Transplantes crescem 84%: Balanço de procedimentos entre 2003 e 2013 foi feito em evento sobre doações de órgãos

O número de transplantes de órgãos no Brasil cresceu 84% de 2003 a 2013. A evolução foi anunciada pelo Ministério da Saúde, em lançamento de campanha publicitária que pretende estimular a doação. O evento integrou a semana de comemoração do Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos, celebrado no sábado, 27.

Ministério da Saúde lançou campanha que teve a participação da viúva do cinegrafista da TV Bandeirantes – ele doou órgãos
Ministério da Saúde lançou campanha que teve a participação da viúva do cinegrafista da TV Bandeirantes – ele doou órgãos

Johnatan Castro

A meta do governo federal é estimular as famílias a autorizarem os transplantes. Segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes, o número de doadores, que era de 1.350 em 2008, subiu para 2.562 no ano passado. Apesar do avanço, 44,3% dos parentes ainda não permitem que os procedimentos sejam feitos.
“Podemos dobrar o número de doadores efetivos se as famílias estiverem conectadas com o desejo do doador”, afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro, ressaltando que entre 2003 e 2013 a lista de espera por um órgão caiu 42% em todo país. Ainda assim, 37.736 pessoas aguardam pela cirurgia. Em Minas, são mais de 2.000 pacientes na fila, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
Em tom otimista, o ministro Chioro destacou que foi possível zerar a fila de espera para o transplante de córnea dos Estados do Acre, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal. Em Mina, 161 pessoas esperavam pelo órgão até agosto.
“Ao fim de 2014, vamos atingir 14 doadores por milhão de população (pmp), que é o índice usado na Europa”, afirmou Eder Murari, presidente do Sistema Nacional de Transplantes. Esta meta ainda está distante do objetivo de 15 doadores efetivos pmp previsto em 2007 para 2014. “No ano que vem, vamos aumentar o índice para entre 15 a 19 doadores pmp”, disse.

Homenagens
Em meio ao reforço da necessidade das famílias permitirem a doação dos órgãos de seus parentes falecidos, o Ministério da Saúde homenageou algumas pessoas que ajudaram a salvar a vida de outras. Uma delas é Arlita Andrade, viúva de Santiago Andrade, cinegrafista da TV Bandeirantes que foi morto após ser atingido por um explosivo durante manifestação no Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano. Ele teve rins, fígado e córneas doados para cinco pessoas.
“Ele era mais velho que eu 16 anos, e a gente combinou que os órgãos de quem fosse (morresse) primeiro poderiam ser doados. Acho que meu Santiago, lá de cima, pensa que ainda está vivo em uma pessoa. Eu não fiquei triste, fiquei feliz. Essas pessoas (transplantadas) carregam dentro delas um pedaço do meu amor. Por que a gente não dá oportunidade para outras pessoas viverem e serem felizes também?”, questionou, bastante emocionada.

Dificuldade
Por causa de um acidente, o artista plástico Paulo César Cavalcante, 58, precisou ser submetido a um transplante de fígado há quatro anos, depois de sete anos de espera. O procedimento foi feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e em Belo Horizonte, porque em Brasília (DF) ainda não havia equipes para fazer a cirurgia na época.
“Os familiares do doador precisam se conscientizar que o intervalo entre a morte do doador e o transporte precisa ser muito curto”.

Ações
Campanha. Com o tema “Sua Família é a sua Voz”, a campanha do governo terá 120 mil cartazes e 470 mil folders. Vão ser veiculados propagandas na TV, rádio, jornais e revistas.

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