Sobre a CMAC Juarez Barbosa, um silêncio que ensurdece, e mata
O caos instalado na saúde pública não é terrível apenas em Goiás, é enredo de filme de terror em todo o país. A diferença é que por aqui o jogo de empurra é maior e ninguém tem culpa.
Prefeitos se utilizam das emendas dos deputados que só conseguem levar ambulâncias para suas comunidades e abusam da prática da “ambulancioterapia”, que é o método de não contratar médicos especialistas e colocar seus pacientes, que deveriam ser tratados nos hospitais municipais, em ambulâncias e os enviar para a capital. Pacientes em estado grave chegam a rodar 600 kms para receberem atendimento, ou não. Transferem responsabilidades para os governos do estado e federal.
Os governadores, em sucessivos períodos, acusam seus antecessores de deixarem “heranças malditas”, que precisam ser sanadas e, na necessidade de cortes, quem primeiro sofre é a área da saúde. Falta de equipamentos e qualificação de profissionais tem gerado dor e sofrimento para a população goiana. O caso da paciente Dicilene Maria de Jesus que entrou, sorridente e confiante em uma melhora física, na maternidade Nossa Senhora de Lourdes para fazer uma Histerectomia (popularmente conhecida como retirada de útero) no dia 22/09/2011 e saiu morta do Hospital Materno Infantil no dia 03/11, tendo como causa mortis infecção generalizada, ainda não foi explicada por ninguém. A família chora sua perda e espera o resultado de uma sindicância que nem sabe se realmente existe.
Este é apenas um exemplo do descaso para com quem precisa do serviço público.
Por todas as dificuldades que existem para socorrer quem precisa é que o governo estadual não deveria deixar, ou provocar, a ida de mais pacientes para as filas dos hospitais. Pelo menos para 35 mil pacientes o governo pode minimizar esse sofrimento; São os pacientes de diversas patologias que dependem dos medicamentos da Central de Medicamentos de Alto Custo Juarez Barbosa.
Primeiro não deixando faltar os medicamentos que são essenciais para a sobrevida de cada uma dessas pessoas. Segundo, instalando a CMAC em local que dê aos pacientes o mínimo de conforto para obterem seus medicamentos.
O local onde hoje está instalada a CMAC foi transformado em um “nem isso, nem aquilo”, insalubre, desorganizado, desumano. Ali, os pacientes sofrem tanto física quanto moralmente, baixando suas autoestimas e consequentementesuas defesas imunológicas. Ou seja, ficam doentes onde deveriam encontrar saúde. Se ficam doentes, vão procurar o sistema público que está caótico e moto contínuo.
Vale ressaltar que os funcionários da CMAC, em sua totalidade (são poucos para muito o que fazer, estão sobrecarregados) são dedicados e delicados para com os pacientes, as vezes fazem além de suas condições, mas sofrem ásperas reclamações de pacientes menos esclarecidos, como se fossem os culpados pelo atendimento precário.
O prédio onde funcionava a Capemi, na rua 16 com a 12,no centro de Goiânia, foi comprado para abrigar a CMAC, no entanto está sendo gradativamente ocupado por outros órgãos e nada de transferência. Muitos pacientes acham que vão trocar seis por meia dúzia e o sofrimento pelo mau atendimento vai continuar. Para eles o local também é inapropriado e reclamam que não foram consultados no momento da aquisição, feita no governo passado.
Estão fazendo um barulhão por uma Casa da Cultura que será instalada onde está a CMAC depois de uma ampla reforma, mas sobre melhorias para os milhares de pacientes que dependem dos medicamentos de alto custo, há um silêncio ensurdecedor, que no caso desses pacientes, literalmente, mata.
Foi criada por uma horda de bajuladores de plantão uma postura de que quem aponta deficiências em setores do governo está falando mal do mesmo e é seu inimigo. Coisa de quem nada faz e vive a caçar bruxas.
Nosso desejo é de que as coisas fiquem as claras, sejam analisadas e melhoradas para que tenhamos o melhor governo da vida dos goianos, e de quem vive em Goiás, mas o desejo maior dos pacientes da CMAC é o de terem uma sobrevida digna, apesar de alguns.
Roberto Naborfazan
Editor Geral