Entrevista/ governador Marconi Perillo
Assessoria de imprensa da governadoria divulga entrevista concedida pelo governador Marconi Perillo durante solenidade de culto ecumênico em homenagem aos policiais falecidos no último dia oito. O jornal O VETOR pública na integra a entrevista que foi concedida no Palácio das Esmeraldas, no dia 14.
Pergunta: Essa homenagem é um agradecimento ao trabalho feito pelos policiais, ao serviço que eles prestaram ao Estado?
Governador: Nós todos estamos muito tristes, sentidos com as perdas irreparáveis que tivemos. Cinco delegados de polícia da mais alta qualidade e dois peritos. Todos falecidos no cumprimento do dever. Muitas homenagens já foram prestadas a eles por tudo que fizeram em vida, pela polícia e pela sociedade. Hoje nós estamos aqui com os familiares, policiais e sociedade prestando esta homenagem a eles e, em nome do Governo do Estado reconhecendo a importância deles, determinando ao Secretário de Segurança procedimentos no sentido de fazermos a homenagem post mortem. É o mínimo que o Estado pode fazer a estes abnegados policiais do serviço público goiano.
Pergunta: Alguma determinação a respeito das investigações sobre a chacina, governador?
Governador: As investigações vão continuar até que a verdade seja totalmente trazida à sociedade, até que todos os esclarecimentos sejam feitos, e também vamos buscar com muita firmeza elucidar as causas que levaram à queda do helicóptero e a essa grande tragédia.
Pergunta: E como estão essas investigações?
Governador: Elas estão sendo realizadas por peritos estaduais, federais e eu espero que em um curto espaço de tempo tenhamos condições de apresentar à sociedade todas as informações cristalinas, levar a verdade desses fatos todos ao povo goiano.
Pergunta: O governo do Estado não sabia que a empresa que faria a manutenção dos helicópteros do Estado não poderia mais fazer esse tipo de serviço?
Governador: Eu não tive essa informação, até porque são muitas tarefas que nós temos. A responsabilidade é do coordenador dessa área de manutenção dos helicópteros. No curso das investigações todas as informações a este respeito e também todas as outras serão trazidas e esclarecidas ao público.
Pergunta: A Polícia Civil anuncia uma possível paralisação. Isso o preocupa?
Governador: Olha, estamos dialogando com os delegados há muito tempo, estamos fazendo o possível para atendermos as reivindicações deles. Tivemos um diálogo depois de um grande enfrentamento com a educação e, felizmente, pelo diálogo, conseguimos uma solução boa, que contemplou os professores dentro das possibilidades do governo. Será assim em relação às outras categorias. Uma das minhas marcas sempre foi o respeito aos servidores públicos, que são nossos colegas de trabalho. Ninguém valorizou tanto os servidores públicos quanto os nossos governos. De novo estamos resgatando a Data Base, estamos valorizando com quase 10% de aumento todos os servidores do Estado, além de outros que estão recebendo aumentos maiores ainda. O fato é que em Goiás, desde 1999, o décimo terceiro salário é pago no mês do aniversário do funcionário, os salários são rigorosamente pagos em dia, antes do mês vencer e muitas outras políticas de qualificação, promoção, melhorias foram e continuarão a ser feitas em relação ao funcionalismo público.
Pergunta: Mas o governo está aberto às negociações?
Governador: O governo sempre esteve. Nós já conversamos inúmeras vezes com os delegados, temos conversado com outros servidores, já anunciamos aumentos muito expressivos. Talvez faltem apenas alguns ajustes para serem concluídos. O fato é que governo não pode dar aumentos além da sua possibilidade financeira e fiscal. Temos um limitador, que é a Lei de Responsabilidade Fiscal. Tudo o que fazemos é com base na lei e em um rigoroso planejamento que nos possibilite chegar ao final do ano com as contas equilibradas, sem déficit.
Pergunta: Nesse final de semana o senhor participou de um evento em Catalão. O senhor chegou a conversar com o presidente da Assembleia, Jardel Sebba, sobre a proposta dele de obrigar que secretários de primeiro e segundo escalão tenham disputado eleições?
