CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO NA REGIÃO CENTRO OESTE – Goiás lidera estimativas de câncer de tireoide e cavidade oral e Mato Grosso do Sul, de laringe.

Apesar dos principais fatores de risco do câncer de cabeça e pescoço – tabagismo, bebidas alcoólicas e infecção pelo Papilomavirus Humano (HPV) – serem conhecidos e potencialmente evitáveis, a doença segue comum, com o agravante dos casos serem descobertos em fase avançada, exigindo tratamentos mais complexos e o envolvimento de diferentes especialidades médicas.

Roberto Naborfazan**

Estamos no Julho Verde, mês de conscientização sobre o câncer de cabeça e pescoço, doença oncológica que reúne diferentes tumores malignos que podem acometer a cavidade oral (boca, lábios, língua, gengiva, assoalho da boca e palato); seios da face (maxilares, frontais, etmoidais e esfenoidais); faringe, nasofaringe (atrás da cavidade nasal), orofaringe (onde estão a amígdala e a base da língua), hipofaringe (porção final da faringe, junto ao início do esôfago), laringe (supraglote, glote e subglote), glândulas salivares e glândula tireoide.  As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para cada ano do próximo triênio (2023-2025) apontam para 41 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço. No Brasil, os tipos mais comuns são os de cavidade oral, nos homens, e de laringe e de tireoide, nas mulheres.

Na região Centro Oeste do país, o estado de Goiás lidera as estimativas do INCA em relação ao câncer da tiroide, com 10,83 casos para cada 100 mil habitantes. Se considerarmos apenas as mulheres, o índice vai para 11,86 casos para cada 100 mil habitantes. O estado também ocupa a primeira posição da região em relação ao câncer da cavidade oral, com 4,95 casos para cada 100 mil habitantes. Considerando apenas os homens, o índice é de 7,46 casos para cada 100 mil habitantes.

O Mato Grosso do Sul, por sua vez, ocupa a primeira posição no câncer de laringe, com 3,76 casos para cada 100 mil habitantes. A seguir, as estimativas do INCA para todos os estados da região Centro-Oeste:

CÂNCER DE TIREOIDE – INCA – 2023

Estado Homem * Mulher* Geral*
Distrito Federal 3,04 5,48 3,46
Goiás 2,47 11,86 10,83
Mato Grosso 1,46 8,71 4,59
Mato Grosso do Sul 1,67 8,92 4,91

*casos para cada 100 mil habitantes/taxas ajustadas

 

CÂNCER DA CAVIDADE ORAL – INCA – 2023

Estado Homem * Mulher* Geral*
 

Distrito Federal

 

8,29

 

2,79

 

3,15

Goiás 7,46 2,54 4,95
Mato Grosso 7,64 2,61 3,55
Mato Grosso do Sul 7,19 2,77 4,73

*casos para cada 100 mil habitantes/taxas ajustadas

 

CÂNCER DE LARINGE– INCA – 2023

Estado Homem * Mulher* Geral*
Distrito Federal 4,97  

0,51

 

2,44
Goiás 5,23 1,09 3,08
Mato Grosso 5,07 0,96 2,88
Mato Grosso do Sul 6,73 1,09 3,76

*casos para cada 100 mil habitantes/taxas ajustadas

Apesar dos principais fatores de risco do câncer de cabeça e pescoço – tabagismo, bebidas alcoólicas e infecção pelo Papilomavirus Humano (HPV) – serem conhecidos e potencialmente evitáveis, a doença segue comum, com o agravante dos casos serem descobertos em fase avançada, exigindo tratamentos mais complexos e o envolvimento de diferentes especialidades médicas.

