Rio Mosquito: Água doce a caminho ou mais uma doce ilusão?
Jefferson Victor*
Quem passa pelo setor de indústrias de Campos Belos enche os olhos de esperança, ao ver dezenas de carretas descarregando canos para serem utilizados na transposição das águas do Rio Mosquito até a sede do município, para suprir as nossas necessidades de água doce, um sonho antigo, tão prometido em períodos políticos e esquecido após o pleito.
Em todas as rodadas o assunto mais discutido do momento é justamente este, há controvérsias, discórdia, desconfiança e acima de tudo discussões políticas em torno do fato.
A água do Rio Mosquito ao longo dos últimos vinte anos tem sido instrumento de se fazer política.
Políticos de todos os níveis, de alguma forma, já se beneficiaram com as promessas até então infundadas, já que ao povo o que interessa é o resultado final, água doce nas torneiras.
O Brasil infelizmente é um dos países recordistas em obras inacabadas: São escolas, hospitais, creches, pontes, estradas e muitas outras modalidades, gerando prejuízos sociais e financeiros à milhões de usuários desses serviços.
É muito comum obras grandiosas e que requerem recursos grandiosos serem iniciadas em períodos eleitorais e posteriormente são abandonadas, como foi o caso do projeto Alto Paraíso.
Muitos projetos são interrompidos por terem sido iniciados pelo antecessor, ou mesmo o político sendo reeleito, perder o interesse pela obra em função do alto gasto do estado no período eleitoral, vez que em toda localidade alguma obra é iniciada como forma de se fazer política.
O fato da obra ter sido licitada não garante integralmente a execução do projeto originalmente arquitetado.
Alguns estão otimistas pelos subsídios que a obra pode render em termos políticos, outros estão pessimistas pelo histórico das promessas não cumpridas, cada um ao seu modo e interesse se manifesta de alguma forma, e isto tem rendido discussões acirradas sobre o assunto do momento na cidade.
Recentemente o governador Marconi Perillo esteve em Campos Belos acompanhado de várias carretas carregadas de postes, sob a alegação que a eletrificação rural prometida seria executada de imediato.
O discurso do governador gerou euforia e esperança aos agricultores que lotavam o Cras, coincidentemente o mesmo local onde os canos estão sendo descarregados, e após o governador decolar do aeroporto, as carretas, como em um passo de mágica, desapareceram misteriosamente, e até hoje não se sabe o paradeiro delas.
Eu, particularmente, vejo com esperança e desconfiança a execução desta obra de tamanha grandeza, já que envolve recursos grandiosos e um período de execução muito extenso.
Já presenciei o governador assinando dezenas de ordens de serviços e no final nenhuma delas foi executada, deixando o chefe do executivo local em maus lençóis na ocasião, já que a população cobrava os benefícios prometidos e não cumpridos, tudo não passava de manobra política do governador em busca de um novo mandato.
Caso esta importante obra seja realizada em sua totalidade, haveremos de agradecer primeiramente a Deus e depois a todos os envolvidos em sua realização, independentemente de ideais partidários, ao povo o que interessa é o conjunto da obra, e que seus idealizadores possam ter subsídios posteriores á sua realização e não de forma antecipada como vem acontecendo ao longo dos anos.
Jefferson Victor* é empresário.