NORDESTE GOIANO – Políticos, desenvolvimento e as eleições em 2018.

Roberto Naborfazan

Na seara política goiana, foram muitos os trabalhadores que direcionaram suas ações buscando desenvolver a região nordeste de Goiás.

Desde o período do famigerado “Corredor da Miséria”, que se iniciava, pela GO 118, no povoado de São Gabriel (Distrito de Planaltina – GO) até desembocar em Tocantinópolis, na divisa com o Maranhão, o que se via era pobreza, faltava tudo, desde escolas e hospitais até o saneamento básico e segurança, quem comandava a Lei nas cidades eram delegados nomeados, os “delegados calças curtas”.

O outro braço, pela BR – 020, começavam os solavancos em Planaltina – DF, passando por Formosa e se salvando no Pé da Serra, até desembocar no estado da Bahia, depois do trevo de Posse. Era um longo e penoso caminho.  Foram muitos os trabalhadores, independente de ideologia ou cor partidária.

No entanto, quem deu os primeiros passos, firmes, para a primeira grande revolução socioeconômica no nordeste goiano, foi o então governador Mauro Borges Teixeira, ao construir a ponte sobre o Rio Paranã (não compreendo porque até hoje não deram seu nome à essa ponte) e se dedicar ao projeto do Combinado Agro-Urbano de Arraias.

Destacamos isso em artigo de nosso lavra, publicado em O VETOR, na edição de abril 2013 https://ovetor.com.br/em-relacao-ao-nordeste-goiano-mirem-se-no-exemplo-de-mauro-borges-teixeira/

Mauro Borges e alguns políticos daquela época trabalhavam para o povo, pelo desenvolvimento da região.

No início dos anos oitenta, o que seria uma nova grande revolução socioeconômica para o nordeste goiano, o Projeto Alto Paraíso, foi interrompido pela morte trágica de seu criador e principal incentivador,  o engenheiro Ari Ribeiro Valadão Filho.

O Projeto transformaria a região da Chapada dos Veadeiros n’uma grande exportadora de frutos e sucos, produzidos de forma sustentável, com mudas e experiência bem sucedida vindas de Israel, mas foi paralisado pela política rançosa dos coronéis, que, por pura vingança, deixaram morrer milhares de mudas e, junto, o sonho de empregos e rendas para centenas de famílias nordestinas goianas.

Com a criação do estado do Tocantins, dividiu-se a região ao meio (em distância por estradas), abriu-se espaço para novos políticos e políticos novos na região.

Alguns se arvoraram de donos da região, mantendo feudos e currais eleitorais, fingindo trabalhar pelo povo e aumentando fortunas pessoais. Mais recentemente, começaram a surgir caras novas, com promessas antigas. Trazer empresas que não poluem para a região, direcionar emendas parlamentares (dinheiro do povo) para hospitais, escolas, pavimentação urbana, segurança e tudo que nossa gente quer e precisa. Mas existem milhas de distância entre as promessas e as realizações.

Exemplos? O aeroporto de Alto Paraíso, uma obra monumental iniciada por Ari Valadão em 1980, continua inconclusa após trinta e seis anos (já fizeram maquiagens com dinheiro do erário). Concluído, poderia, com voos comerciais oriundos de Brasília, Goiânia, Palmas e tantas outras capitais, revitalizar o turismo ecológico e de aventuras e gerar centenas de empregos em hotelaria e setores da economia ligados ao meio.

A conclusão da pavimentação da GO 239, interligando norte e nordeste de Goiás (concluem pequenos trechos e paralisam, alimentando o bolso de empreiteiros). Essa rodovia concluída, permitirá ao turista conhecer a região da Serra da Mesa e a da Chapada dos Veadeiros n’uma mesma viagem, além de ser opção para o escoamento da safra produzida por agricultores da região.

Na mesma situação a GO 447, que liga a GO 118 a BR 020, já na Bahia, passando por São Domingos e as belezas das grutas de Terra Ronca.

O pleito municipal de outubro passado apontou, no nordeste goiano, tendências e responsabilidades para os que buscam fortalecimento para 2018.

Grande nome da situação para suceder Marconi Perillo no governo do estado, O vice-governador e secretário de segurança pública José Eliton está devendo para a região que o acolheu e criou (ele é natural de Rio Verde, mas foi criado em Posse). Faltam policiais Civis e Militares em todos os municípios, alguns nem delegacia tem (caso de Teresina de Goiás e Monte Alegre), viaturas, armamentos e apoio tecnológico (em Alto Paraíso a população teve que se cotizar para adquirir um Drone). Espera-se mais de quem conhece tão bem as agruras da região.

Deputado federal Pedro Chaves, natural de São Domingos e grande trabalhador municipalista, quer galgar novos degraus e deve disputar vaga para o senado. Apresentou gente nova para a região (velhos conhecidos na política goiana) como José Nelto e Bruno Peixoto, que participaram ativamente das campanhas de prefeitos e vereadores de vários municípios, assegurando compromissos com o desenvolvimento da região. Terão dois anos para cumprir.