Ao evitar os fatores de risco, especialistas alertam que cerca de 40% dos casos poderiam ser evitados. Não fumar, não consumir em excesso bebidas alcoólicas e estar vacinado contra HPV. Por sinal, desde janeiro de 2017, o Ministério da Saúde oferece a proteção de meninos contra o vírus HPV. Essa medida se soma à imunização que já ocorria desde 2014 nas meninas. As vacinas contra HPV protegem contra os dois subtipos do vírus mais associados com câncer. Os HPVs oncogênicos – 16 e 18 – são também prevalentes em tumores de cabeça e pescoço, principalmente de orofaringe.

Campanha do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP)

Alinhado a essa realidade, o Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço  (GBCP) realiza neste ano, em alusão ao Julho Verde, a campanha “Pessoas que Mudam Histórias”, chamando a atenção para o papel dos profissionais de diferentes áreas envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente – além de oncologistas clínicos, cirurgiões de cabeça e pescoço e radio-oncologistas – de especialistas das áreas de Fonoaudiologia, Fisioterapia, Nutrição, Endocrinologia, Estomatologia, Enfermagem, Otorrinolaringologia, Odontologia e Psicologia. Simultaneamente, a campanha também alerta para a importância do diagnóstico precoce.

Ao longo de todo o mês de julho, a campanha do GBCP estará presente na comunicação com a imprensa, nas redes sociais, com lives e podcasts. Serão três lives em julho: a primeira no dia 6, com o tema “Novidades no tratamento de câncer de cabeça e Pescoço”; dia 13 será realizada a segunda com o tema “Nova geração de profissionais da área de câncer de cabeça e pescoço – como se preparar”, às 19h, e dia 20, no mesmo horário, “Desafios no pós-tratamento do paciente com câncer de cabeça e pescoço. A campanha também conta com kit de divulgação, incluindo as peças em diferentes formatos, disponível para download gratuito no site do GBCP.

A importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço aumenta as chances de sucesso do tratamento e contribui para diminuir sequelas, proporcionando mais qualidade de vida para o paciente. Dados sobre câncer de cavidade oral e laringe do levantamento SEER, do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI), apontam que 86,6% dos pacientes estão vivos cinco anos após o tratamento quando o tumor era inicial, localizado apenas no órgão. Quando a doença se espalha pelos linfonodos a taxa de sobrevida em cinco anos cai para 69,1%. Com doença à distância (metástase) a taxa é de 39,3%. Portanto, é importante estar atento a alguns sinais e sintomas, como:

– Ferida na boca que não cicatriza (sintoma mais comum)

– Dor na boca que não passa (também muito comum, mas em fases mais tardias)

– Nódulo persistente ou espessamento na bochecha

– Área avermelhada ou esbranquiçada nas gengivas, língua, amígdala ou revestimento da boca

– Irritação na garganta ou sensação de que alguma coisa está presa ou entalada na garganta

– Dificuldade para mastigar ou engolir

– Dificuldade para mover a mandíbula ou a língua

– Dormência da língua ou outra área da boca

– Inchaço da mandíbula que faz com que a dentadura ou prótese perca o encaixe ou incomode

– Dentes que ficam frouxos ou moles na gengiva ou dor em torno dos dentes ou mandíbula

– Mudanças na voz

– Nódulos ou gânglios aumentados no pescoço

– Perda de peso

– Mau hálito persistente

São sinais e sintomas que não necessariamente podem estar relacionados a um câncer, mas é importante consultar o médico ou o dentista, principalmente, se esses incômodos persistirem por mais de duas semanas. A confirmação do diagnóstico depende de biopsia.

SOBRE O GBCP

O Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço é uma organização sem fins lucrativos estabelecida por meio da colaboração voluntária de seus membros, profissionais da área da saúde envolvidos na jornada de cuidado do paciente com tumores de cabeça e pescoço. O GBCP é um grupo multiprofissional com a missão de influenciar todo o ciclo de cuidado do câncer de cabeça e pescoço no Brasil, atuando em quatro frentes de trabalho: comunidade geral, cuidados com pacientes e cuidadores, profissionais de saúde e pesquisa científica. Informações em https://www.gbcp.org.br/.

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