RACISMO E ABUSO DE PODER – Polícia algema e prende homem negro vítima de facada em Porto Alegre

Como disse a banda Os Titãs “Jesus não tem dentes no país dos banguelas”. Pretos, pobres, e na grande maioria, trabalhadores, continuam sendo oprimidos por brancos endinheirados e por autoridades pagas para cuidar da população como um todo.

Roberto Naborfazan

Um homem negro foi detido por policiais da Brigada Militar após ser vítima de agressão, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no sábado (17). De acordo com testemunhas, o homem negro – o motoboy Everton da Silva, de 40 anos – levou uma facada de Sérgio Camargo Kupstaitis, de 72 anos.

O ataque aconteceu quando o motoboy estava sentado em frente a um restaurante, no bairro Rio Branco. O momento da prisão foi registrado e compartilhado nas redes sociais.

De acordo com o professor de filosofia Renato Levin Borges, que testemunhou e gravou o desentendimento, o fato ocorreu próximo ao meio-dia. O agressor estaria incomodado com a aglomeração de motos em frente a calçadas e restaurantes. Durante o bate-boca, segundo o relato, ele teria desferido um golpe de faca no pescoço do motociclista.

Imagens mostram quando os policiais da Brigada Militar chegam e já abordam imediatamente o homem negro, Everton, que seria a vítima, enquanto o agressor, um homem branco, conversa e sorri com duas Policiais. Everton foi algemado e levado para a delegacia na caçamba da viatura. O suspeito, por sua vez, seguiu no banco de trás de outro veículo, depois de entrar em casa, se livrar da faca e vestir uma camisa.VEJA AS IMAGENS REPRODUZIDAS PELA BAND.

“Quando cheguei no local o motoboy estava sangrando. Os moradores e lojistas, assustados com a discussão, chamaram a Brigada Militar, que imediatamente prendeu a vítima. Depois de protestarmos, explicando que o homem negro tinha sofrido tentativa de homicídio, os policiais também levaram o agressor. A diferença é que a vítima foi algemada no camburão e o agressor foi sentado no banco da viatura”, destacou Renato.

Na delegacia, foram registrados três boletins de ocorrência. A Brigada Militar abriu um BO de resistência contra Everton, que por sua vez acusou ter sido vítima de lesão corporal por parte do idoso e de abuso de autoridade pelos agentes. Ambos os envolvidos foram liberados.

Em nota, a Brigada Militar disse que o Comando de Policiamento da Capital abriu “sindicância para apurar as circunstâncias da abordagem”. O governador Eduardo Leite (PSDB) publicou, em suas redes sociais, que determinou “absoluta celeridade” na investigação.

Nas imagens, é possível ver o motoboy dando explicações a um dos policiais que atende a ocorrência. Ao mesmo tempo, o suspeito aparece conversando com outra agente. A pessoa que grava o vídeo afirma que o idoso “deu uma facada no pescoço dele”, e que “depois tentou de novo”.

Em dado momento, a vítima afirma que trabalha na área – mas é interrompido pelo suspeito, que afirma que ele “não trabalha nada”. O motoboy, ao tentar responder, é agarrado pela camisa por um policial e, logo depois, pressionado contra um muro.

A vítima, uma homem negro, que levou uma facada enquanto estava trabalhando, é algemada e colocada na parte traseira da viatura, enquanto o agressor, um homem branco, desocupado, conversa e sorri com duas policiais.

Havia outros três policiais atendendo a ocorrência – ainda assim, o suposto agressor sai andando do local, enquanto os agentes imobilizam e algemam o homem ferido, sob protestos de pessoas que testemunharam a ação.

“Racismo perverte as instituições e agentes”, diz Silvio Almeida

No domingo (18), o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, comentou o caso.

Em suas redes sociais, o ministro afirma que o episódio é um exemplo de “como o racismo perverte as instituições e, por consequência, seus agentes”. Ele também reforçou a importância de medidas e práticas de governança antirracista para combater esse problema.

Ele adicionou, ainda, que conversou com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e que as pastas entrarão em contato com as autoridades gaúchas para “acompanhar o caso e ajudar na construção de políticas de maior alcance”.

O que se pode ter certeza. Esses policiais ficaram no serviço interno por alguns dias, e logo estarão nas ruas, para serem promovidos em curto espaaço de tempo.

O agressor, classe média lata, continuará sua vida de racista e agressor, se vangloriando por quase ter matado um negro pelos bares do bairro onde acha que manda. E o jovem negro trabalhador, ficará com sua cicatriz e a dor da humilhação guardada no peito.

O governo do Estado do Rio Grrande do Sul emitu a seguinte notta:

Nota da SSP

Por determinação do governador Eduardo Leite, a Corregedoria da Brigada Militar abriu uma sindicância para apurar as circunstâncias da abordagem de policiais do 9° Batalhão da Brigada Militar em ocorrência no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, na manhã deste sábado (17/2), em que dois homens foram conduzidos à 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento.

Após realizarem depoimentos e perícias, ambos foram liberados. A Polícia Civil registrou dois boletins de ocorrência – um por lesão corporal e outro por abuso de autoridade – e investigará os casos por meio de novos depoimentos de testemunhas e análise das imagens.

O governo do Rio Grande do Sul se compromete a dedicar ao caso uma apuração célere e rigorosa.

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