Há quem chegue chorando, eu cheguei sorrindo!
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Católico, jamais imaginara um dia ler uma obra espírita. Credo em cruz, ave Maria dizia eu, na certeza de que o Espiritismo era coisa de macumbeiro e outros quejandos mais. Pois não é que também não acreditava nesse negócio de Espiritismo ser uma religião? Baixar espíritos? Como poderia um espírito baixar entrando no corpo de alguém? Isso não cabia na minha cabeça. Não que eu fosse um cético, ou teimoso mesmo. Mas, que eu era ignorante em matéria de Espiritismo, ah! Isso eu era mesmo! Até então eu me achava inteligente, e do alto do meu acendrado orgulho, achava-me até mesmo o mais inteligente daqueles que conhecia e quando via alguém famoso por suas posições, ficava me perguntando: – Como uma pessoa inteligente e culta como aquela podia ser espírita? Pois não é que eu, intimamente, questionei até o Professor José Herculano Pires, “o melhor metro que mediu Kardec no século XX”: “Como um Professor de Filosofia, Escritor, Jornalista, poderia estar ligado a esse tal de Espiritismo?” Já ouvira que ele era um dos grandes espíritas. Esse fato deu-se na década de 1960, à época do casamento do seu único filho homem Herculaninho com minha irmã carnal Maria Alice, a Lilita.Tempos depois conheci Heloísa Pires, grande mestra e conferencista espírita, com ensinamentos passados em várias capitais dos estados brasileiros e também no exterior, em França e Portugal, pelo menos.O velho amigo Vigilato Pereira de Almeida, presidente, por mais de 30 anos, do Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, de Itumbiara, desencarnado um dia depois de Dom Veloso, o primeiro bispo diocesano daquela cidade, isso ainda no início de 1970, desde 1966, quando, vindo de São Paulo, me instalei em Goiás, dissera-me inúmeras vezes que eu seria espírita. Respeitosamente, sorri-lhe todas as vezes desse seu dizer, mas, jamais admiti que me tornaria espírita, pois, acreditava tratar-se de ignorância religiosa dele e de quem mais comungasse daquele absurdo.Eu e Diógenes Mortoza da Cunha, genro de Vigilato e primo de Eurípedes Barsanulfo, o mineiro farmacêutico dos pobres que tantas vezes substituiu o médico que não existia pelas bandas de Sacramento, cursamos a mesma Faculdade de Direito e nos assentamos ao lado um do outro na sala de aula, mantendo-me católico apesar das tantas conversas dele sobre a Doutrina Espírita. Respeitei-lhe as falas, sabendo-o sério e responsável, incapaz de qualquer mentira, mas nunca pusera fé naquilo.Ninguém pode discutir ou colocar em dúvida a Sabedoria Divina, pois só Deus sabe a hora de cada coisa, ou acontecimento para cada um.Minha hora, a hora da transformação ainda não era chegada. Acredito que por isso eu ainda permanecia enclausurado na minha crença católica.Entretanto, a dúvida já massacrava o meu espírito indômito. Meu espírito racional encontrava dificuldade para aceitar certos artigos da fé católica, conforme os dogmas da Igreja. Um deles, o da Trindade, não recebia guarida no meu raciocínio, porquanto contrariava o credo num Deus único, pois o Pai Criador não poderia se desdobrar em Filho e Espírito Santo, pois aí não seria Único, mas três. Como dizia a Igreja “três pessoas e um só Deus. Ora, isso é irracional. Sendo cada pessoa uma individualidade, inadmissível que três individualidades possam se tornar uma só Divindade, em face de que ocorreriam, no mínimo três mandantes, ou três criadores, consequentemente, Deus não seria Único. Outro item que esquentou minha cabeça e que meu coração jamais aceitou foi o dogma da virgindade de Maria após o parto. O parto natural teria rompido o hímen na expulsão do feto