DOUTRINA ESPÍRITA – Depois Daquela Vez.

Depois Daquela Vez.

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Roberto Cury

Tu te lembras Mestre Amado de quando te acercastes de mim que estava choroso num cantinho porque sentia profunda dor pela perda do meu amigo querido e companheiro de tantas jornadas? Sim, estou falando dele, de Lucas Benvindo, que me acompanhou durante várias encarnações e nesta ainda viera antes preparando o terreno para minha volta ao Mundo dos Encarnados. Veio antes, quase dez anos antes, enquanto no Mundo Espiritual me punha a ouvir lições de como corrigir os tantos erros que até então cometera em todas as encarnações anteriores.

Lucas Benvindo é um espírito superior que me tomou sob sua guarda, tal qual anjo guardião, desejando o crescimento e o desenvolvimento do seu pupilo preferido, pois sempre me pareceu que ele sentia um desvelo especial e diferenciado para comigo, como se somente eu estivesse sob a sua responsabilidade na Terra. Parecia-me que tinha mais cuidado comigo do que com seus próprios filhos encarnados naquele lar terreno que dividia com a doce Teresinha, que o acompanhava desde priscas eras em tantas jornadas encetadas no Mundo Maior e na crosta terrestre, também, esse Mundão de Deus.

Eu me lembro muito bem de cada uma das palavras de Lucas, sobre os cuidados que deveria ter com meus julgamentos e com o meu palavrório a respeito dos outros seres que se encontravam encarnados também na busca incessante do crescimento e do progresso espirituais na esfera terrena.

Até então minha língua parecia solta na promoção de julgamentos a respeito de qualquer assunto e de qualquer pessoa, fosse quem fosse, rica, pobre, feliz, infeliz, homem, mulher, poderoso ou sem expressão, todos estavam sujeitos à linha de tiro dos meus “infalíveis” pareceres, ou seria melhor dizer “infelizes” conclusões?

Engraçado que não me sentia perfeito, mas, me punha superior a todos como se fosse o “rei da cocada preta” ou da “cocada branca” mesmo. Tinha sempre algo a lapidar ou a dilapidar do caráter, da estatura, do jeito, sei lá do que, que vinha azucrinar o meu espírito crítico enquanto a língua destilava venenos em cima, ao redor, em tudo que pudesse denegrir ou depor contra o infeliz que me desagradasse tendo, eu, todas ou nenhuma razão.

Em cada uma das preparações no Mundo Espiritual, buscando a correção da língua ferina e fofoqueira, me comprometi e jurei que iria me corrigir, mas, era só começar a balbuciar as primeiras palavras e então o rosto já expressava um sorrisinho maroto e a algaravia que todos achavam engraçada, no princípio, e que logo se transformava em expressões duras e jocosas quando já definidas a voz e as inflexões verbais como se só eu fosse perfeito e todos os demais, fantoches das imperfeições mundanas, marcaram, indelevelmente, para pior, cada encarnação que deveria servir ao trabalho corretivo do meu espírito.

Pois foi então, Mestre Amado, enquanto eu chorava a partida do Lucas de volta à Pátria do Espírito, sentindo-me desamparado e meio perdido sem o Bondoso Orientador que ele sempre fora, que tanta paciência, tolerância e carinho dispensara a mim durante todo o tempo em que ainda vivia no terreno rústico da encarnação que tu me disseste: – Filho, todos têm seus anjos guardiões, sejam encarnados ou seres espirituais e Lucas agora está no Mundo Maior e de lá terá mais condições ainda de te ajudar no desenvolvimento que começaste a conquistar nesta última jornada no terreno inóspito da matéria. Então aproveita as lições por ele deixadas e caminha cuidando, cada vez mais, de policiar teus julgamentos e expressões para que eles sejam sempre em favor daqueles que julgares e que tuas palavras não sirvam jamais para denegrir a imagem ou o modo de ser de cada um. Lembra-te que somos todos filhos do Pai e que cada um de nós detém a centelha viva do Amor Verdadeiro e que ninguém é mais do que ninguém e, ainda, que todos caminham para a Perfeição. Portanto, agradeça a Deus a oportunidade de agora caminhares por tuas próprias pernas, pelos teus próprios sentimentos e jamais te afastes da Trilha da Verdade, onde habitam os grandes espíritos.

E tendo dito isto, senti que o Mestre Amado se afastava delicadamente para que eu pudesse me ver por inteiro diante daquele quadro e então definisse os rumos da jornada, agora pelos meus próprios conceitos, delineamentos e vontade, independentemente de qualquer outra influência que não a do meu espírito, tendo por guia o discernimento do Bem e do Mal, crescendo naquele e me desvencilhando deste.

Então começava a minha verdadeira via sacra visando corrigir tantos descaminhos de conduta, desejando elevar-me espiritualmente ao nível daqueles que tanto ofendera no passado e que sei já me perdoaram a insensatez, mas, que ainda, espírito culpado, me sentia em débito com cada um e também diante da Justiça Eterna.

Deveria destruir todos aqueles laços insensatos talhados no espírito por conta de um orgulho idiota ou seria um devaneio da vaidade, perdido como me encontrava até sem saber em qual erro me colocar para iniciar a correção que se fazia premente e indispensável.

Consciente da responsabilidade de que chegara a hora dos acertos e consertos no modo de agir, tomei por resolução mordiscar a língua a cada vez que me surgisse a ideia de criticar alguém, ou de criar embaraços aos comportamentos alheios, pois afinal, como naquela história infantil do macaco que sentava sobre o próprio rabo para falar da cauda dos outros animais, deveria entender que meus defeitos também eram salientes e que eu não gostaria que jamais alguém ficasse me “zoando”.

Era só uma questão de observar o ditado popular: – quem não quiser ser criticado que respeite os outros com suas virtudes e seus defeitos, pois diante de Deus e da vida todos são iguais”.

A partir do momento em que compreendi as orientações de Jesus, não mais permiti que minha língua extravasasse críticas ou pronunciasse impropérios contra quem quer que fosse, iniciando então a jornada da redenção do meu espírito culpado.

Hoje, no Mundo Espiritual, me regozijo com todos aqueles espíritos evoluídos que um dia destratei e que me perdoaram, concedendo-me a bênção da sua amizade e de sua consideração, ensejando, então, que também eu, encetasse a grande volta ao descortino e ao uso da razão através da ponderação e do respeito que todos merecem.

Eis a grande lição da qual, invariavelmente, nos esquecemos: “Fazei aos outros o que quereis que vos façam, pois assim todos serão felizes para sempre.

                                                                                                                     ARENA ROMANA           

POEMINHA

 ROBERTO CURY

 

 É a solidão,

pranteada,

lastimada…

Vejo a luz das estrelas,

deixo fluir minhas trelas,

pra viver emoção…

Faço com que o coração,

suave e cantador,

fale somente de amor…

A solidão malfadada,

nunca é festejada,

porque é só azaração…

Transformo tudo em poesia

pra viver de alegria,

uma verdadeira canção…

 

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