MUNDIAL DE VELA – Mavie Santos Ceccarelli, das águas do Rio Bezerra ao Mar Mediterrâneo.

Aos treze anos de idade, Mavie Santos Ceccarelli, nascida na Itália, mas com raízes profundas em Campos Belos – GO, acaba de se classificar entre as 50 melhores atletas mundiais do Iatismo (Barco a vela), na categoria Golden sub 17 de Open Skiff. O Campeonato Mundial de vela O’pen Skiff, que começou no dia 10 e terminou neste sábado, 17 de julho 17.

Roberto Naborfazan**

Reportagem atualizada as 21:00 deste sábado, 17.

Nos pequenos municípios brasileiros, como acontece em quase todo o mundo, as conquistas de uma pessoa da comunidade em atividades especiais, seja ela qual for, costumam ser festejadas por todos, n’uma corrente de alegria e orgulho coletivo.

Abertura do Campeonato Mundial de Vela O’pen Skiff em Calasetta, na Sardenha. 250 atletas do mundo todo participaram da competição.

Foi o que aconteceu neste mês de julho, em Campos Belos, município situado no nordeste de Goiás, a 600 km da capital, Goiânia, quando a tradicional família de seu Antônio Alves dos Santos “Bidó” e de dona Francisca Pereira dos Santos (Dona Patu), ambos já falecidos, recebeu a notícia de que a adolescente Mavie Santos Ceccarelli, 13 anos, neta do casal, filha de Geralda “Bidó” Santos e Luca Ceccarelli, participaria do Campeonato Mundial de Vela O’pen Skiff, que começou no dia 10 e terminou hoje, dia 17 de julho, em Calasetta, na Sardenha, uma grande ilha italiana no mar Mediterrâneo.

A alegria se dá porque Mavie, que nasceu na Itália, mas em razão de suas raízes, passava grandes temporadas no Brasil, mais especificamente em Campos Belos,  terra natal da mãe, revendo parentes e curtindo as belezas da região, é considerada e querida como “filha da terra”.

Em suas vindas à Campos Belos, uma de suas atividades prediletas sempre foi tomar banho nas águas do Rio Bezerra e brincar na área de lazer do Balneário, que tem o mesmo nome do rio, ao lado de tios e primos.

“O empenho de minha sobrinha nos estudos e no esporte é motivo de orgulho para nós da família, e também para todos os amigos moradores de Campos Belos. Ainda dando seus primeiros passos no Iatismo,  ela  já tem conseguido mostrar que tem talento e capacidade para grandes conquistas”, diz Antônio Carlos Santos “Bidó”, tio de Mavie.

Segundo Geralda Bidó, que mora com a família em Toscana, região central da Itália, Mavie começou suas atividades nesse esporte aos sete anos de idade, no Clube Velico Castiglione, uma escola de iatismo de Úmbria, província de Perugia, que executa suas aulas no Trasimeno, Lago que se estende por uma área de cerca de 128 km², o tornando o quarto maior lago da Itália.

Com raízes em Campos Belos GO, a Ítalo-brasileira Mavie Santos Ceccarelli, 13 anos, acaba de se classificar entre as  50 melhores atletas do iatismo mundial na categoria Golden sub 17 de Open Skiff. Na foto, Mavie observa o barco de uma outra categoria.

Durante os últimos seis anos o aprendizado no iatismo tem sido constante na vida de Mavie, sempre apoiada pelos pais, que se empenharam para adquirir o primeiro barco para que ela pudesse participar de competições em várias partes do país europeu.

“Talvez, se estivéssemos no Brasil, seria bastante difícil conseguirmos mantê-la nesse esporte, devido aos altos custos. Mas aqui, eu e meu marido nos esforçamos muito e conseguimos comprar um barco usado, e mais recentemente, com o incentivo do Clube Velico Castiglione, compramos um barco novo. É um esporte que ela gosta, se dedica e por isso nós fazemos o que podemos para apoia-la” conta a mãe.

