FIM DO AMIANTO – Senai e parceiros estudam negócios sustentáveis para diversificação econômica de Minaçu e do Norte goiano.
O projeto O Futuro de Minaçu com Hidrogênio Verde, desenvolvido pelo Senai Goiás, propõe a instalação de uma planta de H2V para fabricação de produtos como amônia verde e/ou biodiesel, ambos com enorme potencial de demanda, faz parte das alternativas econômicas e sustentáveis para a região.
Dehovan Lima**
Arranjos Produtivos Locais (APLs) em áreas como vestuário, piscicultura, maracujá, entre outros; produção de biocombustíveis a partir do óleo da macaúba, uma palmeira nativa da região; instalação de uma indústria frigorífica de peixes, aproveitando o potencial do lago Serra da Mesa; produção de hidrogênio verde como alternativa sustentável, com utilização de recursos naturais da região, como sol e água em abundância.
Depois de mais de 50 anos do início da exploração do amianto crisotila, operação que contribuiu decisivamente para o surgimento de Minaçu, fundada em 1976, a cidade e o Norte do Estado vislumbram o desenvolvimento de uma atividade econômica alternativa e sustentável para a região, diante da iminência do fim das atividades da Sama (S.A. Minerações Associadas) na cidade – a previsão é de encerramento em até cinco anos.
As sugestões para enfrentar o processo de transição da atividade econômica do município foram apresentadas em reunião no final de outubro, na Unidade Integrada Sesi Senai Minaçu, com participação de representantes da empresa, do setor produtivo e do poder público, em que se discutiu projeto customizado de qualificação e requalificação profissional sob execução pelo Senai e destinado a atender 450 colaboradores da mineradora.
Diretor do Sesi e Senai Minaçu, Alexandre Nunes da Costa defendeu a colaboração entre as instituições e as lideranças locais para apoiar a comunidade e os trabalhadores durante essa fase de transição. Ele foi corroborado pelo gerente da Sama, Hanilton de Souza, ao destacar que, até o encerramento das atividades da empresa, é essencial criar planos para a transição dos trabalhadores e promover a diversificação econômica do município.
Futuro verde
O projeto O Futuro de Minaçu com Hidrogênio Verde, desenvolvido pelo Senai Goiás, propõe a instalação de uma planta de H2V para fabricação de produtos como amônia verde e/ou biodiesel, ambos com enorme potencial de demanda.
“A proposta representa uma importante oportunidade para Minaçu reverter o cenário de desemprego e dependência econômica do setor mineral, transformando o passivo ambiental deixado pela exploração de amianto em um negócio promissor e sustentável para a região”, afirma Antônio Balduíno Neto, analista de Inteligência de Negócios da Diretoria de Educação e Tecnologia do Sesi e Senai Goiás e autor do projeto.
Ele argumenta que, com a possibilidade de se tornar um polo de produção de hidrogênio verde a partir de usinas fotovoltaicas, Minaçu pode atrair novos investimentos, gerar empregos e agregar valor ao município (leia artigo abaixo).
HIDROGÊNIO VERDE: – Um futuro alternativo para o Norte Goiano
Com o apoio de políticas públicas e incentivos fiscais adequados, o Estado pode consolidar-se como um polo produtor e inovador em soluções de H2V (hidrogênio verde), alavancando também o desenvolvimento das comunidades locais.
O hidrogênio verde (H2V) tem sido amplamente reconhecido como uma alternativa viável e sustentável para uma economia de baixo carbono, e o Norte Goiano surge como um terreno fértil para essa revolução energética. O potencial natural da região, com abundância de recursos hídricos e solares, coloca Goiás em posição estratégica para liderar iniciativas de H2V focadas em sustentabilidade e inovação, beneficiando-se dos avanços tecnológicos e do acesso facilitado a linhas de crédito de baixo custo.
Goiás: um horizonte verde sustentável
Enquanto o Brasil concentra mais de 90% dos projetos de hidrogênio verde no Nordeste, voltados principalmente para exportação como commodities para mercados europeus, Goiás pode adotar uma rota alternativa. A proposta para o Estado envolve a manufatura de produtos derivados de H2V, como amônia verde e biocombustíveis, atendendo a uma demanda crescente por soluções de energia limpa para o mercado interno e também contribuindo para o setor agrícola e industrial.
A produção local desses derivados fortalece o desenvolvimento econômico e possibilita a criação de uma infraestrutura robusta e descentralizada de produção de hidrogênio. Com o apoio de políticas públicas e incentivos fiscais adequados, o Estado pode consolidar-se como um polo produtor e inovador em soluções de H2V, alavancando também o desenvolvimento das comunidades locais.
Uma oportunidade de impacto para o setor de mineração
A indústria de mineração, que tem forte presença no Norte Goiano, pode encontrar no hidrogênio verde um aliado estratégico para a descarbonização de suas operações. Além de promover uma contrapartida ambiental com ações de crédito de carbono, as mineradoras que investirem no H2V têm a oportunidade de se destacar em responsabilidade ambiental e responsabilidade social corporativa, proporcionando retornos não apenas financeiros, mas também de reputação.
Estado como pioneiro no cenário energético brasileiro
Goiás apresenta uma alternativa ao modelo exportador, alinhando-se a um futuro de baixo carbono com uma economia circular que promove crescimento sustentável e inovação. O hidrogênio verde, com suas múltiplas aplicações e potenciais impactos econômicos e sociais, pode, de fato, transformar o Norte Goiano em um exemplo de transição energética no Brasil.
***Antonio Balduino Neto é especialista em Foresight Estratégico e Design de Futuros pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e analista de Inteligência de Negócios do Senai, exibe TCC sobre H2V.
FONTE: Revista Goiás Industrial Pauta Extra.