POLÍTICA E VIOLÊNCIA – Oito anos depois, Alto Paraíso de Goiás ainda chora a morte de Divaldo Rinco.

Em entrevista à Radio Paraíso FM/Jornal O VETOR, Marcus Adilson Rinco, irmão de Divaldo,  fala sobre o andamento do processo e lembra que a incitação a violência em período eleitoral foi o estopim para o assassinato do ex-prefeito.

Roberto Naborfazan

O dia 02 de setembro de 2010 ficou marcado como uma das datas mais tristes para a comunidade de Alto Paraíso de Goiás e todo o nordeste goiano. Nesse dia, após participar de um mutirão de limpeza de ruas e avenidas do Setor Cidade Alta, o então prefeito Divaldo William Rinco foi covardemente assassinado, com vários tiros, por um amigo de infância.

Com uma visão inovadora, além de seu tempo, Divaldo estava em seu terceiro mandato e era cotado para ser um dos secretários de governo de Marconi Perillo, governador eleito logo depois do bárbaro assassinato.

O jeito extrovertido, sempre alegre e brincalhão, aliado a uma enorme capacidade administrativa e política, o fazia bem quisto pela população, principalmente pelos mais humildes, sempre gratos por conquistas como moradias e escola de boa qualidade para suas crianças. Mas isso incomodava adversários políticos, que se tornaram inimigos pessoais de Divaldo Rinco.

Em reuniões onde deveriam tratar de assuntos de interesses da comunidade, os adversários não faziam outra coisa se não destilar maldades contra o prefeito, gerando uma nuvem escura, coberta por uma teia de rancor e ódio.

No dia 02 de setembro de 2010, no calor da disputa eleitoral majoritária, Divaldo deu uma entrevista para a Rádio Paraíso FM e mostrou uma grande lista de benefícios conquistados através da parceria com o deputado estadual Iso Moreira, seu aliado político e amigo fraterno, e respondeu questionamentos, falando genericamente que muitos outros candidatos só apareciam em tempos de eleição e sempre de mão vazias de obras e benefícios, mas que saiam com elas cheias de votos, não voltando a cidade nem para agradecer.

Com o coração cheio de ódio e a cabeça alimentada por espíritos das trevas, o assassino aguardou o escurecer e, de tocaia, esperou Divaldo ficar sozinho no local da reunião para assassinar a maior liderança política de Alto Paraíso em todos os tempos.

Preso por curto período, após ser caçado pela polícia em todo o território nacional, o assassino só foi a julgamento em 1ª instância sete anos depois. No dia 13 de Julho de 2017, Ari da Abadia Garcêz, 61 anos, foi condenado a 19 anos de prisão pelo crime de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. No entanto, seguindo o raciocínio lento da justiça brasileira, após recurso da defesa, aguarda em liberdade o julgamento em 2ª instância.

Sempre questionado pela comunidade, que não esquece o caso e clama por justiça, sobre o andamento do processo, o produtor rural e irmão da vitima, Marcus Adilson Rinco, em entrevista a Rádio Paraíso FM/Jornal O VETOR, durante o programa Cidade no Ar, disse que a morosidade se dá pelo excesso de recursos impetrados pela defesa do réu, e que a acusação também entrou com recurso pedindo o aumento da pena.

“Esse é um assunto que mexe com todos nós da família, e que também inquieta toda nossa comunidade. Somos sempre perguntados sobre como anda o processo para condenação definitiva do assassino. Em julho passado completou-se um ano do julgamento que culminou com a condenação do Ari. Mas, devido aos artifícios usados pela defesa, que as vezes fica difícil para a gente compreender, ele teve direito de responder em liberdade até que o Tribunal de Justiça de Goiás decida marcar o julgamento na instância superior. Eles estão conseguindo protelar essa decisão definitiva, mas, recentemente estive no Fórum e me parece que já não há muitos caminhos para eles enrolarem. Acredito que em muito breve esse julgamento deverá acontecer. Estamos com um advogado em Goiânia, que, junto com o Ministério Público, que acompanhou o julgamento aqui em Alto Paraíso, também entrou com recurso pedindo o aumento da pena. Não podemos esquecer que o crime aconteceu em um período eleitoral como agora, com eleições para deputados, senadores, governadores e presidente da república, e todos nós sabemos que a motivação principal para o crime foi a intolerância no contexto político. Então, ao esclarecermos aqui hoje como anda o processo no caso do crime contra o Divaldo, pedimos também um pouco mais de serenidade entre pessoas que pensam diferente em relação ao candidato do outro. Estamos vendo pelas redes sociais agressões por questões partidárias, ofensas verbais, ameaças, discussão entre amigos e parentes, e isso tudo se torna barril de pólvora que quando explode, causa dores e sofrimentos como esse que passamos” Assinala Marcus Rinco.

