JAVALIS – Ibama suspende licenças para caça no Brasil.

Autorizações serão concedidas a partir de agora pelo Exército. A Sociedade Rural Brasileira (SRB) pediu atenção do Ministério da Agricultura e demais autoridades para que a burocracia não coloque em risco o status sanitário do país.  Desde a autorização de caça a animais exóticos no Brasil, mais de dez caçadores morreram baleados acidentalmente.

Roberto Naborfazan**

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) suspendeu todas as licenças já emitidas para a caça de javalis e de outras espécies exóticas de forma preventiva. De acordo com um informativo divulgado no Sistema de Informação de Manejo de Fauna (Simaf) do órgão na semana passada, as autorizações serão concedidas a partir de agora pelo Exército, e por isso foram bloqueadas até que os processos sejam readequados.

“Considerando a edição do Decreto 11.615, de 21 de julho de 2023, que determina que a caça excepcional para controle de fauna invasoras somente será autorizada pelo Comando do Exército, suspendemos preventivamente as autorizações de manejo em vida livre nas modalidades de caça ativa, ceva ou espera emitidas pelo Simaf, até que se proceda as adequações necessárias”, diz o informe.

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) demonstrou preocupação com a suspensão das licenças para a caça de javalis e de outras espécies exóticas de forma preventiva.

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) demonstrou preocupação com a suspensão. A entidade pediu atenção do Ministério da Agricultura e demais autoridades para que a burocracia não coloque em risco o status sanitário do país e reivindicou que o impasse no controle das espécies exóticas seja resolvido com celeridade.

“Destacamos ainda os sérios riscos sanitários que o javali representa para a pecuária nacional, ainda mais neste momento em que avança pelo país a retirada da vacinação contra a febre aftosa. É de conhecimento de todos que os javalis e os javaporcos são reservatórios de várias doenças, como a Peste Suína Clássica, a doença de Aujeszky e a Febre Aftosa”, disse a SRB, em nota

“A burocracia e a inoperância não podem colocar em risco o status sanitário do país, o minucioso trabalho de retirada da imunização da aftosa tão pouco o rebanho brasileiro”, completou.

A justificativa para a suspensão das licenças é o controle de espécies invasoras. E, paralela a isso, há uma movimentação de um negócio de venda de armas e munições.

Mortes acidentais

Desde a autorização de caça a animais exóticos no Brasil, mais de dez caçadores morreram baleados acidentalmente. Nos últimos cinco anos, ao menos 13 óbitos foram registrados em decorrência da atividade, considerada esportiva. Em Goiás, no mês de maio deste ano, um homem de 29 anos foi atingido com um tiro em uma fazenda no distrito de Santo Antônio do Rio Verde, em Catalão, no sudeste de Goiás. No mesmo mês, outro caçador de 31 anos foi alvejado, em um safári dentro de uma fazenda em Serranópolis, no Sudoeste de Goiás.

Vale destacar que todos os incidentes possuem o mesmo padrão e ocorreram a partir de 2019, quando as caçadas passaram a ser permitidas pelos órgãos ambientais. A justificativa é o controle de espécies invasoras. E, paralela a isso, há uma movimentação de um negócio de venda de armas e munições.

O cadastramento de locais para a prática, como de fazendas, era feito pela Confederação de Tiro e Caça do Brasil (CTCB). Em uma comunidade no seu site, a instituição pede que os membros indiquem as propriedades com animais que possam ser abatidos.

**Com reportagem de Rafael Walendorff (Globo Rural -Brasília)

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