CRÔNICAS CAMPO-BELENSES – DEFILARDES BARBOSA DA ROCHA

Nemilson Vieira de Moraes*

Outro dia, por meio de um blog, soube do paradeiro de outro amigo dos primórdios de minha existência, com bastante tempo que não o vejo – cerca de quarenta anos; trata-se de Defilardes Barbosa da Rocha.

As imagens da antiga igreja católica da cidade, da primeira rodoviária, das casas, das pessoas, postadas no referido veículo de comunicação, retratam exatamente o período áureo do nosso convívio em Campos Belos de Goiás. – Na primavera de nossa vida. Logo abaixo das referidas ilustrações, aparece um texto de uma letra de música – de autoria do próprio Defilardes, homenageando sua cidade natal. Com certeza os campo-belenses ficaram felizes com a homenagem e com o aparecimento do artista que há muito não se ouvia falar.

Todo poeta que se preza fala de suas origens, sua gente, sua vida, seus amores… Defilardes, não fugiu a esta regra, quando revela verbalmente e em textos melódicos, o carinho e amor que têm com as pessoas e com a terra que o viu nascer e crescer e, do seu encantamento com vida.

Confesso que fiquei radiante de alegria com as boas novas, sobre o amigo Defilardes, vindas de Brasília, – onde se estabelecera como servidor público da Secretaria de Desenvolvimento Social do Governo do DF; desempenhando funções de técnico em assuntos sociais. Mesmo exercendo outras atividades laborais, sua dedicação artística enobrece a cultura goiana e brasileira; deixando feliz da vida aqueles que o admiram e a comunidade em geral, onde viveu durante toda a sua primeira infância e mocidade.

O espinho quando tem de furar, de novo trás a ponta. Diz um dito. Com sete anos de idade Defilardes já revelava aos poucos seus dotes na arte de cantar e tocar violão – em aniversários. E dos onze aos quinze anos apresentava seus repertórios musicais à comunidade local; em parquinhos e no Mobralteca – itinerantes – que aportavam na cidade de vez em quando. Até no Circo Peteleco, o ainda garoto, cantou e tocou bonito seu instrumento de cordas preferido. E encantou a platéia de tal maneira que em coro, pedia “bis” quando ele solava suas canções prediletas no seu pinho. A partir dele vieram outros e mais outros. E a cidade tornou-se um celeiro de celebridades do mundo da música local, goiana e até brasileira.

Defilardes Barbosa da Rocha em foto de arquivo de família.

Edgar Muniz e Antônio Muniz, seu irmão,… Antônio Francisco. Até meu primo o Junior Angelim, autor de “Seu Polícia” – a música sertaneja mais tocada em 2016 – virou um fenômeno nacional, nesta vertente.

O ideário de compor suas próprias canções e registrá-las num disco de vinil ou num CD; musicar seus poemas, interpretá-los e executar seu instrumento, era latente nele. E, como bom brasileiro não desistiria nunca.

Alegrava os mais variados seguimentos da comunidade em que vivia: do religioso aos movimentos populares e festinhas familiares. Pelas ruas, praças e bares da cidade ouviam-se, sua voz ecoando ao som de seus acordes musicais. Em dias claros, ou em noites sem luar, em que as estrelas brilham mais intensamente, ele era visto também rodeado de bons amigos da elite campo-belense; na Toca do Coelho – o bar tradicional do Seu Tico. E, brilhava como um luzeiro no firmamento.

Noutra ocasião baixei um vídeo em que, Defilardes, homenageia a pessoa mais importante da sua vida: sua mãe, Dona Eurídice Barbosa da Rocha (saudosa memória). E, fiquei encantado com a grandiosidade da composição e a maestria da interpretação da mesma, por ele! “Como pode uma letra tão simples, quando musicada, tornar-se tão esplêndida!” Matutei.

O jornalista Dionomar Miranda agregou ao material recebido e postado por ele, seu parecer sobre o ilustre conterrâneo: “Defilardes Barbosa é uma figura encantadora. Ainda menino, via em Campos Belos o músico e poeta dedilhar seu violão, cantando prosas e versos, com tanta paixão, como os mais célebres compositores brasileiros. Uma das mais notáveis de sua composição foi feita em 1984 e é dedicada à sua terra natal: “Campos Belos e lembrança.” Na mesma ocasião, deixei também meu comentário no rodapé da postagem:  “GrandeDefilardes!!!

Faço minhas às palavras de um ilustre intelectual dessa cidade- Adelino Machado: “Campos Belos é mesmo um chão de Poetas…”

Sem medo de errar, posso dizer que este meu amigo, é mesmo um grande talento! É um compositor, instrumentista e interprete de encher os olhos!”

Fora meu colega de aulas, no ensino fundamental, na Escola Batista, – colégio tradicional de referência no ensino privado durante muitos anos na cidade. Era um privilégio para poucos estudar naquela instituição.

Nos banhos de rios, o ‘Poção’ era o nosso mar, nossa praia. Ele – o personagem principal deste texto – o eternizou numa canção.

Através de suas composições e interpretações, expõe suas emoções, seus sentimentos e sua visão de mundo de maneira esplêndida.

Anos mais tarde, vivendo numa outra jurisdição geográfica, Defilardes soubera ter inspirado outras pessoas ao mundo artístico, que estão por aí fazendo sucesso. Fato este que encheu seu coração de júbilo. Por deixar um legado à posteridade: “É importante que o nosso nome fique pelo menos na história de nossa cidade. Quando eu não eu estiver mais aqui nessa Terra alguém irá lembrar: puxa, o Defilardes fez alguma coisa!…”

”Quando permitimos nossa luz brilhar, abrimos possibilidades a outros fazer o mesmo” – disse um sábio. Quando a gente nasce com um dom não devemos deixá-lo guardado ou adormecido dentro de nós. A dica é Divina: “Desperta o dom que há em ti!…” Parabéns Defilardes, pelo seu aniversário e pela sua história de vida! Obrigado também por nos oferecer sua tão sincera amizade e suas ‘preciosidades’, em forma de canções!

Ribeirão das Neves – MG, setembro de 2017.

(*) Nemilson Vieira de Moraes, é graduado em Gestão Ambiental pelo Centro Universitário UNA; é membro efetivo da cadeira 03 da Academia Nevense de Letras, Ciências e Artes (ANELCA); membro vitalício da cadeira 23 Academia de Letras do Brasil Minas Gerais, Região Metropolitana de Belo Horizonte (ALB/MG/RMBH); membro do Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Lisboa (NALAL),com registro no Gabinete Real Português de número 6.907.8; atualmente, é Conselheiro Municipal de Cultura de Ribeirão das Neves – MG, representando a Sociedade Civil Organizada.

 

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