RELACIONAMENTOS – Será que amizade com ex-namorado funciona?
Se você terminou um relacionamento e insiste em querer ser amiga do ex-companheiro, saiba que essa não pode ser a melhor das ideias.
Muitas pessoas já passaram por um término de relacionamento, seja aquele do tipo que você sai de coração partido ou daquele em que o amor simplesmente acabou e não há mais motivos para continuar na relação. Geralmente, depois da dor, das lágrimas e da raiva — ou da decisão mútua —, é comum que algum dos dois solte a famosa frase “mas vamos ser amigos!” para suavizar as feridas de um romance que fracassou. Mas, afinal, é mesmo possível manter a amizade com o ex-namorado?
Se você está em busca de uma resposta baseada em dados científicos, aqui está: depende do motivo. De acordo com um estudo denominado “Continuar amiga do ex-namorado : predições, razões e resultados”, realizado por pesquisadores da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, há quatro razões pelas quais uma pessoa continua sendo amiga de um ex-companheiro ou companheira.
O primeiro dos motivos listados é a segurança, que está ligada aos sentimentos bons. Isso pode significar que uma pessoa fica amiga de um ex porque ele ou ela não quer perder o apoio emocional, o conselho ou a confiança que construiu com aquela pessoa. Não surpreendentemente, os ex-parceiros podem querer a companhia um do outro para se sentir bem e seguro, mesmo que em uma amizade pós-termino .
Os pesquisadores americanos também descobriram que, entre os motivos para manter a tal amizade está a praticidade – principalmente em casos em que o casal tem filhos – além de outros benefícios, como dinheiro. A autora principal do estudo, Rebecca Griffith, afirma que essa relação amigável formada por razões práticas são as mais duradouras.
Em um estudo anterior, os participantes avaliaram a confiabilidade e o sentimentalismo – ou seja, aquela famosa frase sobre como seu antigo namorado “te tornou uma pessoa melhor”, “te fez crescer”, etc. – como uma das razões mais importantes para querer manter a amizade. A ideia de que essa pessoa pode oferecer suporte contínuo para lidar com o sofrimento psicológico do rompimento pode ser atraente.
Existem também aqueles casais que não são amigos, mas, por outro lado, também não se tornam inimigos, e usam a cordialidade para lidar com os sentimentos um do outro e conviver além do romance.
Pode ser mais fácil para essas pessoas se tornarem amigas, porque envolve estar confortável com o outro, especialmente aqueles que têm transtorno de ansiedade de separação, o que significa que eles se preocupam que o parceiro não esteja disponível em um momento de necessidade. A figura de apego, no caso um ex-namorado, pode proporcionar tranquilidade, o que permite que as pessoas em dificuldades obtenham uma sensação de calma.
Durante a pesquisa, muitas pessoas afirmaram que ainda havia interesse romântico e essa seria a quarta razão para continuar amigo da pessoa. A atração não resolvida, por incrível que pareça, está associada a sentimentos negativos e, ao mesmo tempo, a amizades mais longas, já que as pessoas tendem a insistir na relação.
É normal admitir que quer continuar o relacionamento, mesmo sendo “apenas amigos”, porque ainda está apaixonado e não consegue se imaginar sem a outra pessoa. Entretanto, é preciso pensar no motivo da separação e tentar seguir em frente.
Está tudo bem em manter a amizade?
De acordo com Marina Simas de Lima, psicóloga, terapeuta de casais e cofundadora do Instituto do Casal, é possível que alguns casais resolvam manter a amizade e isso vai dar muito certo. “Se ambos tiverem maturidade e não ficarem presos um ao outro pode funcionar bem desde que os parceiros estejam de acordo com esse formato.”
“Os benefícios em manter o ex-namorado como amigo consiste principalmente em ter boas histórias, ficar de bem com o passado e construir vínculos duradouros sem ficar na construção e desconstrução”, explica a especialista.
