasil. É um convite para celebrar a cultura afro-brasileira com arte e pautas que são importantes para fortalecer o discurso da comunidade local”, afirma Edymara Diniz, realizadora e idealizadora do evento.

“Temos percebido o desejo de fomentar a cena cultural e local por pessoas pretas e pelos quilombolas locais. Sinto que temos caminhado nessa direção. Já temos um prefeito quilombola e, e também uma candidata a deputada Estadual do Quilombo Kalunga. Mas para além de vozes pretas no poder, queremos enaltecer as vozes pretas na arte. O festival será uma celebração da cultura popular”, completou Edymara Diniz.

Grupo Embaraça apresentará nesta sexta-feira, 26, a peça teatral Afeto, um espetáculo que promove reflexões sobre a negritude a partir da relação de duas mulheres pretas.
Também nesta sexta-feira, o Festival Vozes Pretas terá outras duas oficinas, uma de percussão e uma de dança Sussa.

Na sexta-feira (26), o Festival começa com uma oficina de teatro com foco na cena popular afro-brasileira, ministrada pelo Grupo Embaraça, que também se apresentará no Festival com a peça teatral Afeto, um espetáculo que promove reflexões sobre a negritude a partir da relação de duas mulheres pretas. “Essa é uma dramaturgia viva, que evoca o não esquecimento e enfrentamento de vários monstros”, diz a sinopse da peça. O Festival Vozes Pretas terá também outras duas oficinas, uma de percussão e uma de dança Sussa.

Recheada de shows musicais, a programção terá Comboio Percussivo, Thabata Lorena Martinha do Coco e Chapadeiros do Forró

A programação do Vozes Pretas é recheada de shows musicais. Dalila Kalunga, Martinha do Coco, Comboio Percussivo, Thabata Lorena e Chapadeiros do Forró se apresentam na Praça Diogo Telles, no centro da cidade. A mesma praça ainda será palco da apresentação de dança Sussa do Grupo Flores e Frutos do Quilombo Kalunga.

A professora, educadora e artista Kaju Ataide, será a mediadora de duas rodas de prosa. Kaju atua há diversos anos na formação social anti-racista, anti-sexista e anticapitalista. “Sinto-me feliz em mediar momentos de diálogo, convidar a sociedade para um tempo mais dialético da política e da arte”, diz. As rodas de conversa, segundo Kaju, são uma oportunidade de dialogar sobre racismo e representatividade.

Ancestralidade

O festival também promoverá um desfile de moda. Segundo a idealizadora, Maria Helena e dona da marca Tuya Kalunga, a passarela será espaço para o resgate e reforço da ancestralidade do povo Kalunga. “Os elementos que compõem a história do território e da identidade do povo Kalunga estão vinculados à história das roupas Tuya, que trazem em sua essência a valorização, a luta e a resistência do povo Kalunga”, disse. Maria Helena reforçou que a comunidade é fonte de inspiração para suas criações. “Um dos principais saberes do povo Kalunga é a habilidade de produzir seus objetos de vivência. Dentre esses objetos estiveram as roupas, os modos de fazê-las e a arte na forma de confeccioná-las. Busco honrar essas marcas em meu processo de criação”.

Com amarca Tuya Kalunga, a passarela do Festival será espaço para o resgate e reforço da ancestralidade do povo Kalunga.

Da mesma forma que outros eventos promovidos pela ONG Teatro, Educação e Responsabilidade com as Raízes Afro-Brasileiras (T.E.R.R.A), o Festival Vozes Pretas selecionou 5 estagiários quilombolas para trabalharem na área de produção cultural. Os selecionados participam de um minicurso, conduzido por Edymara Diniz, no qual recebem as instruções e formação necessária, além de bolsa no valor de R$500.

Parceria 

No dia 27, a premiação dos atletas vencedores do Desafio Kalunga MTB fará parte do Festival. Prova de ciclismo estilo moutain bike maratona, o desafio possui um percurso de 45 km e outro de 100 km, com expectativa de público de 350 atletas. O trajeto da corrida percorre as zonas urbana e rural de Cavalcante e o território quilombola Kalunga. A premiação consta na entrega dos troféus e brindes para os atletas que conquistarem os três primeiros lugares de cada uma das 14 categorias.

Serviço

Festival Vozes Pretas

De 26 a 28 de agosto de 2022, Cavalcante (GO)

Entrada franca

Programação completa: www.instagram.com/ongterra

***Com informações da assessorai de imprensa do Festival.

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