Geralda Bidó acrescenta ainda que, na escola de iatismo em que frequenta, Mavie também atua como voluntária, auxiliando e passando o que já aprendeu para os novos alunos, mesmo pagando uma mensalidade. É uma forma de retribuir o aprendizado que está tendo no estabelecimento de ensino.

Assista um pouco da rotina de Mavie Ceccarelli durante os treinamentos no Lago Trasimeno, no vídeo abaixo.

Por competir em várias regatas em quase todo o país, sempre acompanhada de seus professores e colegas de escola, Mavie Ceccarelli tem um bom currículo nas categorias que disputa dentro do limite de sua idade, inclusive já tendo representado a região de Úmbria em competições realizadas em outras províncias, como aconteceu recentemente na Calábria.

“A Mavie prática o iatismo, especificamente o Open Skiff, por paixão, mas sem fanatismo. Ela vai muito bem na escola convencional, completou recentemente 13 anos e  começa agora o segundo grau (ensino médio n Brasil). O Open Skiff é um lazer com responsabilidade, sem o peso do compromisso que possa sobrecarregá-la. As vitórias e derrotas que vierem servirão como aprendizado dentro de algo que é feito com leveza e amor.” frisa Geralda Santos.

Participação no mundial

Mavie Santos Ceccarelli, Vitória Ferretini, Niccolò Giomarelli e o técnico Andrea Ceccarelli. Equipe superou expectativas e obteve excelente desempenho no Campeonato Mundial.

Por causa da pandemia, este ano os campeonatos mundiais não precisaram de tempo de qualificação; o Campeonato Mundial O’pen Skiff está sendo um mundial Open (aberto).

Previsto para 2020, o Campeonato Mundial O’pen Skiff foi adiado por um ano também devido a pandemia da Covid-19. O adiamento forçado criou uma expectativa ainda maior nos competidores e elevou seu nível técnico.

Os atletas deram a largada no sábado, dia 10 e o encerramento se dará neste sábado, 17. Mavie  está participando na categoria Sub 17, em disputa com outros 205 competidores.

Mavie Santos Ceccarelli está representando o Clube Velico Castiglione nesse mundial junto com os amigos de escola e parceiros no esporte, Niccolò Giomarelli e Vitória Ferretini, também de treze anos.

Em entrevista ao jornalista Diluca Stefanucci, do portal italiano LA NAZIONE, Mavie e Nicolò resumiram seus sentimentos em relação ao esporte e ao Mundial.

“Aprendi com a minha família a paixão pela vela – diz Niccolò – se sonho isso tornar uma profissão? Gostaria, adoro o mar e até entrar na marinha seria maravilhoso. Mavie e eu estamos preparados para o campeonato mundial, haverá caras mais velhos do que nós e fisicamente mais fortes do que nós. Mas têm pouco conhecimento técnico …”. anvaliou o adolescente.

“Adoro a sensação de estar num barco e sim, com a organização certa consigo aliar desporto e estudo. O campeonato do mundo? Vamos lá fazer o melhor que podemos. Niccolò é um amigo, gostamos de ser sérios e brincar na hora certa. uma equipe”.  Disse Mavie, sempre muito calma e focada.

O treinador da equipe, Andrea Ceccarelli, também falou à reportagem do LA NAZIONE “A Mavie e o Niccolò vão participar no Campeonato do Mundo na categoria Sub 17 – são 160 membros, na corrida teremos participantes mais experientes, mas há possibilidades de conseguirmos um bom resultado. Este desporto exige muita paixão, eles estão sempre de neoprene (roupa para surfistas e mergulhadores) prontos para entrar na água, tanto na chuva quanto no sol. O primeiro adversário é a natureza, mas também é preciso estar preparado fisicamente porque os meninos ficam horas no barco, fazem isso individualmente e com suas escolhas. Como eu os descreveria? Niccolò é um equilibrista na corda bamba, Mavie é estratégica e madura.” Destacou o treinador.

Também nessa direção, Geralda  e Luca Ceccarelli, que estão acompanhando as crianças durante a competição, frisam que tanto eles, quanto a equipe técnica e também as crianças, estão cientes das limitações, por isso buscam o objetivo de ficar entre os 100, dos 205 participantes.

