Em Alto Paraíso, Prem Baba recebeu o governador de Goiás, Marconi Perillo, a atriz Maria Paula, o prefeito Álan Barbosa e autoridades dos governos estadual e municipal.

Um guru para inspirar os políticos brasileiros às ações corretas

Em entrevista ao portal ac24horas, o paulistano Janderson Fernandes conta sua trajetória de vida até se tornar um Guru (mestre espiritual), depois de se encontrar, na Índia, com seu mestre Maharaji ShriSaccha. Prem Baba fala também de política e do despertar da consciência para a realidade

Nelson Liano Jr. (de Rishikeh, Índia)**

Nascido há 50 anos, em São Paulo (SP), batizado na igreja católica como Janderson Fernandes, ninguém poderia imaginar, que um menino de classe média baixa faria sucesso como mestre espiritual. Ainda mais ser reconhecido como guru na índia, país de cultura milenar relacionada à espiritualidade e ao conhecimento do Ser. Andando pelas ruas de Rishikesh, no Norte da Índia, região dos Himalaias, é comum ver em lojas e outros estabelecimentos fotos de Prem Baba. Numa primeira visão se parece com qualquer um dos milhares de gurus indianos que servem de guias e professores ao hindus indianos. Mas a diferença é o fato de ser um brasileiro fazendo parte dessa galeria ancestral de mestres espirituais.

Rishikesh é um dos principais centros de peregrinação do hinduísmo. Uma cidade encravada nas montanhas do Himalaia, repleta de templos e ashrans (escolas espirituais), ao longo do esverdeado Rio Ganges, considerado sagrado pelos indianos. Foi nesse lugar que Prem Baba, ainda como Janderson, um buscador espiritual paulista, encontrou seu mestre MaharajiShriSaccha. Tinha 33 anos e havia experimentado vários caminhos espirituais no Brasil.

Inclusive, participou de uma das tradições religiosas mais importantes do Acre e da Amazônia, o Santo Daime, fundado pelo Mestre Raimundo Irineu Serra, no Alto Santo, em Rio Branco. Prem Baba reconhece a influência essencial do Daime para a sua inspiração, conhecimento e transformação que o levou a ser um mestre espiritual para milhares de pessoas de distintas religiões e de diversos países do mundo.

Na verdade, ainda criança, com 13 anos, Janderson tinha sonhado com um homem de olhar penetrante e barbas longas que o conhecia mais do que qualquer outra pessoa no mundo. Durante a sua primeira visita à Índia, ainda como buscador, foi visitar um ashram. Esse homem abriu a porta e o reconheceu como seu discípulo imediatamente.

Estabeleceu-se a relação de mestre e discípulo ou de professor e aluno. No passar dos anos a relação entre os dois se aprofundou e antes de falecer, em 2011, fez a transmissão em vida da sucessão da tradição Shri Saccha Vedic Samsthan, ao seu discípulo brasileiro, Prem Baba.

A política como instrumento de transformação
Entrevistei Prem Baba em um dos seus Ashrans, Dyam Mandir, em Rishikesh, por quase três horas. Ele me recebeu com muita humildade. Em nenhum momento senti distanciamento pelo fato dele ser reconhecido como mestre espiritual. Foi um bate-papo descontraído sobre diversos assuntos, sem restrições. O que me impressionou foi o fato de Prem Baba estar antenado com os assuntos cotidianos que afligem as pessoas do mundo inteiro.

O guru brasileiro falou também de política. Não como uma coisa abjeta ou corrupta, mas como um importante instrumento de transformação social através daquilo que os indianos chamam de dharma, ou ação correta. A política dhármica pressupõe o serviço desinteressado, ou seva, para ajudar a humanidade na sua evolução material e espiritual. Claro que estamos ainda longe dessa realidade no Brasil. O ego, as vaidades pessoais e a busca insana pelo poder contaminaram a política brasileira. Mas quem sabe esse momento caótico que o país atravessa justamente pela ação predadora de parte dos nossos políticos seja propício às transformações.

Prem Baba tem se encontrado constantemente com importantes representantes da nossa política no intuito de implementar ações da sua Fundação Awaken Love que atua em diversas áreas sociais relacionadas à educação, ao meio-ambiente e à saúde pública.

