DEMANDAS REPRESADAS – Mais de um milhão de pessoas esperam por cirurgias eletivas no SUS.

Dado é dos 26 estados e DF e aparece em relatório do Ministério da Saúde sobre novo programa que pretende reduzir espera por cirurgias eletivas, exames e consultas especializadas. Até então, não havia um número exato de pessoas na chamada ‘fila do SUS’.

ATUALIZADA COM LINK DE REDIRECIONAMENTO AS 14:20 hs

Por Marina Pagno**

Há cerca de trinta dias a equipe de reportagem do Jornal O VETOR deu início a uma pesquisa sobre o número de pessoas na “Fila do SUS” no estado de Goiás.

O que nos trouxe à essa pauta foram alguns casos graves, principalmente na área da ortopedia, em que pessoas, moradoras de Campos Belos-GO, estão na fila para, ainda, se consultarem com o médico especialista, e essa fila não anda.

Um desses casos é o de um microempresário, 44 anos, casado, uma filha, enfrentando há vários meses uma lesão grave no joelho esquerdo, que já começa a afetar o joelho direito pelo esforço do sobrepeso, com derrame articular e artrose degenativa femorotibial e patelofemoral, com exames indicando uma série de consequências originadas pela demora no tratamento principal.

Depois de muito esforço, ele conseguiu ser regulado no sistema da Secretaria Estadual da Saúde no dia 27/02/2023, para consulta com especialista em Ortopedia e Traumatologia.

Na época a posição dele na fila era 1.520. Quase quatro meses depois, a posição dele no início deste mês de junho é a 1.328. Ou seja, em aproximadamente cento e vinte dias, apenas 192 consultas foram feitas nessa área. Menos de duas consultas dia.

Mutirão de pacientes da fila de cirurgias do SUS para avaliação pré-operatória no HC da Unicamp em 3 de setembro — Foto: Elaine Ataide

O trabalho na busca de dados sobre essa morosidade no andamento da fila em Goiás continua a ser feito pela equipe de O VETOR, no entanto, a Jornalista Marina Pagno, do site G1, fez um Raios X nacional que aponta Goiás como o estado que tem a maior fila para cirurgias eletivas no SUS (125.894), seguido de São Paulo (111.271), Rio Grande do Sul (108.066) e Pernambuco (103.955).

O conteúdo de Marina Pagno, que replicamos abaixo, nos dá, dentro das limitações de uma empresa de comunicação do interior do estado, o fôlego necessário para nos aprofundarmos na pauta.

De acordo com a reportagem, mais de um milhão de pessoas estão na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para a realização de cirurgias eletivas em todo o Brasil. O número aparece no relatório mais recente do Ministério da Saúde sobre o andamento de um novo programa do governo federal, que pretende repassar recursos para reduzir a espera por cirurgias, exames e consultas na rede pública de saúde.

***Contexto: Lançado em janeiro, o Programa Nacional de Redução das Filas (PNRF) foi uma das bandeiras dos primeiros 100 dias da terceira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 – Na primeira etapa, a prioridade são as cirurgias eletivas, que são procedimentos já marcados e sem urgência.

Os 26 estados e o Distrito Federal elaboraram planos com o detalhamento da quantidade de pessoas na fila e os procedimentos cirúrgicos mais aguardados em cada localidade e encaminharam ao Ministério da Saúde. Esse levantamento durou cerca de três meses e foi concluído na última semana:

– O tamanho da fila de espera por cirurgias eletivas é de 1.082.795 pessoas em todo o Brasil.

– 487.646 cirurgias serão realizadas por meio do programa do governo federal.

– Com isso, a fila das cirurgias eletivas será reduzida em 45%.

Até então, não havia um número exato de pessoas na chamada ‘fila do SUS’. O detalhamento feito pelos estados ajudou o governo federal a ter uma noção sobre a espera pelos procedimentos de saúde na rede pública de uma maneira nacional.

