ENTRE A TRADIÇÃO E O ALERTA – Festas do Peão preservam a cultura sertaneja, mas alertas sobre segurança ganham destaque após incidente em São João d’Aliança.
Incidente com animal durante festa em São João d’Aliança – GO levanta questionamentos sobre os cuidados com o público e os animais. Episódio mostra que, além da tradição, é preciso reforçar protocolos para evitar acidentes.
Roberto Naborfazan
O rodeio é, há décadas, uma das expressões mais emblemáticas da cultura do interior brasileiro. Em especial no estado de São Paulo, cidades como Barretos, Piracicaba, Cajamar, Limeira e Jaguariúna sediam grandes festas do peão que movimentam a economia local, atraem multidões e celebram o estilo de vida sertanejo. Esses eventos são mais do que entretenimento: são símbolos de uma identidade cultural profundamente enraizada no cotidiano das populações rurais.
A Festa do Peão de Barretos, por exemplo, é considerada o maior rodeio do país e serve de inspiração para outras cidades que apostam nesse tipo de evento como forma de promover turismo, arte e tradição. As montarias, as músicas sertanejas e a estética do campo formam um verdadeiro espetáculo popular.
No entanto, a grandiosidade dos rodeios também impõe um desafio permanente: garantir a segurança de todos os envolvidos — tanto do público, quanto dos animais.

Incidente em Goiás levanta debate sobre protocolos de segurança
Durante o 15° Rodeio Show de São João d’Aliança, município do nordeste goiano, próximo a Brasília (DF), um episódio quase transformou a festa em tragédia. O evento, que começou na sexta-feira, 9, e segue até domingo, 11, incluiu as tradicionais provas de montaria e shows musicais. Contudo, no primeiro dia, um dos animais escapou da área do brete — o espaço reservado para preparar os animais antes das provas — e correu descontroladamente entre o público.
O incidente gerou correria e pânico, principalmente entre famílias que acompanhavam o evento. “Imagina se tem uma criança ou uma pessoa idosa na frente desse bicho, poderia ter acontecido uma tragédia”, relatou uma testemunha. Outra pessoa criticou: “Isso foi um descuido grave, uma irresponsabilidade por parte da organização”.
Apesar do susto, o animal foi contido sem maiores consequências.
Ao Jornal O VETOR, por telefone, o organizador do evento, o empresário Claudio Nascimento, afirmou que apenas o dono da tropa sofreu ferimentos leves e já retornaria ao trabalho neste sábado. Ele prometeu um pronunciamento mais detalhado após o encerramento da festa.
Vídeos que circulam em redes sociais mostram o desespero de algumas pessoas durante a fuga do animal. Veja abaixo.
Tradição com responsabilidade: o equilíbrio necessário
O episódio reacende discussões importantes sobre a realização dos rodeios no Brasil: como garantir que eventos dessa magnitude estejam preparados para lidar com riscos?
Além da segurança do público, cresce a cobrança por normas rígidas também para garantir o bem-estar dos animais, protegendo-os de maus-tratos e estresse.
Apesar das críticas, os defensores do rodeio afirmam que os eventos seguem regulamentações específicas e que a maioria das organizações investe em cuidados com os animais, desde o transporte até o descanso entre as provas.
A verdade é que o rodeio segue como um símbolo vivo da tradição sertaneja — mas, como todo espetáculo de grande porte, exige profissionalismo, planejamento e respeito à vida em todas as suas formas.
FOT DE CAPA: Montagem Jornal O VETOR