Nessa peregrinação entre os políticos Prem Baba manteve conversações com os acreanos, governador Tião Viana (PT) e a ex-senadora, ministra e presidenciável Marina Silva (Rede). No cenário nacional esteve com os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), senador Aécio Neves, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), entre muitos outros. Sempre no intuito de sugerir ações sociais que beneficiem a população. Sem nenhum ranço partidário ou ideológico.

Na pequena cidade do interior de São Paulo, Nazaré Paulista, onde fundou a sua primeira escola de ensino espiritual, conseguiu implantar, com a aquiescência do prefeito local, um evoluído método de ensino nas escolas municipais, que inclui a meditação diária dos alunos. E antes que alguém queira relacionar meditação com religiosidade, posso afirmar que não tem nenhuma ligação. A meditação é simplesmente um instrumento para limpar a mente para receber com fluidez os ensinos tradicionais aplicados. Qualquer pessoa, seja da religião que for, pode e deve meditar para se harmonizar e se fortalecer diante da inconstância do mundo.

Embaixador do intercâmbio político-cultural Índia-Brasil
Essa postura de Prem Baba de atuar no mundo prático, além da religiosidade e do misticismo, deve leva-lo a ter em breve um encontro com o primeiro ministro da Índia, NarendraModi, um dos mais populares da história do país. Vale lembrar que a Índia é o país do chamado grupo dos Brics, ou em desenvolvimento, que mais cresce economicamente. NarendraModi, que criou o inédito Ministério da Yoga, quer uma aproximação maior com o Brasil através da senda cultural milenar indiana, a yoga. Ao contrário do que muitos imaginam, a yoga, não é apenas uma prática de posturas corporais complexas ou de meditação. Mas um realizar de atividades artísticas, sociais e culturais, etc., com a consciência desperta para a realidade superior que permeia todos os seres. Prem Baba poderá incorporar mais essa missão.

A entrevista, na íntegra.

Reportagem – Prem Baba com tantas tradições religiosas e místicas no Brasil por que você veio se tornar um guru, um mestre espiritual, aqui na Índia?
Prem Baba – Esse caminho me escolheu. Creio que aquilo que está destinado a acontecer não temos como evitar. Eu havia transitado por diferentes religiões e escolas iniciáticas, conhecido mestres que me ensinaram muitas coisas. Mas com 31 anos de idade entrei numa profunda crise existencial onde todo aquele conhecimento que eu havia adquirido não estava me servindo. Foi no auge dessa crise que eu fiz uma oração sincera ao universo. Se existisse uma verdade nesse mundo que está além das criações da minha própria mente, por favor, que se manifestasse porque eu havia chegado ao fim da linha. Entrei em meditação e tive uma visão de um velho de longas barbas brancas que estava nos Himalaias meditando. Ele me falou: “Você vai fazer 33 anos e venha para Índia, em Rishikesh”. Nesse momento eu me lembrei de quando era menino, com 13 ou 14 anos de idade e tinha feito a minha primeira prática de yoga, ouvindo um canto devocional hindu. Entrei num transe e era como se conhecesse aquele idioma. Ouvi uma mensagem muito parecida a respeito do que tinha que fazer aos 33 anos, ir para Índia. Mas eu ainda era um menino e foi uma surpresa pra mim porque não tinha cultura global, era de uma classe média baixa. O que eu sabia da Índia era que Pedro Alves Cabral se desviou dela para encontrar o Brasil (risos). Me esqueci disso e tratei de viver a vida. Trabalhar e estudar, até que cheguei nessa crise e no auge dela, em meditação, vi novamente o velho de barbas brancas falando a mesma coisa. Então pensei: “tem algo para mim na Índia”. Até então eu tinha uma admiração pela cultura indiana, fazia yoga e meditação e sabia que tudo isso vinha da Índia. Mas esse não era o meu principal caminho. Estava conectado com outras tradições que são mais comuns no Ocidente. E o que tinha conhecido do Yoga era superficial. Na época então acabei indo parar na Índia. É uma história longa, mas vou resumir.

