SINTOMAS – Depressão pode ser “silenciosa” em crianças; saiba identificar sinais

Segundo a Organização Mundial da Saúde, em uma década, o número de crianças entre 6 e 12 anos em quadros depressivos saltou de 4,5% para 8%

Marina Semensato**

|Apesar de ser muito associada à vida adulta, a depressão pode afetar pessoas de qualquer idade – inclusive as crianças. Uma pesquisa de 2022 Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que, em uma década, o número de crianças entre 6 e 12 anos em quadros depressivos saltou de 4,5% para 8%.

Considerada uma “doença silenciosa”, a depressão infantil está relacionada a um conjunto de sintomas que, por vezes, são confundidos com problemas comportamentais típicos do desenvolvimento infantil. Além das características típicas da doença em adultos, como o desinteresse em atividades, distúrbios do sono e fadiga, as crianças também apresentam dificuldade para focar, irritabilidade e problemas na socialização.

“Justamente pelo fato da criança ainda não conseguir fazer a nomeação dos sentimentos de uma forma tão clara, ela pode somatizar”, explica Caroline da Costa Sousa, especialista em Psicologia e Saúde e pós-graduada em Psicologia da Infância.

“Ela pode desenvolver problemas gastrointestinais, dermatite, pode ficar mais agressiva, mais chorosa, mais apática. Claro que isso vai variar de criança para criança, mas esses são alguns sintomas comuns no quadro”, explica a especialista.

Segundo Caroline, a depressão é um quadro de natureza multifatorial – ou seja, que engloba diversos motivos. Um dos principais é o funcionamento familiar. “Um funcionamento familiar que estaria deficiente tem algumas características como conflito, sabotagem, competitividade e baixo nível de apoio para criança. Além de outras coisas como a negligência, por exemplo, que são mais escancaradas”.

Considerada uma “doença silenciosa”, a depressão infantil está relacionada a um conjunto de sintomas que, por vezes, são confundidos com problemas comportamentais típicos do desenvolvimento infantil.

Telas podem aumentar a depressão em crianças

Um estudo recente divulgado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que um dos motivos para esse aumento nos registros de depressão entre crianças é o acesso irrestrito a eletrônicos como celulares, tablets e televisão. Segundo a pesquisa, 72% das crianças avaliadas apresentaram aumento nos sintomas de depressão devido ao uso excessivo de dispositivos.

Para Caroline, um dos motivos para essa relação é o fato das telas “privarem” as crianças de experimentarem o mundo real, o que é imprescindível para o seu desenvolvimento cognitivo e social.

“Pensar que essa criança, por exemplo, não vai subir em uma árvore, não vai correr, não vai entender regras sociais. Imagine uma criança sendo privada de isso tudo que enriquece tanto a nossa percepção sobre o mundo, nossos sentimentos, como também vai ajudando a desenvolver vários aspectos cognitivos, físicos, sociais. Imagine esse mundo muito restrito ao mundo das telas, que tem muita coisa, mas nada que ela possa sentir e ver para ter uma relação com isso”, diz a especialista.

“A criança não vai desenvolver todas as capacidades para as quais o corpo está preparado”, diz Caroline. “Sem contar a socialização, que enriquece muito a vida. Se a criança já está num quadro depressivo e começa a ter comportamentos de isolamento social, a tela não é uma coisa que vai facilitar a sociabilidade dela”, pontua.

Orientações para as famílias

Além do tratamento psicológico, imprescindível em quadros depressivos em qualquer faixa etária, Caroline também aconselha os pais a refletirem sobre a dinâmica familiar.

Segundo a especialista, “quando a criança começa a apresentar problemas de comportamento e emocionais, isso pode estar apontando para um problema de toda a dinâmica familiar e não só da criança em si”.

“Também é muito importante que os pais possam reconhecer os sentimentos que ela tem. Não negligenciar, levar a sério o que ela está dizendo e ajudar essa criança a nomear os sentimentos. Se envolver na vida da criança”, orienta a psicóloga.

FONTE: saude.ig.com.br

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