do útero para o tempo, derrubando, assim, a tese propugnada pela Igreja. Por outro lado, a tese da Virgindade de Maria trazia dois outros empecilhos para a aceitação pela minha mente perquisitiva e contestadora: primeiro, se a gravidez fora iniciada por inseminação divina, Deus estaria contrariando a própria Natureza criada por Ele, uma vez que a mulher engravida quando, no período fértil, um dos seus óvulos recebe a penetração de um espermatozóide masculino e o ovo formado desloca-se da trompa de falópio até o útero fixando-se num dos locais desse órgão iniciando a fase de nidação, a partir do que o processo celular vai destacando tecidos diferenciados, até a composição final do feto; e segundo, se ela continuou virgem, sem o rompimento do hímen, então tudo não passara de uma farsa desde a anunciação até a morte do Cristo na cruz, pois Jesus não teria sido homem nem se comportado como tal, assim como todas as fases da vida encarnada: recém nascido, a primeira e a segunda infância, a juventude e a maturidade, teriam sido nada mais que um embuste muito bem engendrado para colocá-lo na condição de Deus, junto com o Pai e com o Espírito Santo. Se fosse assim, Jesus não teria afirmado e reafirmado ser A Verdade porque não passaria de cruel mentira.Outros dogmas menores, como o da “Infalibilidade Papal”, atazanavam meu espírito. Sempre enxergara, no Papa, homem como qualquer outro, ou como eu mesmo, falível, cometendo equívocos de interpretação e até mesmo erros grosseiros, naturais nos seres humanos. Assim não poderia admitir como jamais admiti que o Comandante da Igreja que combatia a ciência e que discriminava os não católicos fosse um ser infalível.Por estas e por outras eu já não era um bom católico, pois não poderia rezar a oração do Credo sem cometer perjúrio diante de Deus e de mim próprio.Aconteceu que, já morando em Santa Helena de Goiás, certa noite do ano de 1973, o mês já não me lembro, perturbado e atazanado com as dúvidas que minha mente assacava contra as convicções católicas até então professadas, orei pedindo: Jesus, meu Amigo e meu Irmão, a minha religião não responde às tantas dúvidas que me sobressaltam. Orienta-me durante o sono para eu possa decidir o que fazer”.Dormi preocupado e acordei eufórico com o firme propósito de ler obras espíritas.Mas, ler o que? Por onde começar?Não conhecia nenhum espírita dos que habitavam Santa Helena, nem nunca havia visto qualquer livro espírita nas duas livrarias da cidade. Pensei comigo que deveria ir a Itumbiara. Vigilato partira de volta à Pátria do Espírito a quase quatro anos, mas, o meu amigo Diógenes ainda morava lá.Meu fusquinha levou-me até Itumbiara pela antiga Sul Goiana estrada de terra, hoje a asfaltada rodovia federal BR 452 e cheguei justo na hora do almoço aproveitei para filar a deliciosa comida preparada por Lívia, esposa de Diógenes. Quando respondi a Diógenes qual o motivo de minha ida à sua casa, ele sorriu e lascou: “o Vigilato sempre disse que você seria espírita”, ao que retruquei: “Espera aí, não disse que virei espírita. Quero ler obras espíritas, mas, não sei quais, nem por onde começar”. Foi então que ele me presenteou com dois livros: “O que é o Espiritismo” e “O Livro dos Espíritos”, dizendo-me que lesse o primeiro e só depois, devagar, fosse estudando o segundo.Em seguida fui visitar o ex-aluno Tarcísio alfaiate, que me presenteou com “O Livro dos Médiuns”. Hoje Tarcísio é advogado tendo voltado ao seu estado de origem no Nordeste do País.Finalmente busquei os pães deliciosos da Padaria da Hora, defronte da rodoviária velha, do meu amigo Allan Kardec Garcia que, assustado ao ver tantos livros espíritas no banco traseiro do fusca, perguntou-me