R – Fica a vontade para contar.
Prem Baba – Começaram acontecer uma série de eventos em sincronia. Quando cheguei emRishikesh, no AshramSacchaDham, em que estava à porta o mestre que cuidava do lugar, eu vi o mesmo velho da minha visão. Cai de joelhos aos pés dele e ali encontrei as respostas que eu procurava. Me vi diante de um ser que emanava silêncio e amor. Naquele momento minha mente se aquietou e meu coração se abriu. Eu tinha tantas perguntas e tudo desapareceu. Mas consegui falar um pouco do que estava se passando comigo. Ele me falou que o que faltava era eu me entregar para um guru vivo. Para ficar com ele por 15 dias e ver se era o que eu estava precisando. Naquele momento não pude ficar com ele, mas no ano seguinte eu voltei e me iniciei e fui me aprofundando e me reconhecendo nesse caminho. Até que dado um momento, três anos depois, em 99, compreendi aquele encontro. Então me encaixei naquele mundo, reconheci o meu trabalho e o meu mestre Maharaji confirmou. O trabalho de guiar as pessoas em direção a Deus. De lá pra cá comecei a ficar mais tempo na índia e o restante do tempo divido entre o Brasil e outros lugares do mundo.

R – Qual é a prática principal que o seu mestre Maharaji te ensinou?
Prem Baba – O japa, repetição de um nome sagrado num mantra e a meditação. Isso com objetivo de purificação e de concentração. Porque nesse caminho o despertar se dá através do shaktipat, a transmissão direta da benção e da graça do mestre. O nosso trabalho é conseguir a conexão. Quando isso ocorre a graça é transmitida e não precisa fazer nenhum esforço. É só entrar em comunhão. Tudo fica claro. No início para poder purificar a mente e o coração e desenvolver a concentração fazemos a prática de japa e de meditação. O mantra é dado a cada discípulo no momento da iniciação espiritual. Além de seva, que é fazer serviço desinteressado. E assim vai purificando as mazelas criadas por conta dos equívocos e do autoengano. É seguir no caminho para que a graça possa fluir e quando menos se espera pode-se entrar no êxtase da comunhão com o divino. A clareza e a instrução vão chegando.

R – Você se tornou um bramhachari, ou seja, abandonou posses materiais, sexualidade, poder mundano?
Prem Baba – Sim, isso foi acontecendo naturalmente. Quando cheguei aqui na Índia eu tinha acabado de casar e vim passar a lua de mel. No momento que eu conheci o Maharaji vi claramente que meu casamento havia acabado (risos). Tenho uma filha com a minha ex-esposa que atualmente é uma amiga, que me dá muita força. Ela está no mesmo caminho também e compreende o que aconteceu. Ela se tornou minha discípula e também do Maharaji.

R – O Maharaji já fez a passagem espiritual (faleceu)?
Prem Baba – Sim, em 23 de outubro de 2011. Então eu me considero um renunciado, mas um neo-renunciado porque eu vivo no mundo, viajando, tenho um ashram em Nazaré Paulista (SP), outro em Alto Paraíso (GO), outros ashrans aqui na Índia. Viajo pelo mundo e tenho essa proposta também de fazer ações sociais que requerem muitos diálogos com políticos, governantes, empresários. É um trabalho bastante intenso.

Prem Baba “Se o brasileiro não der conta de lidar com essas dores que carrega de humilhação, de exclusão, não conseguirá lidar com essa atuação distorcida do poder”.
Prem Baba “Se o brasileiro não der conta de lidar com essas dores que carrega de humilhação, de exclusão, não conseguirá lidar com essa atuação distorcida do poder”.

R – O que você está fazendo nesse sentido de ações sociais? Você já está tendo contatos com os políticos?
Prem Baba – Sim. Nós criamos o Instituto Awakem Love Accion. Um nome que criei para facilitar essa missão. É um movimento para acordar a consciência amorosa através de alguns valores. O Instituto atua na educação, na saúde pública, no sistema prisional, meio ambiente e gestão pública. Nesse momento estamos conseguindo dar mais força para a educação. A gente conseguiu que 100% do município de Nazaré Paulista adotasse essa metodologia que visa popularizar a meditação. A criança quando chega para aprender o ensino secular começa também a meditar.

