Usuários cobram ações para a GO-118

Carro na ribanceira e a viatura sobre o guincho. Sargento Vitor (foto) foi atropelado ao atender ocorrência

Roberto Naborfazan

O que parecia ruim ficou pior para os usuários que trafegam pela GO –118; Rodovia que cruza o nordeste goiano, na região da Chapada dos Veadeiros, ligando o Distrito Federal ao estado do Tocantins. Com o asfaltamento total do trecho que liga Arraias á Palmas, capital tocantinense, a GO -118 tornou-se o caminho predileto para os transportadores de carga pesada entre o norte e o sudeste do País.Os investimentos em infraestrutura na rodovia, no entanto, não acompanharam a significativa demanda. Nos quatrocentos quilômetros do percurso a divisa DF/GO até o município de Campos Belos, que faz a divisa com o município tocantinense de Arraias, o que se vê é um descaso que beira ao abandono. Além de dar aos usuários que fazem o percurso Brasília–Belém uma economia de mais de quatrocentos quilômetros (antes, a única opção era passar por Anápolis) a GO-118 é o único acesso as belezas naturais da reserva ecológica na Chapada dos Veadeiros. Por isso e muito mais, a rodovia merece ser prioridade nas ações de governo.“Não consigo entender como uma rodovia tão importante possa estar abandonada assim. Em alguns trechos mesmo dirigindo a 20 km por hora ainda danificamos peças no caminhão; Pneus eu já perdi a conta de quantos perdi por aqui” relata o caminhoneiro gaúcho, Frederico Schultz, de 56 anos, parado para mais uma troca de pneu, ás margens da GO-118, próximo de Teresina de Goiás.Nesse trecho, entre Alto Paraíso e Teresina de Goiás, a quantidade de curvas, sem a devida sinalização, já é um grande perigo, mas junta-se a isso a falta de manutenção, expondo buracos profundos em toda a extensão da via.No percurso Teresina de Goiás/Monte Alegre (118 kms) a alternância entre trechos bons e ruins é motivador de vários acidentes; Muitos com vitimas fatais. Quando o motorista presume que poderá desenvolver uma velocidade compatível, se depara com buracos e mais buracos dominando a pista. Nesse trecho, a região da ponte sobre o Rio Paranã é a mais devastada.Pequenos produtores, presidentes de sindicatos rurais, prefeitos e lideranças classistas dos municípios que margeiam a GO-118 relatam, em tom de revolta, os prejuízos emocionais que sofrem com a perda de pessoas queridas, nos graves acidentes, e também os materiais, devido a dificuldade de escoar suas produções para o mercado consumidor. Estranho é que poucos se dispõem a falar sobre o assunto com a imprensa.Em Alto Paraíso, a população que ainda se recupera da morte de seu prefeito, assassinado há pouco mais de um ano, acordou em prantos no amanhecer do dia 13 pela morte de Sebastião Ferreira Amorim, o Tião da prefeitura, mais uma vitima fatal na GO-118. Tião morreu ao capotar seu carro á dez quilômetros de São João D’Aliança. Quantos mais até a rodovia ser totalmente recuperada e sinalizada? Perguntam os usuários.
RodovidaIntegrante do grupo 01 do Programa Rodovida Reconstrução, do governo de Goiás, que no projeto consiste na retirada do pavimento antigo, regularização da base e construção de uma nova capa asfáltica, seguida da implantação de sinalização horizontal (faixas) e vertical (placas), o trecho Divisa DF/GO (São Gabriel) a São João D’Aliança (66 Kms) teve o inicio das obras de recuperação no começo de setembro. Até o último dia 25, menos de 10 quilômetros estavam em obras; e são tantas as irregularidades cometidas pela empresa terceirizada pela AGETOP, que, segundo informações prestadas pela Policia Rodoviária Estadual, através do sargento Nunes, do Posto Policial de São João D’Aliança, em 15 dias, foram 10 acidentes com 02 vitimas fatais e 03 com graves ferimentos.As principais causas, segundo a PM e usuários são: Brita solta sobre a pavimentação, sem sinalização ou qualquer tipo de orientação aos motoristas; Desvios estreitos (mão única) sem sinalização noturna ou orientações através de placas, presença inconstantes na empresa no trecho – semana sim, semana não, funcionários e maquinário desaparecem do local, desnorteando o usuário sobre qual o verdadeiro trecho em obras.
