CRÔNICA – Sorveteria Polo Sul, uma referência em Campos Belos nos anos 1980.

Em seus exatos nove anos de existência, comandada por Rosemberg Albernaz da Cunha, o Tité, a Sorveteria Polo Sul foi palco de histórias e vivências de praticamente todas as pessoas que moravam ou passavam por Campos Belos, do meado dos anos 80 ao início dos anos 90.

Roberto Naborfazan

Não raro, ao sentar na esquina em que passam as lembranças da vida, me vejo em minha terra-mãe adotiva, Campos Belos – GO, em tempos que me trouxeram obstáculos, derrotas, vitórias, tristezas, alegrias e muito aprendizado.

Outro dia me vi de volta aos anos oitenta, década em que atravessei os vinte e cheguei aos trinta anos de minha existência nesta vida.

Foi quando passei a morar definitivamente em Campos Belos, me casei e tivemos nossos filhos amados. A cidade era pequena, mas a criatividade para diversão de nossa geração era muito grande.

Existiam os bares, restaurantes, butecos, festas de barraquinhas, fundo de quintal, beira de rio e várias outras opções “inventadas” para a galera se reunir e bebemorar o que quer que fosse.

No decorrer da década, alguns desses locais se destacaram mais pela frequência e pelo tempo em que existiram.

Para nós, na época, caixeiros viajantes, não há como esquecer a venda do seu Adelino Gomes e dona Maria, pois ela ficava ao lado de nossa república, na charmosa Rua Sete de Setembro. Mas os destaques eram o Bar do Tico, com sua Toca do Coelho; a Kampuba, que teve vários administradores, mas me marcou o período com Zé Rodrigues e Terezinha, e depois com Julhão e Gilberto Kent; o restaurante do Farina e dona Dina, em seu primeiro ponto na baixada da Rua do Comércio, lá no início da década, que além da boa comida, nos atendia até a madrugada; o Bar de Salviano, lá em cima, próximo da Casa de Saúde; O Bar do Elias, ao lado da venda de Natanael Vieira de Morais (Natâ), o Bar do Dino, na Avenida Campos Belos, o Restaurante de dona Anália e Dió, na Vila Bahiana; o restaurante e pensão do Vêra e Maroca; o breve, mais muito agitado Esquina bar, de Jacobson Victor, na Rua Sete de Setembro; o Bar de mestre Zé, mais tarde assumido por meus compadres Eduardo (índio) e Zetinha; a Sorveteria Beijo Frio, de João Leite e família; a churrascaria Mangueira, iniciada pelo saudoso Armando dentista (Essa é a saídeira rsrsr); a Discotan Primavera, administrada por Francino (Chico) e Tinzeta; e quando tudo fechava, a galera, sem nenhum pudor, partia para a galinhada na casa de Maria Bocão, o prostíbulo mais familiar que eu já vi em minha vida.

No entanto, os anos oitenta tiveram como uma de suas referências mais fortes em termos de ponto de encontro para toda a comunidade, a Sorveteria Polo Sul, de meu amado amigo/irmão Rosemberg Albernaz da Cunha, o Tité.

As fotos do arquivo de Tité mostram o último dia de funcionamento da Sorveteria Polo Sul. Deixo que cada um se reconheça, ou se lembre e identifique as pessoas nelas presentes.

A sorveteria Polo Sul, além dos deliciosos picolés e sorvetes, servidos com qualidade de cidade grande, era também uma maravilhosa Pizzaria, ainda servia delicioso e variados petiscos, era também uma movimentada hamburgueria, com sanduiches bem feitos e com fartos ingredientes.

A Sorveteria Polo Sul era local para reunir a família, fechar negócios, se alimentar bem, tomar todas, e ainda fazer nossas memoráveis batucadas.

Na foto retirada da internet (acredito que o autor seja o excelente profissional da fotografia, Osmar Santos.), a tarja azul mostra a fachada da Sorveteria Polo Sul. Na calçada, a esquerda, reconheço o caminhar do saudoso Edmar Martins.

Tité gerou movimento financeiro na cidade com a sorveteria Polo Sul, e ainda deu emprego e renda para muitos jovens e adolescentes, que o auxiliaram e com ele cresceram.

Quem viveu, ou passou por Campos Belos nos anos oitenta, com toda certeza tem uma lembrança ou uma história para contar sobre a Sorveteria Polo Sul.

Em prosa recente com Tité, que hoje, casado há 19 anos com a Sonia José, pai da Maria Eduarda (16 anos) e do Carlos Eduardo, o Cadu (12 anos), se dedica a cuidar de sua propriedade rural, sorrimos bastante ao lembrarmos de alguns, dos vários episódios que vivemos na Sorveteria Polo Sul nos nove anos em que ela foi palco de nossas vivências.

Tité, esposa e filhos, em foto do arquivo de família.

Do dia 1º de maio de 1984, quando Tité assumiu a Sorveteria Polo Sul, até o dia 1º de maio de 1993, quando ele encerrou as atividades, lá estive como cliente, fornecedor, amigo e observador da bela trajetória comercial desse mineiro de Patos de Minas, que, injustamente, ainda não recebeu, pelo que eu saiba, o título de Cidadão Campo-Belense.

Ainda há tempo para essa nova geração de vereadores repararem essa lacuna. Tité e a Sorveteria Polo Sul são parte importante da história de nosso querido Campos Belos.

Publico aqui algumas das fotos do dia do fechamento, e uma, recolhida da internet,com a fachada assinalada a uma curta distância. Nelas estão figuras queridas, algumas já estão no plano espiritual, outras morando em outras cidades, e algumas ainda moram em Campos Belos e são testemunhas vivas do quanto significou a Sorveteria Polo Sul para a geração que viveu os agitos dos anos 80/90.

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