ENCONTRO DE CULTURAS – O lixo transformado em arte
POR EDUARDO SÁ
Fortalecendo artistas e a consciência ambiental em eventos, o Circuito Resíduo Arte está promovendo oficinas e apresentações artísticas no XVII Encontro de Culturas Tradicionais na Chapada dos Veadeiros. Sua primeira atividade ocorreu na tarde de 26 de julho, com uma oficina de reaproveitamento artístico do lixo e de materiais orgânicos do Cerrado. Uma feira de artesanato com a exposição de 38 artesãos também faz parte da programação. A oficina acontece até 29 de julho, no Espaço Moacir, todos os dias (consulte a programação na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge).
Graças à Lei Goyazes de Incentivo à Cultura, o projeto estreou na edição de 2016 do Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica). Nesta segunda edição, durante o Encontro de Culturas, a equipe conta com 21 pessoas, que estão promovendo apresentações de música, teatro e circo com o Grupo Boca de Lixo e o Bambulengo, além de cinco oficinas de reaproveitamento do lixo e a feira de artesanato. A principal matéria-prima para os instrumentos, cenários, figurinos e ambientação também são produzidos a partir do lixo. As apresentações ocorrem em interação com o público.
De acordo com o idealizador do Circuito, Chistiano Verano, a ideia é fomentar a política de cultura, além do caráter de educação ambiental, por meio da arte. Segundo ele, o trabalho faz as pessoas refletirem sobre a nossa relação com o lixo não só com os produtos, mas também com as mensagens transmitidas durante as apresentações artísticas e palestras. “Todos os artistas são contratados e a comercialização vai para o bolso deles, então também tem a questão da geração de renda aos artistas”, disse.
O facilitador da oficina, Mestre Dantas, é um antigo artesão de Goiânia que também faz pinturas e esculturas com lixo e material orgânico. Ele utilizou sementes e gravetos, dentre outros materiais orgânicos do Cerrado, com papelão e cola. Faz até 11 bichos com o material, mas deixou a oficina livre para a criação dos participantes com o seu auxílio.
“Faço oficinas há anos com duas vertentes: reaproveitamento do Cerrado e lixo urbano, criando peças decorativas e utilitárias. Sou um artista de rua, operário da arte, meu material não fica em vitrine. Tem a questão da consciência ambiental, mudar a relação com o lixo porque existe toda uma preocupação, mas ainda estamos engatinhando nisso. O Encontro é bom para a gente propagar a ideia e acaba sendo bom para todo mundo, inclusive o ambiente”, falou.
Lautaro Escola, músico e palhaço argentino que veio do Rio de Janeiro para o evento, fez uma coruja e um escorpião durante a oficina. “Muito bom aproveitar o material da natureza biodegradável. Ajuda a estimular a não usarmos produtos sintéticos derivados do petróleo. Além de aproveitar para conhecer a biodiversidade da região e aprender a preservar e respeitá-la de forma lúdica”, disse.
FONTE: http://www.encontrodeculturas.com.br/2017