Começa com um minuto de meditação, quando chega e vem do recreio. No segundo ano, dois minutos de meditação, No terceiro, três minutos e assim vai indo. Mas a meditação se associa com valores humanos, através de histórias que são contadas. Um espaço para se lidar com sentimentos, principalmente, os de natureza sombrias. A criança em casa não aprende a lidar com o ciúme, a raiva, como transformar isso. É importante dar um espaço para a criança extravasar. Isso obviamente começa dando formação aos educadores. E não envolve religiosidade. É um sistema completamente laico.

R – Como foi esse processo com a prefeitura de Nazaré para implantar esse sistema de ensino? Em quais outros lugares estão trabalhando para implantá-lo?
Prem Baba – Entramos num acordo. Evidentemente que não passamos a conta à prefeitura. Nós buscamos apoio na inciativa privada para custear as despesas. Estamos conversando com vários outros municípios brasileiros para implantar esse sistema. Vamos levar isso para o Distrito Federal, estamos com as conversas avançadas com o governador Rodrigo Rollemberg. Estamos tentando levar para o Rio de Janeiro, através do prefeito Eduardo Paes. Inclusive a minha relação com o governador do Acre, Tião Viana, é por conta desse método que poderá ser implantado lá também. Em Brasília, estamos conversando também sobre a questão ambiental relacionada a água. Em 2018, vamos sediar uma conferência internacional sobre o tema. Estamos mantendo diálogo com o governador de Goiás, Marconi Perillo. Queremos que o município de Alto Paraíso (GO) se torne uma referência mundial em meio-ambiente e sustentabilidade. Apoiei as 17 metas da ONU para facilitar a criação de projetos de sustentabilidade. Alto Paraíso tem vocação para ser essa referência na questão das águas, protegendo os mananciais, mas em outros sentidos. Estamos em parceria com a Fazenda da Toca, do Pedro Paulo Diniz, que está fazendo um trabalho agroflorestal maravilhoso. Tecnologia de ponta para recuperar terras degradadas e plantar árvores, produzir alimentos em abundância e prosperidade para todos. Temos navegado nessas áreas do meio-ambiente procurando encontrar respostas para essa crise ambiental e climática que estamos vivendo. Estou bem empenhado nesse assunto.

R – Como é o trabalho que vocês estão fazendo com saúde pública?
Prem Baba – Estou dando uma aula no Hospital Albert Einstein de medicina integrativa, convidado como mestre espiritual para falar sobre compaixão e cura. E a partir dai criamos um curso de medicina integrativa para levar aos profissionais da área de saúde. Fizemos um piloto no ABC paulista, na grande São Paulo (SP), ensinando muitos profissionais de saúde para humanizar o atendimento. Entender que o ser humano tem uma alma. Os pacientes precisam não só de um atendimento técnico, mas também de um olhar e de uma atenção.

R – Quais foram os políticos com quem você esteve recentemente para pedir apoio a esses projetos?
Prem Baba – Estive recentemente conversando com a Marina Silva, com o ex-senador Suplicy em São Paulo , com o Aécio Neves, o Marcondes Perillo, Rodrigo Rollemberg, Tião Viana, além de vários deputados e prefeitos. Por onde passo sinto que tenho que deixar alguma coisa. Qual o sentido dessa vida se não podermos oferecer algo? Nesse momento essas ações precisam acontecer em larga escala. E para ser em larga escala precisa ter realmente esse apoio das lideranças políticas. A base de tudo isso é o entendimento que só haverá uma mudança de consciência se houver o autoconhecimento que precisa se tornar uma política pública. Claro que estou sonhando alto. Mas por que não sonhar alto também? Nós estamos vivendo um momento muito crítico. Atravessando um nódulo kármico que pode resultar numa profunda transformação. A forma como nós escolhemos viver faliu. É só observar. O sistema capitalista não está mais nos servindo, a economia não está mais nos servindo, a educação não está nos servindo, não está mais no propósito de educar as nossas crianças. A violência está crescendo, a miséria está crescendo, as doenças estão crescendo. Se formos olhar a pelo viés da psiquiatria vamos ver que a nossa sociedade é psicótica ou neurótica.