Vitimas Uma das vitimas fatais citadas pela Policia Rodoviária Estadual foi o sargento Itamar Vitor dos Santos – Sargento Vitor – 43 anos. Querido por toda a comunidade de São João D’Aliança, Sargento Vitor foi homenageado com um minuto de silencio durante os festejos de aniversário do município.Chamado para socorrer vitimas de um capotamento em um dos trechos mais perigosos na área em obras, cerca de 800 metros em curva, totalmente coberto de britas, sem sinalização e sem presença de funcionários ou máquinas, sargento Vitor foi atropelado e prensado na viatura policial por um veiculo desgovernado. Morreu no local.O motorista alegou que ao ver a viatura na curva se assustou e pisou no freio, perdeu o controle do veículo devido a brita solta e acabou se chocando contra o sargento. O acidente ocorreu na manhã do dia 11.No mesmo local, com o trecho nas mesmas condições, na manhã do dia 16, Alice Ribeiro Sudbrack, funcionária do atrativo turístico Portal da Chapada, de Alto Paraíso, perdeu o controle de seu veículo na curva perigosa com brita solta e sem sinalização, capotou e também faleceu no local.
AGETOPO radialista Nilton Kalunga e sua equipe do programa Cidade no Ar, da Rádio Paraíso FM, de Alto Paraíso, falou, depois de muita insistência, com o Diretor de Manutenção e Operação da AGETOP, Francisco Humberto Moreira, por telefone.Francisco assegurou, entre outras coisas, que a construtora já havia sido chamada a se posicionar sobre a real situação das obras no percurso e que a sinalização seria realizada imediatamente. Repetiu aos ouvintes da Rádio Paraíso FM as metas do Programa  Rodovida Reconstrução, que incluem a recuperação da GO – 118 em toda a sua extensão até o final de 2013 e a implantação de dois radares móveis ao longo da rodovia.A Reportagem de O VETOR, no entanto, percorreu e permaneceu no trecho em obras até o dia 27 e nada havia mudado. Britas soltas, falta de sinalização, desvios estreitos e sem sinalização noturna são algumas das irregularidades que permanecem.
Desagravo  Buscamos a diretoria da AGETOP para questionar por que a empresa não mantém uma fiscalização constante e especifica nos trechos em obras, sobre o comando de empresas terceirizadas? Qual a responsabilidade da empresa sobre os graves acidentes? Entre outros assuntos de interesse das comunidades que residem ás margens da GO-118 e de todos os seus usuários, mas, infelizmente, fomos tratados pela assessora de comunicação da empresa com o ranço da prepotência e da arrogância. Queremos lembrar a essa senhora e aos assessores de outras áreas do governo que os chamados “grandes veículos”, que se alimentam da mídia institucional do governo e são tratados com “candura” quando os procura, chegam apenas para alguns poucos assinantes na região nordeste de Goiás. Enquanto isso, nos mantemos por aqui com os “tostões” arrecadados nos apoios culturais, mas levamos as notícias do que acontece em Goiás, no Brasil e no mundo  aos cidadãos comuns que não tem recursos para assinaturas de jornais e servimos, muitas vezes, como fonte de pesquisas aos alunos das escolas nos rincões das comunidades Kalungas ou distritos mais afastados. Não será a grosseria gratuita que irá nos calar. Continuaremos buscando as respostas e as informando ao cidadão nordestino goiano, apesar de vocês.

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