MERCADO – Curiosidades sobre a cerveja: sabia que lúpulo na bebida foi ideia de freira?
Esse elemento utilizado na fabricação da bebida é uma planta que possui sexo e guarda outros mistérios que são desvendados por mestre-cervejeira.
A cerveja é uma bebida é feita a base de água, malte e lúpulo. Entre esses elementos, o que desperta mais curiosidade é o último. O importante ingrediente é cercado de mistérios e extremamente importante na hora da produção, influenciando no gosto e aroma da bebida. Mas afinal de contas, o que é esse tal lúpulo ? Essa é uma das maiores curiosidades sobre a cerveja.
O lúpulo é uma planta trepadeira que chega a atingir de cinco a oito metros de altura. Ela é característica de regiões que possuem um clima frio e sua flor é um dos principais ingredientes de uma das bebidas favoritas dos brasileiros e, por isso, carrega curiosidades sobre a cerveja.
Para saber mais sobre essa planta, a mestre-cervejeira de SKOL, Laura Aguiar, lista 10 curiosidades sobre a cerveja pensando no lúpulo, ingrediente que tem um papel de destaque em diversas variações dessa bebida.
Confira:
Tem forte ligação com a Alemanha
Existem muitas evidências sobre quando surgiu o primeiro campo de cultivo de lúpulo, mas a teoria mais aceita é que o pioneiro foi um que ficava próximo a Gensenfeld, no distrito de Hallertau, região da atual Alemanha, no ano de 736. Segundo a especialista, essa hipótese faz sentido, tanto que a região alemã se tonou uma referência quando o assunto é cerveja, além de ser uma das principais produtoras desse ingrediente no mundo.
Freira foi quem o incorporou na cerveja
Uma das curiosidades sobre a cerveja é que, a princípio, essa planta não era utilizada como um dos ingredientes centrais da bebida. Os primeiros registros da utilização da flor na bebida foram feitos pela freira Hildegard von Bingen, no século XI. Laura fala que o lúpulo provavelmente começou a ser usado por conta das propriedades conservantes e aromatizantes.
O ‘tempero’ da cerveja
Depois que essa descoberta foi feita por Hildegard, essa flor passou a ser um ingrediente essencial das cervejas, pois é o lúpulo oferece substâncias que dão o amargor e o aroma típico da bebida. A mestre-cervejeira explica que os componentes amargos são chamados de alfa-ácidos e durante a fervura acontece um processo chamado de isomerização, que transforma os compostos solúveis no mosto (mistura feita para a fermentação alcoólica) e, assim, gera o amargor.
Isso significa que quanto mais alfa-ácidos a bebida levar na preparação, mais amarga a cerveja ficará. Quando se trata do aroma, Laura diz que as notas obtidas são o resultado da harmonia sensorial de inúmeras substâncias aromáticas que são encontradas nessa planta que basicamente é composta de óleos essenciais.
Outras propriedades
Se você está achando que as únicas funções do lúpulo são conferir aroma e amargor para a cerveja , está muito enganado. A mesma freira que introduziu a planta na bebida também descobriu outras características, como um grande poder bacteriostático, através de substâncias que evitam a proliferação de bactérias, ou seja, é um conservante natural. Além disso, o lúpulo tem um poder antioxidante. A flor ainda auxilia na formação da espuma da bebida.
Quando ele é usado na fabricação?
Normalmente, o lúpulo costuma ser usado no início do processo de fabricação da cerveja, em uma etapa conhecida como brasagem, na qual acontece a fervura. Entretanto, há algumas diferenças entre o momento em que é adicionado para gerar o amargor e o aroma.
A primeira adição acontece quando o mosto cervejeiro – líquido rico em açúcares e nutrientes extraídos do malte – passa pela fervura, pois os compostos da planta precisam ter contato com a alta temperatura para se tornar solúvel e conferir o amargor para a bebida. Quando esse processo termina, são colocados os lúpulos referentes ao aroma.
Isso acontece porque se a planta entrar muito cedo no processo, os óleos essenciais evaporam e o aroma é perdido. Laura lembra que em alguns processos de produção, os lúpulos podem ser adicionados em uma terceira etapa, no fim do processo cervejeiro conhecido como dry hopping. Essa adição tardia serve para aumentar a intensidade de aromas.
Características dessa iguaria
Essa planta trepadeira se desenvolve com facilidade em locais com climas frios, por isso, é cultivada principalmente na Europa e na América do Norte. Conforme a mestre-cervejeira, a plantação precisa estar entre os paralelos geográficos 30˚ e 50˚, em um solo rico em nutrientes específicos, que receba água em pequenas quantidades e que tome sol.
Além da Alemanhã, outros países que possuem uma grande produção dessa planta são: Estados Unidos, China, República Tcheca, Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia, entre outros. Laura diz que para a produção de cervejas como a SKOL Hops, os mais indicados são os lúpulos alemães e americanos.
Como o Brasil é um país tropical, a produção dessa planta por aqui é mais difícil. Mesmo assim, nos últimos anos, foram feitas tentativas de fazer o cultivo do lúpulo em solo nacional e, por sorte, algumas dessas tentativas tiveram sucesso.
Uma planta com sexo
Parece brincadeira, mas existe uma variedade masculina e feminina do lúpulo. Entre as curiosidades sobre a cerveja, está a informação de que para a sua fabricação é usada somente a planta fêmea, isso porque nelas são formadas glândulas de lupulina que contém resinas e óleos, que são substâncias que garantem as características desejadas para o sabor e aroma da bebida.
Maturidade e cuidados
Para conseguir extrair o ápice do amargor e aroma da planta, é necessário esperar de três a 15 anos. Após a colheita, o lúpulo passa por um processo de secagem. Esse ingrediente deve ser mantido em um local fresco, seco e não pode ter contato com o oxigênio, pois as resinas podem sofrer degradação se forem expostas. Geralmente, esse ingrediente é usado em formato de pellets (granulado) ou ainda em formato de flor para a fabricação da cerveja.
Outros usos
As curiosidades sobre a cerveja aumentam porque esse mercado cervejeiro não para de crescer e, nos últimos anos, vários ingredientes usados na produção dessa bebida vem sendo aproveitado para a fabricação de alimentos. O lúpulo, por exemplo, já faz parte da produção de geleias, queijos, entre outros.
Fonte: Deles – iG.com.br