FAZENDA DE TRAFICANTE. Famílias comemoram posse

O procurador do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-GO), Dr. Noemir Britto, anunciou oficialmente para as famílias que as terras que antes serviam ao tráfico de drogas “agora será para produção de alimentos”; a declaração emocionou os trabalhadores e trabalhadoras que estão há mais de 7 anos em baixo de uma barraca de lona, para conquistar a terra.

Procurador do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-GO), Dr. Noemir Britto, ao centro, “As terras que antes serviam ao tráfico de drogas agora serão para produção de alimentos”.

As duas áreas, denominadas Fazenda “Descanso Ponte de Pedra” com 727 hectares e a Fazenda “Fartura II e III” com 148 hectares, foram expropriadas do narcotraficante Beira Mar e há cerca de sessenta dias foi repassada da Superintendência do Patrimônio da União (SPU) para a posse do Incra, através de uma parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad). Por uma decisão inédita em Goiás e de acordo com a legislação, os bens e imóveis do narcotráfico devem ser leiloados e os recursos depositados no Fundo Nacional Antidrogas (Funad), mas o acordo proposto pela Fetaeg/Contag, para que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária comprasse as áreas no valor de R$ 3,4 milhões, mudou o destino de cerca de 30 famílias de trabalhadores rurais, que agora são proprietários da terra que antes servia ao tráfico de drogas.

Jeandro Alves da Silva, 28, juntamente com Rita de Cássia de Jesus, sua esposa e os filhos Laurelane Cássia e José Aparecido, comemoraram a vitória. Eles dizem que antes eram discriminados e eram tratados de “sem terra” e hoje são assentados do “Projeto de Assentamento José Carlos da Silva”. Ainda no seu barraco, Jeandro e a família já fazem planos de uma grande produção na sua parcela de terra. Anova família de assentados participou de uma festa “farturenta”, como diz na região, comeu carne e bebeu refrigerante à vontade, na “Festa da Vitória”, realizada no galpão da fazenda, que antes supostamente, seria utilizada para guardar aeronaves dos traficantes. Jeandro Alves já produz alimentos como banana, mandioca, milho e comercializa o leite de forma coletiva. Dentro da comunidade são 500 litros de leito por dia, entregue a uma cooperativa próximo ao local.

Adilson Pereira Cardoso, presidente da Associação de Assentados e organizador da festa, comemorou e se emocionou, lembrando dos dias de pressão e medo que assolava os então acampados. “Nem acredito que a terra que era para destruir famílias, hoje serve para produzir alimentos”, referindo- se a má utilização da propriedade no tráfico de drogas. Adilson foi um dos primeiros acampados na fazenda, que organizou também as famílias na fazenda “Fartura II e II”, próximo ao local.

Uma solenidade simples e emocionante, dirigida pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás (Fetaeg) e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), marcou a entrega das áreas. O Superintendente do Patrimônio da União em Goiás, Dr. Clóvis Granado, disse que o Governo Federal procurou ser ágil nas ações. O Procurador do Incra, Dr.Noemir Britto, disse que a autarquia vai buscar outras áreas nessas condições para o programa de reforma agrária em Goiás. Já o Presidente da Fetaeg, Elias D’Angelo Borges, ressaltou na solenidade que a conquista é “mérito da luta dos trabalhadores que resistiram, enfrentaram e derrubaram o crime”. Elias Borges, disse no final da festa que agora começa uma nova etapa para as famílias, que é o acesso ao crédito moradia e ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), para organizar a produção de alimentos e viver com dignidade. E ressaltou que a luta da Fetag, será reforçada.

Diretores de sindicatos de trabalhadores rurais participaram da festa dos assentados, entre eles, Antonio Lucas e William Clementino, diretores da Contag e vários diretores da Fetaeg, além dos representantes da SPU e do INCRA.

(FONTE: FETAEG)

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