ENTRE A DOR E O AMOR – Jovem tem morte cerebral, após acidente com moto, e família doa todos os órgãos.

Camila Camargo Evangelista sempre dizia, com convicção, que, se pudesse, faria a escolha de doar seus órgãos. Mesmo em momento de extrema dor, seus familiares respeitaram e honraram esse desejo de amor supremo. Nos últimos cinco anos, houve um aumento de 65% nos transplantes de órgãos em Goiás.

Roberto Naborfazan

A jovem Camila Camargo Evangelista, 28 anos, entrou em coma após sofrer um acidente com sua moto, no dia 21 de janeiro deste ano, em Goiânia.

Após cinco dias de internação, na manhã de sábado, 26, a equipe médica do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira – HUGOL, comunicou aos familiares que Camila havia sofrido morte encefálica, habitualmente chamada de morte cerebral.

Mesmo diante da dor que abalou toda a estrutura de parentes e amigos, os familiares, se revestindo de amor, resolveram atender ao desejo expressado em vida pela jovem, e permitiu a doação de todos os órgãos possíveis de serem utilizados para dar sobrevida aos pacientes em espera na fila única brasileira.

Em nota publicada em redes sociais, familiares destacaram que “Camila sempre acreditou que a doação de órgãos era um ato de extrema generosidade e beleza. Em vida, dizia com convicção que, se pudesse, faria essa escolha. Com o apoio e a decisão unânime de seus familiares, sua vontade foi respeitada, e seus órgãos foram doados para transformar vidas. Hoje, foi feito uma linda homenagem a essa verdadeira heroína, que transformou despedidas em recomeços. A doação de órgãos é mais do que um gesto de amor; é a prova de que a vida pode continuar em cada coração tocado por esse ato. Essa história nos inspira a refletir sobre o impacto que podemos causar ao dizer “sim” à doação de órgãos. Nossa eterna gratidão àqueles que, mesmo na dor, escolhem espalhar esperança e deixar um legado de luz.”

Camila Evangelista sempre acreditou que a doação de órgãos era um ato de extrema generosidade e beleza. Familiares horaram seu desejo de ser doadora. FOTO: Álbum de família.

Segundo informado ao Jornal O VETOR, a doação dos órgãos autorizada pelos familiares irá dar sobrevida a onze pessoas.

Médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e todos os envolvidos no tratamento de Camila e na captação de seus órgãos fizeram um corredor em honra para uma pessoa que viveu com alegria e amor, estendendo essas virtudes para além da vida terrena.

Camila Camargo Evangelista era casada, e deixa duas filhas, uma com dez e a outra com seis anos de idade. Veja no vídeo abaixo a emocionante homenagem feita a uma grande guerreira.

Que esse ato de amor e compaixão expressado em vida por Camila Evangelista, respeitado e honrado por seus familiares, se torne exemplo, e que em situações semelhantes, a dor da despedida se torne amor pelo próximo, tirando pacientes da hemodiálise, permitindo que pessoas voltem a enxergar, além de garantir sobrevida a pacientes que necessitam de diversos outros órgãos para transplantes.

Transplantes  de órgãos aumenta em 65% nos últimos cinco anos em Goiás

O Governo de Goiás registrou o maior número de doações de órgãos desde 2020, com 114 doadores em 2024, quando foram notificados 657 casos de morte encefálica. Os transplantes de órgãos e tecidos tiveram um aumento significativo de 65% nos últimos cinco anos, saindo de 540 em 2020 para 891 no ano passado. No período foram realizados, 3.414 procedimentos.

Gerente da Central Estadual de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, Katiuscia Freitas ressalta que conseguir o consentimento das famílias permanece um desafio.

“Trabalhamos com o incentivo à manifestação expressa do doador aos familiares e ao diálogo consciente. Levamos informações e esclarecimentos sobre todo o processo e fazemos campanhas sistemáticas de orientação”. Katiuscia Freitas

O aumento de 18% no número de notificações é resultado dos treinamentos nas unidades de saúde para que os casos de morte encefálica sejam comunicados à Central Estadual de Transplantes. O objetivo desses registros é monitorar e validar todos os

diagnósticos de morte encefálica, conforme a legislação vigente, e oferecer a possibilidade da doação para transplantes.

Nos últimos cinco anos, além do aumento significativo dos transplantes, Goiás consolidou o Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG) como o principal centro transplantador do estado. Cerca de 98% dos transplantes de órgãos foram realizados no HGG, que em 2024 iniciou os transplantes de pâncreas e de medula óssea autólogo.

Aumento significativo dos transplantes consolidou o Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG) como o principal centro transplantador do estado de Goiás.

Foi registrado, ainda, o maior número de transplantes de medula óssea da série histórica, com um aumento expressivo de 102% comparado ao ano de 2023, tendo o HGG realizado 27% dos transplantes em pouco mais de um ano desde a habilitação do serviço na unidade.

Goiás realiza transplantes de rins, fígado, pâncreas, córneas, medula óssea e músculo esquelético. Atualmente, 2 mil pessoas estão na lista de espera. “Esperamos que em 2025 possamos aumentar o consentimento das famílias e contribuir com um maior número de pessoas beneficiadas por um recomeço através dos transplantes”, afirma Katiuscia.

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