Setembro Verde – Diálogo com a família é 1º passo para doação de órgãos

Central de Transplantes do Estado realizou ações para conscientizar sobre a importância de dizer que é doador de órgão. Goiás é o 10º que mais realiza transplantes entre os estados brasileiros.

Roberto Naborfazan**

O Governo de Goiás, por meio da Central Estadual de Transplantes, na promoção da campanha Setembro Verde, realizou no final de semana entre os dias 23 e 25, ações de conscientização sobre a importância de que as famílias conversem sobre o tema. Nos shoppings Passeio das Águas e Cerrado, em Goiânia, equipes distribuíram material informativo e tiraram dúvidas do público.

A coordenadora da ação, Sandra Amorim, destaca que a família é a responsável por conceder autorização para a doação no momento da perda de um ente querido. Por esse motivo, é tão importante expressar essa vontade ainda em vida. Ela conta que o testemunho de uma mãe inspirou a ação.

“Essa mãe nos contou que seu filho de 19 anos, que enfrentava problemas de saúde, manifestou seu desejo de ser um doador. Dias depois, ainda no mesmo mês, ele faleceu e ela decidiu honrar a vontade do jovem. Mesmo em um momento de dor, essa mãe entendeu que a doação, além de ser um ato de amor, era respeito à última vontade de seu filho”, relata.

Servidores da Central de Transplantes distribuíram panfletos informativos e tiraram dúvidas das pessoas interessadas no assunto.

O caso é do jovem Haylloan Helyabe de Oliveira Gomes, que doou as duas córneas, os dois rins e o coração. Segundo a mãe dele, Luciana Maria Baltazar de Oliveira, o rapaz sofreu uma queda no banheiro de casa, passou 11 dias internado no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) e veio a óbito.

“Nossa ação nos shoppings buscou sensibilizar as pessoas e reforçar a necessidade de manifestar aos familiares o desejo de ser doador de órgãos. Explicamos como funciona o processo e desmistificamos algumas informações falsas sobre a doação. As pessoas ainda têm medos como o corpo ficar deformado, mas não é assim que acontece. Nessas oportunidades podemos esclarecer da melhor maneira possível”, pontua Sandra.

Transplantes em Goiás

Goiás tem 36 equipes credenciadas para realização de transplantes e é o 10º estado brasileiro que mais realiza transplantes de rins no país. De janeiro a julho de 2022, foram realizados 329 transplantes de órgãos e tecidos, sendo 55 de rins, 4 de fígado, 246 de córneas, 11 de medula óssea e 13 musculoesqueléticos.

A doação de órgãos é um ato de consciência e amor ao próximo. Todos os anos, milhares de vidas são salvas por meio desse gesto.

Goiás tem 36 equipes credenciadas para realização de transplantes e é o 10º estado brasileiro que mais realiza transplantes de rins no país.

O transplante é um procedimento cirúrgico em que um órgão ou tecido doente é substituído por um saudável.

De acordo com a Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), mais de 30% das pessoas que esperam por um transplante de coração, por exemplo, morrem na lista de espera. O transplante de órgãos pode ser feito por doadores vivos ou mortos e, atualmente, mais de 80% dos transplantes são realizados com sucesso.

Existem vários órgãos e tecidos que podem ser doados, porém cada um tem os seus critérios. Veja:

Quais órgãos que podem ser doados?

Coração: o transplante só pode ser realizado por meio de um doador falecido, com morte encefálica constatada. O transplante de coração é recomendado a pessoas com insuficiência cardíaca e que não respondem a nenhum tratamento ou cirurgia.

Válvulas cardíacas: esse tipo de transplante é indicado para pessoas com doenças da válvula do coração. Em alguns casos, não é possível usar para transplante o coração de um indivíduo que teve morte encefálica, porém, as válvulas podem ser doadas e mantidas em um banco de válvulas, onde são mantidas durante anos.

Fígado: é um órgão que tem a capacidade de regenerar-se, por isso, o doador pode doar parte de seu fígado, em vida. Esse tipo de transplante é realizado principalmente em casos de cirrose hepática.

Pulmão: esse tipo de transplante é indicado para pessoas com doença pulmonar grave, tais como fibrose cística, pulmonar e enfisema. Em situações especiais, uma parte do pulmão pode vir de um doador vivo e são necessários dois doadores para um receptor.

Ossos: implantes dentários, transplantes para lesões da coluna e próteses são alguns tipos de transplantes para ossos, que podem ser realizados por meio de cirurgias simples. Os ossos doados podem ser mantidos em um banco por um longo período.

Medula óssea: é responsável por produzir componentes do sangue e é usada para a cura de doenças que afetam as células do sangue, como a leucemia. A doença da medula óssea é a única forma de doação que mantém um banco de doadores e que também é permitida a crianças e gestantes.

Rim: os rins, por serem dois, podem ser doados tanto em vida quanto após o falecimento. A doação do rim geralmente é feita para pessoas com hipertensão, diabetes, insuficiência renal crônica, entre outras doenças renais.

Pâncreas: esse tipo de transplante é feito a partir de doadores falecidos e geralmente é realizado junto com o transplante de rim, pois o pâncreas é um órgão que atua na digestão dos alimentos e também na produção de insulina, elemento responsável pelo equilíbrio dos níveis de açúcar no sangue. O transplante é feito em pessoas com diabetes e sérios problemas renais.

Córneas: o transplante só pode ser feito a partir de doadores falecidos, com idade entre 2 a 80 anos. Ceratocone e distrofia do endotélio são algumas das doenças graves que podem afetar a córnea, parte do olho que controla a passagem de luz para a retina.

Pele: a doação pode ser feita por pessoas falecidas ou aquelas que removeram partes da pele em cirurgias estéticas. O transplante de pele é recomendado em caso de pessoas que sofreram extensas queimaduras ou doenças dermatológicas graves.

A família é a responsável por conceder autorização para a doação no momento da perda de um ente querido. O transplante de órgãos pode ser feito por doadores vivos ou mortos e, atualmente, mais de 80% dos transplantes são realizados com sucesso.

Como se tornar um doador de órgãos?

Qualquer pessoa pode ser uma doadora de órgãos e nenhuma religião é contra a doação. Basta apenas ser maior de 18 anos, ter condições adequadas de saúde e ser avaliado por um médico para realização de exames.

Para ser um doador em vida, você pode acessar o site da Aliança Brasileira pela doação de Órgãos e Tecidos (Adote), fazer seu cadastro e download do cartão de doador. Basta acessar o link: http://www.adote.org.br/.

Além do cadastro, é importante você falar para a sua família que deseja ser um doador de órgãos, para que após a sua morte, os familiares (até segundo grau de parentesco) possam autorizar, por escrito, a retirada dos órgãos.

O que é morte encefálica?

A morte encefálica é quando acontece a parada definitiva do encéfalo, que é o cérebro e tronco cerebral, provocando assim, a falência de todo o organismo. No caso de morte encefálica, podem-se doar os órgãos, mediante a autorização dos familiares.

Quem não pode ser doador de órgãos?

Portadores de doenças infectocontagiosas, como soropositivos ao HIV, hepatites B e C, Doença de Chagas, entre outras.

Pessoas com doenças degenerativas crônicas ou tumores malignos.

Pacientes em coma ou que tenham sepse ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas (IMOS).

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