HERÓI EM VIDA E NA MORTE – Órgãos captados de policial morto em Guarapuava beneficiarão oito pessoas, confirma hospital.

O cabo morreu no sábado (23). Ele foi atingido com um tiro na cabeça durante a tentativa de mega-assalto que aconteceu na cidade no domingo (17). Família autorizou a doação de órgãos. A partir da captação, tempo para transplante varia entre horas e dias, conforme o órgão a ser transplantado. Enterro do cabo Ricieri Chagas aconteceu nesta segunda-feira, (25).

Roberto Naborfazan**

Foi bem sucedida a captação de órgãos do cabo Ricieri Chagas, policial militar que morreu ao ser atingido por disparos durante a tentativa de assalto em Guarapuava, na região central do Paraná. Pelo menos oito pessoas serão beneficiadas com os órgãos, segundo informações do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP).

De acordo com a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do HSVP, foram captados as córneas, coração, rins, fígado, baço e linfonodos.

Cabo Ricieri Chagas: Durante 26 anos defendeu a vida do cidadão. Ao morrer, deu sobrevida à pelo menos oito pessoas, ao autorizar a doação de seus órgãos. 

O cabo morreu no sábado (23). Ele foi atingido com um tiro na cabeça durante a tentativa de mega-assalto que aconteceu na cidade no domingo (17).

O Cabo Ricieri Chagas durante 26 anos defendeu a vida do cidadão. Ao morrer, deu sobrevida à pelo menos oito pessoas, ao autorizar a doação de seus órgãos. É desse tipo de herói que o Brasil precisa.

Confira a quantidade de pessoas beneficiadas por órgãos captados:

Córneas: duas pessoas beneficiadas;

Coração: duas pessoas, contando as válvulas, parte do órgão;

Rins: duas pessoas;

Fígado: uma pessoa;

Baço: uma pessoa;

Linfonodos (gânglios linfáticos): ainda sem especificação.

Ainda de acordo com o CIHDOTT, cada órgão captado tem um tempo específico para ser utilizado em transplante, conforme determina uma portaria estadual.

As córneas, por exemplo, podem ser transplantadas em no máximo 14 dias. Rins, em no máximo 20 horas. Para fígado, o tempo é ainda menor: 12 horas.

A captação dos órgãos foi iniciada no sábado (23), mas o hospital não confirmou que horário o procedimento foi completamente concluído.

Segundo o Governo do Estado, para ser doador, interessados precisam deixar as famílias avisadas, uma vez que, em caso de morte, são eles que precisam autorizar a captação dos órgãos nos hospitais.

Em 2021, segundo o Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o Paraná teve 412 doações efetivas de órgãos, que resultaram em 1.468 transplantes, além de 395 procedimentos de medula óssea.

Velório e homenagens

O corpo do policial militar Ricieri Chagas foi velado no domingo (24) na sede do 16º Batalhão da Polícia Militar em Guarapuava, região central do Paraná, e sepultado na manhã de segunda-feira (25), às 10h, no Cemitério do Distrito da Palmeirinha, em Guarapuava.

Corpo do policial militar Ricieri Chagas foi velado no domingo (24) na sede do 16º Batalhão da Polícia Militar em Guarapuava, região central do Paraná. Fotos: Divonei Ravanello Júnior/RPC Guarapuava

Guarnições da Polícia Militar do Paraná e do Corpo de Bombeiros realizaram homenagens simultâneas em todo o estado à memória do cabo Ricieri Chagas.

Chagas ficou seis dias internado no Hospital São Vicente de Paulo. As homenagens a ele aconteceram às 10h30 de Domingo, por determinação do Comando-Geral da PM, mesmo horário em que foi declarada a morte cerebral do policial no sábado (23).

O PM estava na viatura alvejada por criminosos na noite do último domingo (17), quando saia do 16º Batalhão da Polícia Militar (BPM), de acordo com o secretário de segurança pública, Coronel Rômulo Marinho.

Além dele, outros dois policiais estavam na viatura. Um foi atingido na perna, passou por cirurgia e não corre risco de morrer. Outro foi atingido no peito, mas escapou porque estava de colete e o projétil atingiu um celular. Próximo ao local do assalto, um civil também se feriu, mas passa bem.

Até a publicação desta reportagem, a Polícia Militar continuava realizando buscas por suspeitos. Ninguém foi preso. Duas pessoas foram ouvidas como suspeitas, mas liberadas.