Com o apoio dos pais, Geralda Santos e Luca Ceccarelli, e o incentivo do Clube Velico Castiglione, Mavie caminha para grandes conquista no Open Skiff.

ATUALIZAÇÃO – O campeonato mundial de vela O’pen Skiff se encerrou na tarde deste sábado, 17.  Mavie e o Niccolò fizeram uma participação de alto nível, superando em muito as expectativas de todos. Na manhã de hoje estavam entre os 50 melhores atletas na categoria sub 17 de Open Skiff do mundo. Nicollò em 26º e Mavie em 46ª.

Após as regatas finais, que aconteceram no final da tarde (horário da Itália) Nicollò Giomarelli obteve a 28ª colocação e Mavie a 49ª colocação entre os 66 competidores finais na categoria Golden Open Skiff sub17, confirmando a excelente performance que os coloca entre os 50 melhores do mundo na categoria Open Skiff sub17.

Já Vitória Ferretini, que disputou a categoria Silver Open Skiff sub17,  alcançou a 119ª entre os 131 competidores finais, concluindo a prova e saindo do mar sem problemas, mesmo com os fortes ventos da tarde no mar da Sardenha.

Ressaltando que no inicio do mundial eram 205 competidores. Lembrando também que a equipe representante da região da Úmbria (alunos do Clube Velico Castiglione) competiram com atletas da Itália, Estados Unidos, Brasil, Nova Zelândia, Índia, Hungria, Ucrânia, França, Polônia e Alemanha. A maioria com experiência em competições nesse tipo de mar, e muitos deles com maior resistência física.

Acesse o Link e veja a classificação completa:

https://worlds2021.openskiff.org/results/woc-u17 – Categoria Gold

https://worlds2021.openskiff.org/results/woc-u17-silver Categoria Silver.

“Apesar das dificuldades, principalmente da grande diferença do vento no mar da Sardenha em relação ao mar Toscano e do Lago Trasimeno, a Mavie fez muito mais que a gente esperava.  Nossas expectativas eram que ela e os outros dois do grupo ficassem entre  os 100 no grupo Silver. A Mavie e o Nicollò foram muito bem e ficaram entre os 50 no grupo Golden. Excelente resultado. O técnico está muito feliz. Vários participantes tiveram que ser socorridos por quebra de velas e outros incidentes, nossos meninos, no entanto, entraram no mar e voltaram a terra sem problemas,  mesmo com o vento muito forte. ” Relatou, entusiasmada, Geralda “Bidó” Santos.

O Esporte

Competindo com seriedade e concentração, mas sem o peso da responsabilidade de busca por titulos, Mavie Santos Ceccarelli é uma das expoentes do Open Skiff Italiano. Categoria foi foi lançada em 2006.

O iatismo ou vela é o nome dado ao esporte que envolve barcos movidos exclusivamente por propulsão à vela. Com embarcações a vela impulsionadas pelo vento, os atletas devem completar um número específico de voltas no percurso determinado por boias em um tempo menor que seus adversários.

A categoria Open Skiff foi lançada em 2006, como alternativa ao clássico drift propedêutico Optimist.

O Open Skiff foi logo introduzido nas escolas de vela de todo o mundo pela sua praticidade e velocidade, graças ao seu casco fino e quase plano.

Em poucos anos, ele fez uma escalada autêntica, povoando clubes de vela em toda a Europa, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia com suas velas brancas e vermelhas.

De lá para as regatas, o passo foi curto: hoje, só na Itália a classe competitiva – que desde outubro passado também assumiu o RS Aero – conta com mais de 250 unidades, lideradas por crianças e jovens de 9 a 17 anos, dividido nas categorias Prime, Menores de 13 anos (nascidos entre 2009 e 2012) e Menores, essa é a terceira vez que a Itália acolhe a prestigiada competição, que cresce rapidamente em nível internacional.

Em 2013 e 2016, o título mundial foi disputado no Lago de Garda. Já a última edição foi realizada em janeiro de 2019 na Nova Zelândia.

FOTO: O’pen Skiff Italia e arquivo da família

Foto de Capa – Marco Wenk 2019

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