Optei, tristemente, por retirar o post em que claramente dei a minha opinião

Dinomar Miranda
Dinomar Miranda

Há vários anos mantenho este Blog (www.dinomarmiranda.com), sem qualquer finalidade financeira ou publicitária, tão somente com o intuito de um agir político consciente e voltado para a cidadania das comunidades que integram o nordeste do estado de Goiás e sudeste do Tocantins. E para isso tento, ao máximo, seguir os princípios éticos do jornalismo.

O primeiro deles é estampar minha foto, nome, formação e dados pessoais para deixar bem claro quem é o responsável pelas informações publicadas.
Depois, sigo o compromisso fundamental com a verdade no relato dos fatos, apuração dos acontecimentos, resguardo o sigilo da fonte.
Divulgo fatos e informações de interesse público, luto pela liberdade de pensamento e de expressão.
Tento combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercidas com o objetivo de controlar a informação.
Tudo isso para tentar manter um canal de comunicação de qualidade para estas comunidades tão carentes de informação local, como é o caso do nosso nordeste de Goiás.
E uma das medidas que tomei (polêmica é verdade) foi aceitar comentários “anônimos”. Justamente por saber o tamanho da perseguição que se tem nestas pequenas cidades.
Aceito os “anônimos” porque os tenho como fonte de informação e os resguardo com o devido sigilo da fonte.
Mas nesta semana fiquei profundamente decepcionado com o nível cultura, de falta de discernimento, de entendimento, de interpretação por parte de alguns dos nossos leitores. Recebi alguns comentários anônimos extremamente ofensivos e sem nenhum laço com a boa discussão política.
E tudo porque fiz a defesa dos dois secretários da prefeitura de Campos Belos envolvidos na retirada de madeira ilegal para a administração pública local.
Defendi os secretários com uma visão muito mais aprofundada do que muita gente pensa. Não sou amigo deles e não tenho qualquer vínculo partidário ou de poder com os mesmos… os conheço da comunidade e conheço as suas histórias.
E a minha história como um profundo defensor do meio ambiente e da probidade administrativa me autoriza muito bem tomar este posicionamento.
A questão é que os vi lançados num problema – que é um crime ambiental cometido por quem deveria dar exemplo – que não foi uma ação apenas de dois secretários.
Aquilo foi uma ação de muitas pessoas da burocracia estatal, que envolve publicação de edital, contratação e ordens em vários níveis.
Por isso disse que eles tinham sido mal orientados pelo setor jurídico e defendia a história ilibada de cada um deles em prol da comunidade.
E digo mais. No final das contas, o maior responsável pela ação ilegal de retirada da madeira seria o prefeito da cidade, que é o administrador local e o chefe do Poder Executivo.
Com a repercussão do fato, inclusive a nível nacional, o intuito foi dizer que aquilo não foi uma ação apenas de duas pessoas, mas da administração pública de Campos Belos. Aquilo foi mais uma ação política, do que qualquer outra coisa. E reitero, como disse, que a promotoria agiu como deve agir o fiscal da lei.
Quem trabalha com comunicação deve ter muito cuidado ao tratar da vida das pessoas, de suas reputações.
Não podemos, numa simples má interpretação, jogá-la numa lata do lixo. Temos que ser muito cautelosos em qualquer frase, em qualquer publicação. E este cuidado o pratico diuturnamente. No entanto, pessoas da comunidade – escondidas como “anônimos” – não tem a coragem de expressar o que pensa e nos acusa de parciais e outros adjetivos impublicáveis.
Porque simplesmente não conseguem separar-se da emoção das politiquices de quintal e ascender para uma reflexão mais racional e responsável.
Prefere atacar as pessoas do que ter o livre exercício do argumento e da retórica, como tentamos fazer.
A prova de que valorizamos o princípio da retórica é que sempre damos destaques às mais ácidas críticas aos nossos argumentos. Até porque não somos totalmente imparciais. “A imparcialidade absoluta é um mito”.
Este blog vive justamente para dar aos nossos cidadãos o direito de se expressar, de falar o que pensa, de ser uma voz importante dentro da comunidade…
De dar o direito da retórica, do argumento e contra-argumento, que é a essência de qualquer sociedade democrática, em que o respeito e a racionalidade são fundamentais.
E para não suscitar mais reações equivocadas e desproporcionais, optei, tristemente, por retirar o post em que claramente dei a minha opinião.

* Dinomar Miranda é jornalista concursado do Poder Judiciário Federal, Analista Judiciário, lotado em Tribunal Superior, em Brasília. É graduado pela Universidade Católica de Pernambuco e especialista em modelagem e mapeamento de processos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 2006, integrou o United Nations Civil Affairs Office, staff das Nações Unidas (ONU), na Missão de Paz de Estabilização do Haiti.

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