Luto oficial

O Governo do Estado do Paraná e a Prefeitura de Guarapuava decretaram luto oficial de três dias pela morte de Chagas.

Neste período, em sinal de respeito, a prefeitura informou que a bandeira municipal ficará hasteada a meio mastro em todos os órgãos públicos.

Em uma nota, o governador Ratinho Júnior (PSD) lamentou a morte, ressaltando que o cabo “foi atingido enquanto defendia a população paranaense, a serviço da polícia”, o que definiu como ato de bravura. Da mesma forma, a Prefeitura de Guarapuava também se manifestou sobre o falecimento do cabo.

“Ricieri cumpriu seu dever de cidadão e policial de forma exemplar. Por sua dedicação e pelos excelentes servidos prestados a Polícia Militar e a comunidade, a administração municipal decreta luto oficial de três dias à sua memória”.

Confirmação da morte

A morte de Chagas foi confirmada no início da tarde de sábado (23). O comunicado foi feito pelo novo comandante do 16º Batalhão de Polícia Militar (BPM), Major Flávio Ferraz, representando a família. Ricieri foi a única vítima do ataque que morreu. O militar deixou a esposa e dois filhos.

Guarnições da Polícia Militar do Paraná e do Corpo de Bombeiros realizaram homenagens simultâneas em todo o estado à memória do cabo Ricieri Chagas.

A polícia lamentou a perda do militar, que estava na corporação havia 26 anos. A família autorizou a doação de órgãos do policial.

O comandante do 16º Batalhão da PM, major Flavio Ferraz, foi um dos professores de Chagas quando o cabo entrou na Polícia Militar e, segundo o major, desde aquele momento se destacava como um bom policial.

“Ele era mais do que um policial, era um amigo. Sempre alegre, brincando. Quando tinha que ser sério, uma pessoa séria. Uma pessoa excepcional”, afirmou o comandante.

Viatura alvejada

Junto a Ricieri, outros dois policiais e um cachorro estavam no veículo alvejado: o cabo Wendler, que não se feriu e foi salvo de um tiro de fuzil que acertou o celular dele; e o cabo José Douglas Bonato, que foi baleado na perna e recebeu alta do hospital. O animal não se feriu.

Todos eles deixavam a sede do 16º batalhão, em Guarapuava, quando foram surpreendidos por parte do grupo criminoso, que fez diversos disparos contra a viatura de acordo com o secretário de Estado Segurança Pública do Paraná, coronel Rômulo Marinho Soares.

Entenda a cronologia da noite de terror em Guarapuava

Cronologia da tentativa de assalto em Guarapuava — Foto:  Wagner Magalhães

Em um áudio, Bonato relatou o momento do ataque. “Eles atiram pra matar e não param”, contou. Bonato ainda faz menção ao cabo Ricieri Chagas.

“Dai eu pensei que eles ‘iam matar nós’ de vez ali cara. Só que eu não vi nada. Dai eu me joguei da viatura. E a viatura bateu, acho. Rastejei no mato e consegui forçar o torniquete. Só que daí eu desci da barca e pisei, dai eu acho que quebrou de vez a perna. Daí o Wendler [terceiro policial] não conseguiu me resgatar, mas fez certo, tocou pro hospital com o Ricieri”.

Criminosos deixaram para trás cerca de R$ 290 mil em armas em tentativa de assalto em Guarapuava, estima um especialista.

Um civil, que não teve o nome revelado, foi atingido dentro de casa. Ele mora próximo da transportadora de valores. Segundo a PM, ele recebeu atendimento médico e foi liberado.

O ataque

A tentativa de assalto a uma transportadora de valores de Guarapuava, na região central, e o ataque ao 16ª Batalhão da Polícia Militar (BPM) do município, ocorreram de maneira simultânea na noite do último domingo (17).

A informação foi confirmada ao g1 pelo secretário de segurança pública do Paraná, coronel Rômulo Marinho Soares.

Um vídeo mostra que o grupo criminoso ficou por uma hora e meia em frente à transportadora. Conforme o horário indicado em imagens, viaturas da polícia aparecem na região à 0h45, quase uma hora após a saída dos suspeitos.

Segundo o secretário, o intervalo de tempo entre a chegada dos assaltantes na cidade até a fuga, foi de cerca de cinco horas.

A polícia investiga a possível ligação do grupo que atuou na cidade em crimes similares em Criciúma (SC) e Araçatuba (SP).

*** Com reportagem do g1 PR e RPC Guarapuava

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