Governador: Conversei rapidamente com ele sobre isso. Se ele apresentar o projeto, certamente ele será alvo de debates na Assembleia e poderá ser aprimorado. Os critérios que estamos adotando no governo são critérios muito objetivos, muito duros. Estamos exigindo que todas as pessoas que ingressem no serviço público, por meio de concursos ou cargos comissionados, não estejam enquadradas pela lei da Ficha Limpa. Estamos implantando em Goiás o sistema de meritocracia, buscando colocar em cada uma das áreas profissionais qualificados, competentes, que tenham mérito para prestar bons serviços aos goianos. Queremos que o governo de Goiás seja o mais qualificado do Brasil, e essa tem sido nossa preocupação. Afinal de contas, nos três primeiros meses do ano tivemos o maior aumento em termos de crescimento do PIB do Brasil. No mês de março tivemos um estrondoso crescimento, quase 30%. O segundo colocado ficou em um terço do crescimento de Goiás. Se Goiás cresce desse tanto, impulsionado pelo governo, o governo tem de estar cada vez mais qualificado para prestar esses serviços.
Pergunta: na semana passada dois senadores discutiram se o senhor iria ou não ser convocado pela CPI do Cachoeira. Um alegava que o senhor teria sido citado mais de 200 vezes em inquérito da Polícia Federal. O senhor está preocupado, está pronto para falar?
Governador: Olha, pelo que vi, muitas pessoas foram citadas indevidamente. A presidente da República, vários ministros do Supremo, vários governadores, prefeitos, parlamentares. Infelizmente, às vezes as pessoas citam nosso nome até mentindo, ou às vezes querendo mostrar algum tipo de intimidade para levar vantagens. Felizmente, estamos muito tranquilos em relação ao governo de Goiás. Eu jamais permiti que alguma empresa pagasse qualquer tipo de propina ao governo. Tomamos muitas medidas no sentido do combate aos jogos ilegais. Mais de 700 operações policiais foram feitas, e 1.900 máquinas foram apreendidas. Essas medidas vão continuar no governo do Estado. Pessoas que precisavam sair do governo deixaram o governo, e nós vamos continuar no rigoroso combate à criminalidade. Desde o princípio pedi para ser investigado pelo Ministério Público Federal, pelo Superior Tribunal de Justiça. Enviei uma carta há mais de 30 dias ao meu partido me colocando á disposição para ir a CPI aqui na Assembleia, cuja propositura foi da base de apoio ao governo, e também para ir a CPMI do Congresso, caso seja necessário. Estou pronto para ir, para esclarecer qualquer coisa, e mais: se for convocado a ir a CPMI, quero propor que ela se estenda às empreiteiras. Acho que seria um dever investigar as relações de todas as empreiteiras com todos os governos, com todas as esferas de poder, quebrar sigilos; enfim, passar o Brasil a limpo. Talvez essa seja a grande oportunidade de passarmos o Brasil a limpo.
Pergunta: Por quê? Há muitas irregularidades, na sua opinião?
Governador: Aqui em Goiás, não. Estou tranquilo, e se isso acontecer quero que meu governo seja o primeiro a ser investigado. Agora, pelo que se ouve, existem muitas irregularidades em várias instituições do País. Acho que o Brasil precisa ser passado a limpo de verdade, não na base da hipocrisia ou da perseguição. Uma pessoa não pode ser perseguida porque às vezes tem divergências com outras pessoas. Divergências ideológicas, divergências políticas. Temos que acabar com isso no País. Essa história do rancor, do ódio, não pode acontecer. O tratamento deve ser igual para todos.
Pergunta: O senhor se sente perseguido?
Governador: Olha, às vezes sim. Quando se fala em uma CPI para investigar o Procurador Geral da República, o ministro do Supremo, a revista Veja, e outros órgãos da imprensa, para investigar o governo de Goiás, fica parecendo que há algo tendencioso, motivado por ódio, por perseguição. Que façamos algo, e tenho certeza de que o Congresso fará, absolutamente transparente. Doe em quem doer.