Festejos tradicionais: Culturas regionais estão sendo esquecidas

Sem o respaldo do poder público, festejos tradicionais, que representam a memoria cultural de muitas regiões, estão sendo cada vez menos realizados. Comunidades estão se deixando envolver por “modernidades” como as festas animadas por som automotivo, e abandonando suas tradições centenárias.

Roberto Naborfazan

Em suas origens, a grande maioria dos festejos tradicionais, religiosos ou não, eram realizadas pela vontade espontânea das comunidades, cada um contribuía com seu bocado e lá estavam todos em uma folia de Reis, catira, queima do Judas, carnaval, sussa, congada, rodeios, vaquejadas,exposições agropecuárias e tantos outros.
Aos poucos tudo passou a ficar dependente de grandes empresas ou órgãos públicos, que abriram a torneira do apoio sem uma vigilância austera, permitindo muitos casos de desvios e malversação do recurso destinado, culminando em cortes de convênios e desestimulo na realização de eventos.
Em Goiás, o Ministério do Turismo auxiliou por um bom tempo na realização de festejos tradicionais. No nordeste goiano, por exemplo, muitas festas foram realizadas com recursos oriundos do órgão federal.
Como referencia de festejos tradicionais apoiados pelo Ministério do Turismo, podemos citar as festas juninas realizadas em Posse, em 2009 e Divinópolis, em 2010. Os rodeios realizados em São Domingos em 2009 e Formosa em 2010, além do Encontro de Culturas, na vila de São Jorge, em Alto Paraíso, e tantos outros eventos.
O Programa deRegionalização do Turismo 2013/2016, elaborado em conjunto peloMinistério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico e Coordenação Geral de Regionalização, trás diretrizes que, segundo seus elaboradores “os municípios são incentivados a um trabalho conjunto de estruturação e promoção, em que cada peculiaridade local pode ser contemplada, valorizadae integrada num mercado mais abrangente”.
O ritmo acelerado de vida da sociedade moderna tem afastado as pessoas da ajuda voluntárias na realização e organização dos festejos tradicionais, salvo raras exceções, como os festejos em louvor ao Divino Pai Eterno ou aos santos padroeiros de alguns municípios.
Com a ajuda do poder público, em todas as esferas, é preciso que os municípios, em sua base, promovam ações que tragam para sua comunidade o entusiasmo de participar, em todas as etapas, na realização e promoção da preservação de suas raízes, através dos festejos tradicionais. Se morrera cultura regional, morre a memoria dos antepassados e suas lutas que permitiram reconhecimento ao direito de cantar, dançar, encenar e referenciar suas crenças centenárias.

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