Entretanto, Marina também afirma que existem dependências emocionais que podem trazem danos à relação. “O desafio é ter equilíbrio e administrar as expectativas. Atualmente em nossa sociedade existem vários formatos de viver as relações afetivas. O que importa é ter flexibilidade e respeito na construção das relações”, diz.
Segundo ela, o segredo para manter um bom relacionamento é respeitar o estilo de vida do outro e não fazer nenhum tipo de “joguinho”, usando a outra pessoa. É importante saber qual seu papel nesse período pós-término.
Psicóloga clínica, especializada em Terapia de Casais e Família, Silvia Malamud, concorda. “Às vezes os casais se separam por falta de atração, por ideais muito diferentes e por outros motivos que não precisam ser aqueles onde o amor se transforma em ódio.” A indicação para manter a boa relação se baseia, principalmente, no respeito e em manter ativa a lembrança do sentimento que deu início ao namoro.
E quando não é ok continuar amigo?
A americana Esther Perel, terapeuta sexual e de relacionamento, escreveu um artigo para a revista “Cosmopolitan” explicando que os tantos sentimentos mistos envolvidos em um término e a tentativa de manter a amizade sem analisar essa decisão são quase sempre más ideias.
“Na minha prática, digo aos pacientes que pensem em um rompimento do mesmo jeito que ele pensaria em uma ferida: requer tempo e cuidado para se curar”, escreve a profissional. Segundo Esther, é importante ter um “verdadeiro fim” com o antigo namorado e, por mais estranho que isso soe, contar para outras pessoas sobre o término te faz se adaptar à nova realidade da vida de solteira.
“Muitas vezes o aspecto romântico de um relacionamento simplesmente não funciona, mas uma conexão profunda permanece. Se você deseja uma amizade com um ex-namorado, primeiro descubra exatamente o que você valoriza nele e qual parte de sua conexão você deseja preservar”, diz Esther.
Se vocês são do mesmo círculo social, trabalham juntos, ou há crianças envolvidas, por exemplo, é bastante razoável pensar em permanecer na vida um dos outro. Mas se você descobrir que seu motivo real é uma esperança secreta de reavivar o romance, essa é uma receita para um coração partido.
Regras
Para fazer essa reflexão, Esther propõe questionamentos como: “Já se passou tempo suficiente para conhecer outra pessoa?”, “Qual a minha motivação para manter a amizade?” e “O que vai acontecer se um de vocês encontrar outra pessoa?”.
A especialista explica como é importante ter novas experiências nesse tempo solteira, até que se sinta pronta para conhecer outras pessoas. Ela também fala sobre quais limites não cruzar e como seguir algumas regras podem te ajudar a seguir em frente. Confira:
Não pergunte sobre ele para os amigos
Primeiro, pare, porque você está se torturando! Em segundo lugar, você está colocando as pessoas em uma posição incômoda, forçando-os a escolher um lado.
“Se você está morrendo de vontade de saber se ele está com outra pessoa, na realidade, está querendo saber o quanto você vale. Como eu sou substituível? Ele ainda se importa?”, escreve Esther no artigo.
Não procure seu ex para te fazer sentir melhor
A pessoa com a qual você acabou de terminar não deve ser a pessoa que está cuidando de sua dor. Você precisa de apoio, mas procure amigos próximos para te ajudar nessa missão.
Não compartilhe seus sentimentos sobre um novo namorado
Quando você diz ao seu ex: “Estou vendo alguém, mas não tenho tanta certeza sobre ele”, você pode estar dando falsas esperanças e fazer um desserviço ao permitir que seu ex aconselhe sobre um novo romance. O fim de um relacionamento requer clareza. Um novo relacionamento merece dignidade, e você precisa de um novo começo.
E lembre-se: também não fique verificando as redes sociais dele. Ah, e se estiver em dúvida sobre mandar mensagem ou não para o seu ex-namorado, trate de ouvir a música “Novas Regras”, da cantora Dua Lipa, e evite furadas.
Fonte: Delas – iG