FERROVIA NORTE-SUL – Operações com contêineres no trecho entre Goiás e o Porto de Santos deve iniciar nas próximas semanas.
Ao optar pela ferrovia, o escoamento da produção está sujeito a um menor risco de acidente em comparação com o transporte rodoviário. O transporte multimodal também agrega valores de regularidade, eficiência operacional e competitividade, especialmente em casos de longas distâncias.
Roberto Naborfazan**
A conclusão das obras executadas pela Rumo Logística (companhia ferroviária e de logística brasileira pertencente ao Grupo Cosan) na Ferrovia Norte-Sul irá alavancar um novo ciclo de desenvolvimento e oportunidades para os estados de Goiás, Tocantins e o Distrito Federal.
Responsável por desenvolver soluções multimodais que combinam a movimentação de cargas pela ferrovia nas distâncias longas e pelas rodovias nos trechos curtos, a Brado (empresa referência nacional em serviços de logística multimodal) deve iniciar nas próximas semanas as operações com contêineres no trecho que conecta Goiás ao Porto de Santos. A data ainda não está fechada, uma vez que, segundo a empresa, ainda depende de “alguns ajustes” e de homologação na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
No Porto Seco de Anápolis, a ferrovia poderá atender a agroindústria nos mercados de exportação de algodão, mineração, siderurgia e alimentos, incluindo açúcar, farelo de soja e grãos, além de carne bovina por meio das operações com contêineres refrigerados.
Atualmente, esses mercados, juntos, já movimentam, segundo a empresa, cerca de 45 mil contêineres ao ano e mais de 65% têm como destino o Porto de Santos.
Segundo a superintendente de Produção Rural da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), Patrícia Honorato, os trechos da Ferrovia Norte-Sul em Goiás que já estão em pleno funcionamento impactaram positivamente no agronegócio goiano, que ganhou em competitividade e em eficiência. Ela avalia ainda que a inserção de Anápolis na malha ferroviária é estratégica para o Estado.
“Veio do agro 26% do que foi exportado e passou pela malha ferroviária em Goiás no ano passado”, afirmou a superintendente.
Ou seja, pouco mais de um quarto da exportação goiana que passou pela Ferrovia Norte-Sul, foi de produtos como soja, milho e celulose, por exemplo. “O agronegócio já consome a malha ferroviária nos trechos que já estão em operação, como em Rio Verde, por exemplo. E isso tem ajudado muito no deslocamento dos produtos”, disse Patrícia.
Vantagens competitivas
Ao optar pela ferrovia, o escoamento da produção está sujeito a um menor risco de acidente em comparação com o transporte rodoviário. Além disso, os contêineres permitem o transporte de grandes volumes de carga de uma só vez, o que otimiza a logística de distribuição e diminui custos operacionais. “A malha ferroviária aumenta a capacidade de escoamento da produção, com redução do prazo de transporte e com um carregamento mais rápido”, afirmou.
“A vantagem é a redução de custo logístico, o que oferece um cenário de competitividade para Goiás e proporciona ligações estratégicas dentro do país”, pontuou Patrícia, que lembra ainda da questão ambiental. “A malha ferroviária contribui para a redução de gazes do efeito estufa”, comentou.
Com a ferrovia em plena operação, a importação também pode ficar mais ágil e barata para a indústria e agroindústria goianas. Atualmente, em Goiás, o agronegócio importa agroquímicos, peças de máquinas, equipamentos e plásticos em um mercado que movimenta mais de 16,5 mil contêineres ao ano, segundo a Brado.
“Goiás e o Sul do Tocantins ganham mais eficiência logística e competitividade. A tendência é que essas regiões vejam a produtividade crescer em setores que hoje já são representativos para sua economia, como o agro e a indústria”, afirma Daniel Salcedo, diretor comercial da Brado Logística.