Desde março, o Ministério da Saúde iniciou a transferência de dinheiro para que estados e municípios possam realizar mutirões de atendimentos – são R$ 200 milhões apenas para desafogar a fila de cirurgias eletivas. Após essa etapa, o governo federal planeja seguir com o programa para tentar reduzir as filas de espera por exames e consultas especializadas.

Como funciona?

– O ministério envia um terço do dinheiro previsto após a aprovação do plano estadual e o restante é repassado depois da realização dos procedimentos.

Fila por estado

Goiás é o estado que tem a maior fila para cirurgias eletivas no SUS (125.894), seguido de São Paulo (111.271), Rio Grande do Sul (108.066) e Pernambuco (103.955).

Para alguns estados, a perspectiva é boa: Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Sergipe e Tocantins pretendem zerar a fila de espera por cirurgias eletivas no âmbito do programa do governo federal. Em outros, no entanto, a redução fica abaixo de 50%, como é o caso de Amazonas, Goiás e Santa Catarina.

Veja no gráfico o dinheiro destinado para cada estado e a situação da fila nas unidades da federação:

Fila de cirurgias eletivas no SUS

Levantamento dos estados enviado ao Ministério da Saúde

Clique no mapa para visualizar outros valores

Fila declarada – Cirurgias a realizar PNRF  – Valor a receber no PNRF

No mapa publicado pelo G1, é possivel ver os números de seu estado clicando no mapa. Veja link de redirecionamento no final desta reportagem.

Represamento pós-pandemia

A espera por cirurgias, consultas e exames no SUS sempre existiu, mas ficou ainda maior após a pandemia da Covid-19, quando cirurgias não urgentes foram paralisadas. E, consequentemente, as filas aumentaram.

Para a professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) Marília Louvison, o programa do governo federal pode ser efetivo para resolver o represamento agravado nos últimos anos. Mas, segundo ela, é preciso avançar para uma melhor organização dos processos.

“Filas sempre existirão. É preciso fazer a gestão das filas para garantir tempo oportuno para resolver as necessidades da população, em cada território”, afirmou Marília.

A tendência, porém, é de que a fila não ande tão rápido como o esperado pelos pacientes. Um dos motivos está na contratação de mão-de-obra capaz de atender as demandas represadas, sem esquecer dos atendimentos de saúde que ocorrem fora das filas.

“Uma das dificuldades que faz o programa ter maior lentidão é a necessidade de identificar os prestadores capazes de assumir essa oferta adicional, porque a rotina continuará acontecendo normalmente, considerando especificidade, especialidade e complexidade cirúrgica”, afirmou a professora Marília Louvison.

As cirurgias mais esperadas

A facoemulsificação com implante de lente intraocular dobrável, mais conhecida como cirurgia de catarata, é a que tem a maior fila declarada: mais de 167 mil pessoas aguardam o procedimento.

A cirurgia de catarata é um procedimento simples e moderno, um dos mais feitos na oftalmologia, e é a única forma de tratamento para a doença, que deixa a lente interna do olho opaca, gerando perda de visão. Com a cirurgia, o paciente pode voltar a enxergar.

Ranking dos procedimentos com mais demanda

No ranking dos 10 principais procedimentos cirúrgicos com maior demanda e que serão realizados, em parte, pelo programa do governo federal, também estão:

– colecistectomia (retirada da vesícula biliar);

– hernioplastias (tratamento de hérnia em diferentes partes do corpo);

– histerectomia (remoção do útero);

– laqueadura e vasectomia (procedimentos de esterilização);

– tratamento cirúrgico de varizes.

Abaixo o Link para acesso ao Mapa. Clique sobre o local do seu estado e veja os números completos.

https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/06/10/mais-de-um-milhao-de-pessoas-esperam-por-cirurgias-eletivas-no-sus.ghtml 

FONTE: G 1

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