Questionado sobre o posicionamento político da família Rinco, sempre muito respeitada pelo trabalho filantrópico que realiza há décadas no município, desde a Cidade da Fraternidade, depois na Fazenda Posse, e, nos anos mais recentes, na atuação de dona Romilda e seo Andalécio se desdobrando na manutenção da Associação Assistencial Paulo de Tarso (Creche e Escola Francisquinho), Marcus Rinco afirmou que não é fácil para a família se movimentar no meio político depois da tragédia, mas que é preciso fazer uma análise muito criteriosa na hora de decidir em quem votar nos tempos atuais.

“Nossa família, junto com amigos que sempre apóiam nosso trabalho, fez o levantamento de alguns pontos para nos posicionarmos em relação a isso. Primeiro é que a classe política está muito mal vista em todo o país, devido a corrupção generalizada, prisão de políticos influentes, outros com prisão decretada e tudo que estamos vendo nos noticiários. Mas não temos como viver sem a política, o país, o estado, os municípios precisam de gestores, e nos temos que os eleger, não podemos nos esconder atrás desse momento político e dizer que não vamos votar, porque ai beneficiaremos os bandidos e estaremos fugindo de nossas responsabilidades. Fomos nos que elegemos os que ainda estão, se erramos, vamos escolher melhor agora quem pode fazer mais por todos. Por estarmos aqui em Alto Paraíso por tanto tempo, por tudo que Divaldo representou e representa, muitos candidatos nos procuram para  pedir nosso apoio. Então criamos alguns critérios para decidir nosso apoio. Se o candidato é ficha limpa, se não tem nada contra ele na justiça. Depois analisamos se o candidato tem serviço prestado em nosso município, se ele já ajudou os prefeitos a realizarem obras e benefícios para nossa comunidade. Em seguida, se ele tem chances de ganhar e continuar ajudando nosso município. Como é que vamos analisar se ele tem como continuar ajudando o município? Se ele vai estar do lado do governo, se ele tem bom relacionamento com esse governo, que é quem assina as ordens de serviço , quem tem a chave do cofre. E aqui estamos falando especificamente do candidato a deputado estadual, que é com quem temos o contado mais direto, ele é quem cobra do governador em nosso nome, pois o deputado estadual é similar ao vereador no município, que a gente fala com ele e ele fala com o prefeito. E um ultimo critério, é se nos aqui do município vamos ter acesso a esse deputado, se ele vai nos atender e cobrar do governador.” Frisa Marcus Rinco.

Instado pelo radialista Nilton K se ele já tinha um nome para deputado estadual, Marcus Rinco foi incisivo ao dizer que, por tudo que já fez por Alto Paraíso e sua gente, pela amizade e respeito com Divaldo Rinco e toda a família, pela liberdade de acesso que todas as lideranças políticas da região tem com ele, seu candidato a deputado estadual é Iso Moreira.

“Iso Moreira se enquadra em todos esses critérios que apontamos. Em seu quinto mandato, é ficha limpa, já fez muito por Alto Paraíso e todo o nordeste goiano, é um dos homens de confiança de Ronaldo Caiado, que as pesquisas indicam que ganhará as eleições já no primeiro turno, portanto tem boa relação como futuro governador, e  sempre nos deu livre acesso ao seu gabinete, atendendo as demandas a ele apresentadas. Só como exemplo, foi com Iso Moreira que Divaldo conseguiu que fizessem os primeiros 18 quilômetros de asfalto na GO 239, sentido a São Jorge (Rodovia que, graças ao Iso Moreira,  hoje leva o nome de estrada parque Divaldo William Rinco); acompanhando Divaldo e o então vereador  João Bola Murcha, Iso Moreira disse que, naquela época, em 30 dias seria colocada eletrificação (energia elétrica) em moradias rurais na região do Sertão, em 20 dias a obra começou e terminou; Iso trouxe o escritório da Saneago para Alto Paraíso, antes nos tínhamos que irmos a Campos Belos; Iso entregou dezenas de cheques moradias para famílias que precisavam terminar suas casas, na primeira etapa da Cidade Alta;  em dez dias conseguiu que se consertasse a ponte sobre o Rio São Bartolomeu, na saída da cidade rumo ao Moinho; entre várias outras ações que geraram bem estar social e desenvolvimento socioeconômico para Alto Paraíso e Região. Por isso, posso afirmar sem temos que Iso Moreira sempre representou e continuará representando nossa gente na assembléia legislativa”, concluiu com convicção Marcus Rinco.