o que era aquilo. Respondi que ia ler obras espíritas. Então disse-me que eu teria 3 dificuldades: primeiro acreditar na existência de espíritos e eu, sorrindo, repliquei: eu creio, pois os vejo desde que era criança. Depois falou da dificuldade que teria em aceitar a reencarnação. Disse-lhe: “Não sei sobre reencarnação, mas, estou aqui pensando no Miguelão (homem alto, um verdadeiro Adônis, de bermudão e pezões descalços, andando pra lá e pra cá atravessando a rua de sua casa, o dia inteiro em face de sua estranha deficiência mental não aparente na primeira vista, mas sua mudez e a sua ausência induziam o perscrutador a pensar que ele não sentia absolutamente nada. Ledo engano, vimos aquele homenzarrão chorando copiosamente a morte de sua mãezinha.). Continuei; Miguelão não cometeu nenhum pecado e como acredito na Justiça Divina, não creio que Deus castigue ninguém muito menos o Miguelão por alguma falta dos seus pais biológicos. Então se Miguelão é diferente deve ser porque ele cometeu algum deslize em outra vida. Kardec, isso é reencarnação? – perguntei.Ele sorriu e afirmou que sim. A terceira dificuldade ele nunca me disse qual seria.Voltando ao “O que é o Espiritismo”, minha leitura dinâmica me permitiu ler em meia hora e assustado fiquei porque nunca tinha lido nada, como era então que eu conhecia quase tudo que ali estava escrito?Curioso e surpreso, não me aguentei. Fui para “O Livro dos Espíritos”, saltando os tais Prolegômenos e me deparei com a primeira pergunta: – O que é Deus? A resposta me fez dar um pulo de alegria: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”Esse era o Deus que eu sempre buscara, pois jamais concordara com o jargão bíblico que O pintara como o velho cansado que fez o mundo em seis dias e no sétimo descansou. Esse deus idoso, combalido jamais aceitei fosse o Criador, pois era mostrado numa imagem humana e não como divindade lúcida e capaz. O deus que se arrependera de ter criado o homem, nunca seria o Deus Verdadeiro, Justo, Amoroso e Pai.O Deus suprema Inteligência, Suprema Sabedoria, Causa Primária de todas as coisas, esse sim era e é o Deus de Bondade, o Deus de Verdade que eu busquei e encontrei logo na primeira questão de “O Livro dos Espíritos”.Daí para a frente fui me surpreendendo cada vez mais na medida que fui descobrindo o tanto de identificação que tinha com as questões desse magnífico livro que a Bondade do Espírito de Verdade que não é outro senão o próprio Jesus, o Cristo de Deus, trouxe a lume para nós. Sim, me surpreendendo, pois até então jamais lera uma linha sequer de qualquer obra espírita, como poderia então conhecer daquela filosofia, daquela ciência, daquela doutrina?As surpresas transformaram a criatura atormentada pelas dúvidas e incertezas que eu era num espírito desanuviado, sereno e sorridente.Via de regra, aqueles que buscam o consolo, o conforto para as suas perdas, as certezas para as suas dúvidas, chegam ao Espiritismo pelas lágrimas ou pelo sofrimento. Eu não busquei o consolo, nem o conforto, busquei o Deus Perdido nos alfarrábios dos religiosos e nas prédicas dos pastores de plantão e até mesmo nas palestras de estranhos doutrinadores ditos espiritualistas e encontrei-O na resposta sucinta, clara, objetiva e direta do Espírito de Verdade.O Cristo de Deus é o Senhor da Alegria então a Sua resposta encheu-me de inolvidável alegria e infinita felicidade. É por isso que posso afirmar, sem medo de errar que eu cheguei ao Espiritismo sorrindo e sorrindo continuo aprendendo cada detalhe do processo evolutivo do ser humano.Então leitor amigo, se estiveres afim de eliminar suas dúvidas e embaraços para começar a sorrir, leia obras espíritas.