Iso Moreira, filho de Mambai, estudou em Posse e tem sua fortuna alicerçada nos municípios de Alvorada do Norte e Simolândia. Quinto mandato como deputado estadual, mira Brasília no pleito de 2018. Sumiu da região que o gerou e foi buscar votos no sul e sudeste do estado. Como diz o velho ditado “O olho do dono é que engorda a criação”. Mesmo passando a ser conhecido em municípios do sul maravilha, que podem lhe render até quatro mil votos, vem perdendo espaço nos municípios do nordeste, que sempre lhe deram de oitocentos a dois mil votos. Podem fazer falta, visto que na busca por uma vaga para deputado federal precisará atingir aproximados cem mil votos, se continuar no partido que está, o PSDB.

Mas quem passa a ter muito mais responsabilidades para com a região nordeste é a deputada federal Magda Mofatto.

Dos vinte e um prefeitos eleitos no nordeste goiano, sete são do Partido da Republica (PR), comandado por Flávio Canedo, marido da deputada. Entre eles estão os de Campos Belos e Alto Paraíso (São João D’Aliança, Colinas do Sul, Monte Alegre, Flores e Iaciara, são os outros cinco)

Em Campos Belos, município polo, com economia pujante, o jovem Eduardo Terra fez cair um dos últimos coronéis da região. Tem propostas inovadoras e precisará do respaldo do partido e da deputada para implanta-las.

Em Alto Paraíso, referencia no turismo ecológico, com habitantes vindos de várias partes do Brasil e do mundo, muitos  com o objetivo de investir, progredir e gerar progresso para a comunidade como um todo, alguns poucos querendo transformar a cidade n’um quintal exclusivo e os habitantes nativos em fantoches,  serão um dos grandes desafios para o prefeito eleito, Martinho Mendes, que terá que  mostrar, além de sua provada capacidade de gestão administrativa, o jogo de cintura para não ser desgastado por anarquistas e riquinhos que brincam de ser zen. As emendas prometidas pela deputada serão de grande valia nestes tempos de recessão econômica.

O grande potencial da região está centrado no turismo. Só para ilustrar, destaquemos a pesca, os passeios náuticos e as belezas da Serra da Mesa, em Colinas do Sul; As cachoeiras e tudo mais de belo que oferece a Chapada dos Veadeiros, envolvendo São João D’Aliança, Alto Paraíso e Cavalcante; Os passeios, aprendizados e descobertas com as comunidades quilombolas Kalungas, em Teresina de Goiás e Monte Alegre; As aventuras e mistérios nas grutas de Terra Ronca, em São Domingos; Cachoeiras com águas mornas, em Mambaí, e o majestoso Rio Corrente, veia aberta que une as siamesas cidades de Simolândia e Alvorada, formando praias e banhados. E Magda Mofatto, além de ser uma das maiores empresárias goianas no ramo de hotelaria e resorts, tem força e comando na Goiás Turismo. Pode e deve fazer muito por nossa região.

Magda Mofatto pode ser também o fiel da balança no direcionamento político de muitos. Muita coisa depende de seu posicionamento. Há os que creem herdar seu apoio e eleitorado caso se concretize o projeto de disputar vaga para o senado, mas ela nunca prometeu isso para ninguém. Até porque, na disputa pelas duas vagas para o senado, uma será de Marconi Perillo, se seu voo nacional não decolar; Lúcia Vânia, Pedro Chaves, Vilmar Rocha, Daniel Vilela serão ferrenhos na busca pela outra  vaga. Isso, se Maguito Vilela não entrar no páreo.

Magda Mofatto tem grande experiência política,  não dará murro em ponta de faca e, provavelmente, continue na luta pela Câmara dos deputados se o jogo estiver com as cartas marcadas. Quem estiver esperando seu apoio e herança de eleitorado pode ficar sentado a beira do caminho.

Outro fator que pode ditar rumos dos políticos a partir do nordeste goiano é a eleição de Ernesto Roller para prefeito de Formosa, município da região do entorno de Brasília, mas que serve como base de apoio, principalmente nas áreas da saúde e educação, para muitos municípios do nordeste goiano.

Roller, que derrotou aliados antigos do governador Marconi Perillo, conhece os caminhos do poder (já foi secretário estadual de segurança pública e é deputado estadual), terá, com certeza, o apoio do prefeito eleito de Goiânia, Iris Rezende Machado, e da cúpula do PMDB, para fortalecer candidatos do partido na região.

De tudo isso, o que os moradores do nordeste goiano esperam, nativos e adotivos, é que, além de cheques moradias e ambulâncias pau de arara, o nordeste receba investimentos de vulto, que possam transformar a realidade de uma região que continua com o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do estado.

Nós, o povo, estaremos de olho, fiscalizando e cobrando.