Rádio Paraíso FM: Há 36 anos dando voz e vez a comunidade de Alto Paraíso de Goiás e região.
Com um a grade de programação sempre buscando inovação, com espaço para a informação, cultura, esporte, lazer, músicas, e principalmente ouvindo as demandas da comunidade e cobrando soluções do poder público, a Rádio Paraíso FM tem audiência absoluta no município, passando para a população local a sensação de pertencimento.
Por Giovanna Fannaro**
Alto Paraíso de Goiás, na deslumbrante Chapada dos Veadeiros, abriga mais do que paisagens paradisíacas: há 36 anos, a Rádio Paraíso FM se destaca como um marco de resistência, comunicação e pertencimento comunitário.
A lei que regulamentou as rádios comunitárias foi uma grande conquista para a comunicação brasileiras, antes dessa lei todas as rádios não comerciais e que operavam sobre a nomenclatura de comunitárias ou livres (balizadas principalmente em grupos sociais), eram consideradas ilegais e profundamente perseguidas no país. São inúmeros os relatos sobre prisões e arbitrariedades promovidos contra apenas quem queria promover uma comunicação com diferencial.
O embrião da Rádio Paraíso FM, em Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros, nasceu em 1992, por meio da vontade e persistência do, na época, representante comercial, Nilton Aparecido Gonçalves da Silva, que mais tarde passou a ser conhecido como Nilton Kalunga (devido ao seu empreendimento comercial, a Imobiliária Kalunga Imóveis), que também sofreu perseguições e tentativas de apreensão de equipamentos por parte do órgão fiscalizador, a Anatel.
A regulamentação do Serviço de Radiodifusão Comunitária, a radiodifusão sonora, em frequência modulada, outorgada a fundações e associações comunitárias sem fins lucrativos no Brasil se deu em 19 de fevereiro de 1988, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Mas, muito antes da década de 1990, o Brasil já contava com diversas rádios que atuavam como veículo de mobilização e debate, mesmo que na ilegalidade.
No início dos anos 1990, se intensificou, em todo o Brasil, uma ação conjunta realizada por radialistas profissionais e amadores visando pressionar o governo federal e o congresso nacional para que aprovasse a Lei de Radiodifusão comunitária.
Em Goiás, essa luta teve valorosas pessoas na linha de frente, como o professor Milton, da universidade Federal de Goiás, e Valdeci Borges, que hoje é o presidente da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias em Goiás – Abraço-GO, e membro da Executiva Nacional da entidade, que foram também responsáveis por inserir, em 1992, o ainda jovem Nilton Kalunga nessa batalha, ao verem a sua vontade de oficializar a Rádio Paraíso FM como o meio de comunicação da Chapada dos Veadeiros.
Entre 1992 e 1998, foram enormes os desafios enfrentados para manter a Rádio no ar. O link em cima de um veículo tipo Buggy teve que ser, por diversas vezes, escondido em meio ao cerrado, em fugas cinematográficas da Policia Federal, que dava apoio aos técnicos da Anatel.
Com apoio do empresário Sebastião Cabral, Nilton conseguiu uma sede provisória para a Rádio, por volta de 1995.
Nessa época, o jornalista Roberto Naborfazan passou a contribuir voluntariamente com a limitada, mas já bastante ouvida, programação da Paraíso FM. Era tudo muito precário. Por meio de uma ligação telefônica, via aparelho de fax (muitos jovens nem sabem o que é isso), o jornalista transmitia, de Goiânia, as principais notícias que aconteciam em Goiás, no Brasil e no mundo.
Quando a Lei 9.612 foi aprovada, era necessário ter uma fundação ou uma associação comunitária, sem fins lucrativos e legalizada para conseguir a outorga da Rádio.
Nilton Kalunga fez então uma parceria com o senhor Mauro e a senhora Telma, assumindo o Grupo de Apoio ao Meio Ambiente, uma entidade civil sem fins lucrativos, que tem em seu estatuto, entre outras finalidades, a execução de serviços de radiodifusão comunitária; apoio ao meio ambiente e promover a integração das forças culturais voltadas para as áreas humanas, treinamento inerente ao desenvolvimento de grupos e indivíduos, desenvolvendo e incentivando atividades artísticas-culturais.
Desde sua regulamentação, um conselho foi criado e eleito, sendo periodicamente feita a alternância com presença de membros das principais entidades públicas e da sociedade organizada.
Com um a grade de programação sempre buscando inovação, com espaço para a informação, cultura, esporte, lazer, músicas e, principalmente visando dar voz e vez a comunidade, a Rádio Paraíso FM tem audiência absoluta, passando para a população local a sensação de pertencimento, onde a maioria das pessoas, que se referem a ela como “a nossa rádio comunitária”.
A Rádio Paraíso FM, durante essas décadas em atividade, entrevistou diversas personalidades importantes como governadores e lideranças políticas municipais, estaduais e nacionais, artistas de renome, atletas, e membros de todos os setores da sociedade organiada.
Ao longo dos anos, o Programa Cidade no Ar, comandado por Nilton Kalunga, das 10h ao meio dia, tem sido o carro chefe da programação. Além de abrir espaço para ouvintes, autoridades e visitantes, o programa tem participações especiais voluntárias como a de agentes policiais com informações sobre segurança pública, principalmente com o repórter policial Edson Balada, o jornalista Roberto Naborfazan, de qualquer ponto do Brasil, ainda participa eventualmente, além das vinhetas com notícias de áreas como a política e o esporte. Neste programa, durante anos, um voluntário marcou época e merece destaque, Pedro Sigaud, que infelizmente faleceu há alguns anos. Pedro percorria a cidade ouvindo as demandas da comunidade e cobrando soluções do poder público.
Outro programa que faz parte da grade há décadas é o Manhã Líder, comandado por Clésia Mattos. Com foco nas donas de casa e nos eventos esportivos comunitários, o programa tem 100% de audiência durante toda a semana.
Alberto Pariz, Fábio Costa, Luiz Gonzaga “Cacau”, Mateus Loures e Clark Venturini completam a equipe tem como missão fortalecer a comunicação local promovendo a integração social, estimulando a difusão de ideias, cultura e tradições, apoiando as causas sociais, e fornecendo informações em tempo real, além de promover a conscientização da população sobre seus direitos e deveres, ao dar voz a quem não tem acesso aos chamados grandes meios de comunicação.
Depois de todos esses anos, Nilton Kalunga continua sendo um entusiasta da comunicação comunitária em Alto Paraíso de Goiás.
Não são poucas as vezes em que ele tira recursos do próprio bolso para manter os equipamentos funcionando e a documentação necessária para manter a outorga dentro da legalidade. Nessa área ele conta com o apoio jurídico voluntário de sua esposa, a advogada Maria Helena Brandão.
Pessoas pioneiras no município de Alto Paraíso de Goiás, como a senhora (citar nome de pessoas que serão ouvidas) apontam em seus depoimentos a importância da Rádio Paraíso FM para a comunidade.
A missão que continua
A Paraíso FM se mantém fiel ao propósito de ser uma ponte entre a população e o poder público, além de incentivar a preservação das tradições culturais e ambientais da Chapada dos Veadeiros. Em uma era digital, onde a comunicação é dominada por grandes conglomerados, a resistência e o sucesso da Rádio Paraíso FM são um exemplo do poder transformador da radiodifusão comunitária.
**Com edição e supervisão de Roberto Naborfazan