A ferrovia é um indutor de desenvolvimento econômico. Um exemplo é Rondonópolis (MT), onde a Brado tem um terminal próprio. Em 2000, o índice de Desenvolvimento Humano (IDH) era de 0,6 (considerado médio) e atualmente subiu para 0,75 (nível alto). De acordo com o IBGE, a cidade é a segunda maior no ranking das maiores economias do estado, se destacando devido à opção logística da ferrovia. Esse mesmo ciclo de crescimento pode ocorrer nas cidades com envolvimento direto com a Ferrovia Norte-Sul.
A competitividade surge como uma vantagem inegável trazida pela ferrovia. O diretor de operações do Grupo Porto Seco Centro-Oeste, Everaldo Fiatkoski, destaca que a nova ferrovia garante mais capacidade de movimentação de cargas hoje transportadas, exclusivamente, pelo modal rodoviário. “O novo Terminal de Contêineres do Porto Seco é resultado da expertise adquirida nos últimos 20 anos, ampliando a capacidade logística, reduzindo os custos operacionais e, como consequência, atraindo novos interessados para o modal ferroviário”, afirma Fiatkoski.
Além disso, o poder de escolha conferido pela Ferrovia Norte-Sul proporciona ganhos em termos de segurança e eficiência. A carga transportada por via férrea está sujeita a menores riscos de acidentes e roubos em comparação com o transporte rodoviário, o que traz uma tranquilidade adicional para as empresas que utilizam essa modalidade. A eficiência também é ampliada, uma vez que a ferrovia permite o transporte de grandes volumes de carga de uma só vez, otimizando a logística de distribuição.
Importação garante fluxo completo
A nova rota de operação da Brado a partir de Santos conectada à Ferrovia Norte-Sul captará os mercados de importação de insumos que abastecem as indústrias e o agronegócio do estado goiano, além dos bens de consumo que passam a ser distribuídos para as populações de Goiás, Distrito Federal e sul do Tocantins. Entre as importações destacam-se os segmentos de agroquímicos, peças de máquinas, equipamentos e plásticos. Estes mercados movimentam mais de 16,5 mil contêineres ao ano.
A solução representa uma quebra de paradigma na logística brasileira. “O fluxo habitual é desequilibrado: os ativos rodoviários e ferroviários vão até os portos cheios e retornam para o interior com grande ociosidade. As operações de importação vão movimentar o chamado fluxo de retorno, com destino ao interior do País, com os trens circulando praticamente cheios nos dois sentidos”, conta Salcedo. Além de uma logística mais eficiente, a chamada rota de retorno garante mais sustentabilidade ao transporte de cargas.
Rota sustentável
A multimodalidade da Brado oferece uma série de vantagens ao combinar trens e caminhões para o transporte. Um dos mais expressivos é a sustentabilidade. A empresa oferece aos clientes uma calculadora de emissões de gás carbônico (CO2): o Green Log. Na ferramenta online, é possível calcular as emissões evitadas em relação ao transporte estritamente rodoviário.
Em 2022, todos os clientes da Brado deixaram de emitir mais de 282 mil toneladas de CO2. “Para essa nova rota de Goiás, projetamos uma emissão evitada de 160 mil toneladas de CO2 nos próximos 5 anos. Isso equivale à emissão de mais de 34,5 mil veículos. Seriam necessárias 1,1 milhão de árvores para absorver integralmente esse volume”, diz Daniel Salcedo.
Outro valor da operação da empresa é a segurança nas estradas, ao reduzir as distâncias percorridas pelos caminhões. Para os caminhoneiros, há ganho de qualidade de vida, já que percorrem trechos mais curtos e têm apoio nos terminais. As cargas ganham segurança na solução com o trecho ferroviário, com redução de perdas no transporte, de furtos e roubos e em acidentes.
O transporte multimodal também agrega valores de regularidade, eficiência operacional e competitividade, especialmente em casos de longas distâncias. De Anápolis ao Porto de Santos são mais de 1,5 mil km.
***Com assessoria de imprensa.