Novo livro sobre Charlie Chaplin resgata histórias da produção de filmes
Por Michael Roddy
LONDRES (Reuters) – Charlie Chaplin disse uma vez que tudo que alguém precisava para fazer um filme engraçado era “um parque, um policial e uma menina bonita”.
Em “Arquivos de Chaplin”, um livro robusto definido pelo autor como um “tributo de alta definição ao lendário ator cômico e cineasta”, é possível ver uma dessas mulheres –entre as quatro com quem Chaplin se casou ao longo de seus 88 anos– na reluzente foto de Paulette Goddard, em preto-e-branco, de enorme tamanho, com um punhado de bananas roubadas, de “Tempos Modernos”.
Produzido pela editora especializada alemã Taschen Books, o livro de 560 páginas, pesando sete quilos e com as dimensões de um pequeno aparelho de televisão, dificilmente pode ser lido na cama, e sobrecarrega muitas mesas de centro.
Mas cumpre o que o escritor inglês Paul Duncan diz ser seu objetivo: recriar a carreira de Chaplin em ordem cronológica, para marcar o centenário do início daquele inglês pobre no teatro até chegar ao cinema, quando abandonou uma turnê de uma companhia de teatro nos Estados Unidos.
Na página 47 está reproduzido o primeiro contrato de cinema de Chaplin, com a Keystone, datado de 25 de setembro de 1913, para o qual Chaplin ganhou a soma então principesca de 150 dólares por semana.
O resto, como sabe quem tem um olho para a grande produção de cinema e filmes engraçados, é história.
Sua obra incluiu clássicos silenciosos do pastelão como “Luzes da Cidade” e “Tempos Modernos”, antes de aderir ao som com a sátira política em “O Grande Ditador” e a comédia de humor negro, incluindo “Monsieur Verdoux”.
“O que eu queria fazer era torná-lo uma história oral, por isso, quando você lê o livro, são realmente Chaplin e seus colaboradores que falam, você está lendo sobre os acontecimentos de sua vida e como ele fez seus filmes”, disse Duncan à Reuters em uma entrevista.
Com o acesso concedido aos arquivos da família Chaplin, e ajuda da Cineteca di Bologna, com filmes restaurados, Duncan disse que, embora tenha havido inúmeros livros sobre Chaplin ao longo dos anos, este é diferente.
“Ele sempre foi tão reservado e manteve as coisas em segredo, e eu queria contar essa história, a história de como ele fez os filmes”, disse Duncan.
Chaplin morreu em 1977 e fez dez anos antes o seu último filme, “A Condessa de Hong Kong”, estrelado por Sophia Loren e Marlon Brando.