E estamos construindo isso através desses sistemas. E eu entendo que essa crise que vivemos é eminentemente espiritual. Há uma desconexão com a alma da vida. Então eu tenho tentado colaborar mostrando o caminho do autoconhecimento. Para que isso possa de alguma maneira fazer a diferença na economia, na educação, no sistema prisional, em todos os sentidos. Existem aspectos da consciência humana que precisam ser despertados. Se existe uma cura para esse mundo, é o amor. O que a gente vive hoje é o desamor. E o amor é despertado através de alguns valores. Estamos propondo a honestidade como primeiro valor junto com a autoresponsabilidade.

R – O Mahatma Gandhi, libertador da Índia, conseguiu uma coisa inédita no mundo que ainda não foi compreendida. Sem disparar um tiro, na base do sacrifício, Gandhi conseguiu libertar a Índia do domínio inglês. Se tornou um herói nacional e, no final, Gandhi não tinha nada. Se vestia com uma tanga e uma túnica de algodão. Ele falava muito em política Dhármica, a ação correta, o propósito de servir. Você esteve com todos esses políticos como mestre espiritual fomentando trabalhos de percepção. O quê acha desse momento que o Brasil vive em que a questão principal que corrói o país é a corrupção? As pessoas estão governando em beneficio próprio e com apego ao poder. Em que você, como guru, quer influenciar esses homens que detém o poder no Brasil que poderiam ter a visão da política como instrumento de transformação, mas não tem?
Prem Baba – Quando eu me encontro com essas pessoas eu vejo além da personalidade. Estou olhando para a alma. Assim como lido com todas as pessoas que vem até mim, de todas as classes sociais e de distintas religiões. Olho para aquele ser que está ali passando por um grande desafio. Mesmo que a pessoa não peça uma luz espiritual, no meu silêncio estou emanando uma oração para que se encontre. Então independente dessas pessoas que estão no poder, eu vejo os brasileiros passando por um desafio kármico para poder encontrar o seu dharma, a ação correta. O desafio é poder superar algumas mazelas. Em primeiro lugar o egoísmo. Nós temos uma visão distorcida sobre isso.

A gente acha que o brasileiro é altruísta, que ajuda quando se tem uma catástrofe. Mas se a gente olhar bem, estão todos preocupados consigo mesmo. Querendo se libertar de um desconforto, do sentimento de culpa. Por trás dessa corrupção existe muito egoísmo. Estão todos querendo proteger a sua família, proteger os seus em detrimento da sociedade. Pensam assim: “se o meu está garantido a sociedade que se exploda”. E também existe uma grande vaidade. O brasileiro é muito vaidoso. Quer comprar uma roupa de marca, às vezes, se endividando para mostrar ao outro, para se sentir superior. Por trás do egoísmo e da vaidade existe a dor. Isso tudo gera muito maldade. Não quero falar em pecado porque a visão é distorcida. Pecado, na verdade, significa aquilo que está fora do alvo. O pecado é a gula, a preguiça, a avareza, a inveja, a ira, o orgulho, a luxúria, o medo, a mentira. Isso tudo, na realidade, são mecanismos de defesa e, por trás disso tudo tem muita dor. Se o brasileiro não der conta de lidar com essas dores que carrega de humilhação, de exclusão, não conseguirá lidar com essa atuação distorcida do poder.

R – Então você está me dizendo que essa corrupção é um pouco o próprio reflexo da maneira de agir da população brasileira?
Prem Baba – Claro que sim, porque somos nós que escolhemos os nossos líderes. É um reflexo daquilo que a gente tem dentro de nós mesmos. Sinto que nós precisamos de uma mudança de consciência que para poder se manifestar e surtir o efeito precisa começar com a educação. Só quando as nossas crianças conseguirem mudar essa visão de mundo haverá transformação real. Até lá nós ainda vamos passar por várias turbulências.

**Reportagem originalmente publicada no portal de notícias ac24horas.com

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