NÃO RESSUSCITOU – Funerária não será punida por demora para enterrar pastor.

Religioso assinou um documento em 2008 afirmando que ressuscitaria no terceiro dia. Prefeitura concluiu que não houve irregularidades na atuação da funerária; esposa não queria liberar corpo do marido para o enterro.

Roberto Naborfazan**

A Prefeitura de Goiatuba, no interior de Goiás, disse que não houve irregularidades na atuação da funerária que esperou três dias para enterrar o corpo do pastor que acreditou que ressuscitaria. O caso foi arquivado após ser analisado, no último dia 29.

Vídeos e fotos mostram uma multidão que se reuniu em frente à funerária no interior de Goiás esperando a ressurreição do pastor.

De acordo com a prefeitura, os profissionais avaliaram o caso e apuraram que a autuação foi feita com base em uma norma que não está mais vigente.

A funerária havia sido autuada devido à Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2006, que determinava que o tempo entre a morte e o sepultamento não poderia ultrapassar 24 horas.

Uma publicação no Diário Oficial da União de 2007, porém, revogou a medida e o novo texto não consta esse limite.

O caso

Morto no último dia 22 por complicações cardiovasculares, o corpo do pastor Huber Carlos Rodrigues não foi liberado pela esposa para o enterro. Isso porque o religioso assinou um documento em 2008 afirmando que ressuscitaria no terceiro dia.

No documento, o pastor diz que teve divinas revelações do Espírito Santo e que, por um “mistério de Deus”, ressuscitaria às 23h30 do terceiro dia pós-morte.

“Minha integridade física tem que ser totalmente preservada, pois ficarei por três dias morto, sendo que no 3ª dia, eu ressuscitarei. Meu corpo durante os três dias não terá mau cheiro e nem se decomporá, pois o próprio Deus terá preparado minha carne e meu cérebro para passar por essa experiência”, escreveu o pastor no documento.

Apesar de não registrada em cartório, o documento foi assinado por duas testemunhas.

Ana Maria Oliveira Rodrigues e o pastor Huber Carlos Rodrigues “Deus sabe o que faz”.

O prazo para o sepultamento, no entanto, se esgotou às 23h30 do dia 25. Por volta das 0h, corpo foi colocado em carro funerário para o velório.

“Deus tem a forma Dele de ressuscitar. Ressuscitar, para Deus, pode ser levar um espírito para o céu”. A frase é de Ana Maria Oliveira Rodrigues, de 56 anos, viúva do pastor.

“Não me importo com as brincadeiras, eu entendo. Mas muita gente que estava do lado de fora da capela viu um clarão no céu na hora em que o Huber tinha pedido para ser feito o sepultamento. Ele foi muito claro quanto ao horário. Ele tinha muito medo de ser enterrado vivo”, conta Ana Maria, lembrando que, além da luz repentina, começou a chover. “Deus sabe o que faz, a minha fé não ficou abalada, muito pelo contrário, foi avivada. Eu estou com a minha consciência tranquila de que atendi a um pedido do meu marido, que tanto bem fez para esta comunidade”.

Vídeos e fotos mostram uma multidão que se reuniu em frente à funerária no interior de Goiás esperando a ressurreição do pastor. Centenas de pessoas acompanharam o sepultamento e cantavam em homenagem ao homem.

FONTE: iG Último Segundo

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