DIA NACIONAL DO SAMBA: uma celebração ao ritmo que define o Brasil.

O país comemora o Dia do Samba com festas e homenagens em diversas cidades. “Pelo telefone”, composição de Donga datada de 1916, é considerado o primeiro samba brasileiro, por substituir o maxixe.

Roberto Naborfazan

Nesta segunda-feira (2), o Brasil celebra o Dia Nacional do Samba com uma programação repleta de eventos em diferentes regiões. No Rio de Janeiro, as celebrações começaram ainda na sexta-feira (29), com desfiles das escolas de samba do Grupo Especial, estendendo-se até domingo (1º).

Hoje, o bairro de Oswaldo Cruz, na zona norte carioca, é palco do tradicional Caminho do Samba, que reúne as escolas Portela e Império Serrano.

Em São Paulo, o Galpão Zona Norte, na Vila Maria, recebe o Pagode do João, com apresentação de João Martins. Já em Brasília, a 18ª edição do Rodoviária do Samba homenageia o sambista Marcelo Sena, figura icônica do samba e do pagode no Distrito Federal, que faleceu no ano passado.

Natal, no Rio Grande do Norte, promove a 16ª celebração do Dia do Samba na Rotatória da Vila Rocas, com shows de Debinha Ramos e a roda de samba Segunda de Vagabundo. A prefeitura destaca que o evento é “uma celebração vibrante da cultura brasileira”.

O Dia do Samba

O Brasil é conhecido internacionalmente pelo samba, um estilo musical e de dança típico do país. O Carnaval é a festividade onde o samba se popularizou virando o ritmo oficial da festa, principalmente com os desfiles das escolas de samba.

O samba é apreciado pelos brasileiros em todo território nacional, porém, tradicionalmente, o ritmo tornou-se “marca registrada” do Rio de Janeiro e da Bahia.

Em 2005, o samba de roda se tornou obra-prima do patrimônio oral e imaterial da humanidade pela Unesco. Esta manifestação brasileira foi o primeiro gênero musical do país a receber este título.

Na arte em caricaturas acima, grande nomes que fizeram e fazem o samba brasileiro ser reconhecido mundialmente. ARTE – Reprodução.

A Lei nº 14.567, de 4 de maio de 2023, reconheceu as escolas de samba – seus desfiles, sua música, suas práticas, suas tradições – como manifestação da cultura nacional. Instituindo ao poder público a competência de garantir a livre atividade das escolas de samba e a realização de seus desfiles carnavalescos. Anteriormente, a Lei nº 13.557, de 21 de dezembro de 2017 já instituía o Dia Nacional do Samba de Roda, a ser comemorado no dia 25 de novembro de cada ano.

Contudo, o dia 2 de dezembro já figurava há muitos anos, do calendário oficial de datas culturais no Brasil como o Dia do Samba. A sua comemoração, no entanto, era restrita a algumas cidades, em especial o Rio de Janeiro e Salvador.

O Projeto de Lei nº 1.713-A, de 2007, de autoria de Indio da Costa, deputado à época, se propôs a decretar oficialmente em todo o território brasileiro o Dia Nacional do Samba. O autor em seu projeto trazia a seguinte argumentação:

“Por tradição, que os historiadores da nossa música popular não sabem precisar com certeza, o Dia Nacional do Samba já é comemorado oficialmente em bom número das Unidades da Federação na data de 2 de dezembro. Dizem que o Dia do Samba remete a uma visita de Ary Barroso à Bahia, num 2 de dezembro; outros, afirmam que a data se prende ao Trem do Samba, ocupado pela Velha Guarda da Portela na Central do Brasil, e cuja primeira edição ocorreu em 1996…”

“Se o samba nasceu ou não no Brasil, é uma questão acadêmica, hoje reduzida apenas à sua importância musicológica. O fato, incontestável, é que o samba é do Brasil, e o seu Dia Nacional vem sendo comemorado na data de 2 de dezembro…”

Mais à frente, em 2013, o deputado Marcus Pestana iniciou também um projeto de lei que em seu texto alertava que “inexiste assim qualquer lei de âmbito federal que institua o Dia Nacional do Samba, diferentemente do gênero musical “choro”, objeto da Lei n° 10.000, de 4 de setembro de 2000, resultante do PLS n° 39/99, de autoria do Senador Artur da Távola, que instituiu o dia 23 de abril como o Dia Nacional do Choro. Dessa forma, é oportuno o surgimento de um ato legal que venha a oficializar, em nível nacional, uma data que o mundo do samba já comemora, em todo o país, desde 1963.”

O samba pioneiro

Um estilo musical cheio de gingado e melodia que encanta pelas danças e também pela execução que exige harmonia e talento de todos os músicos envolvidos na roda de samba. “Pelo telefone”, composição de Donga datada de 1916, é considerado o primeiro samba brasileiro, por substituir o maxixe. Nessa época, já se podiam gravar as músicas em discos.

Na mesma ocasião, surgiram muitos compositores de grande talento, como Pixinguinha, João da Baiana, Sinhô e Heitor dos Prazeres. O samba foi tomando uma expressão urbana e moderna. Começou a ser tocado nas rádios, se espalhou pelos morros cariocas e nos bairros da zona sul, conquistando um público de classe média também.

Mais tarde, em meados do século 20, Dorival Caymmi e João Gilberto deram uma nuance sofisticada para o samba, misturando-o com outras influências musicais.

Variantes do Samba

Samba-enredo – com origem no Rio de Janeiro na década de 30, é um samba que determina o ritmo dos desfiles das escolas de samba e aborda temas sociais e culturais.

Samba-de-partido-alto – é um samba de origem pobre, que tenta demonstrar a realidade de regiões carentes. Seus principais compositores são Moreira da Silva, Zeca Pagodinho e Martinho da Vila.

Samba-Pagode – um dos ritmos dentro do samba que mais fazem sucesso, surgiu no Rio de Janeiro nos anos 70, com letras românticas e ritmo repetitivo, tem como principais representantes grupos como: Fundo de Quintal, Raça Negra, Só Pra Contrariar, entre outros.

Samba-canção – com origem na década de 20 tem característica ritmo lento e letras românticas.

Samba-carnavalesco – são as famosas marchinhas que embalavam os carnavais antigos e bailes típicos.

Samba-exaltação – esse tipo de samba trazia um saudosismo com letras que mostravam as maravilhas brasileiras, junto com acompanhamento de orquestra.

Samba-de-breque – tipo de samba que tem interrupções para comentários no meio da música, com temáticas críticas ou humorísticas.

Samba de gafieira – com origem nos anos 40, tem ritmo rápido e forte com acompanhamento, muito comum em danças de salão.

Sambalanço ou Samba Rock – Com influência do jazz o surgiu entre as décadas de 50 e 60 e embalou boates em São Paulo e Rio de Janeiro. Tem como principais representantes Jorge Ben Jor, Wilson Simonal e mais recentemente Seu Jorge.

Samba praiano – A Academia de Samba Praiana foi criada em 10 de março de 1960, por um grupo de rapazes, oriundos das cidades de Pelotas, Rio Grande e também Porto Alegre.

Samba-de-morro – é um sub-gênero musical do samba, criado e difundido na década de 1930, na cidade do Rio de Janeiro, por compositores que frequentavam as rodas de samba da Turma do Estácio. De ritmo vivo, o samba de morro é um estilo autenticamente popular, que costuma ser acompanhado por um pandeiro, um tamborim, uma cuíca e um surdo. Suas letras em geral tratam de temas diversos como malandragem, mulheres e o cotidiano nos morros e favelas cariocas.

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