EM DEFESA DA VIDA – Policiais Militares impedem suicídio na GO 118, no nordeste goiano.

Jovem com histórico de depressão tentava se matar, circulando entre o forte movimento de veículos leves e pesados da rodovia. Policiais Militares interditaram o trânsito e o convenceram a desistir de se matar. Devido à sua alta prevalência, a depressão é a doença mais associada ao suicídio no mundo.

Roberto Naborfazan

Além de proteger a sociedade goiana dos nefastos criminosos que se infiltram nas comunidades em grandes centros urbanos e nos mais distantes rincões, não raro se vê agentes da Gloriosa Polícia Militar do Estado de Goiás salvando vidas, seja um bebê engasgado, seja em acidentes domésticos, ou até mesmo, como nesse caso, evitando que uma pessoa depressiva dê fim a própria vida.

No sábado, dia 11/11, equipe de Policiais Militares da 14ª Companhia Independente da Polícia Militar (14ª CIPM – Alto Paraíso de Goiás/São João d’Aliança), composta pelo 2⁰ Sargento Bueno, 3⁰ Sargento Elwis, Soldado Neri, Soldado Odon e Soldado Barbosa, se deslocava para reforçar a segurança nos festejos do 69º aniversário de emancipação política de São João d’Aliança, quando, no trecho da GO 118 entre o trevo para Planaltina de Goiás e o distrito de São Gabriel, perceberam uma pessoa na pista, entre o forte fluxo de caminhões e veículos leves existente na rodovia.

Policiais Militares mostraram acolhimento e compreensão, convencendo o jovem a demover da ideia de cometer suicídio.

Imediatamente os Policiais Militares desembarcaram da Viatura, fizeram o controle do trânsito, e, alertados por um amigo da pessoa na pista, que já havia, inclusive, sido atingido pela lateral da carroceria de uma carreta, na tentativa de socorrer o companheiro, souberam que ela tinha histórico de depressão e tentava se matar.

Os Militares, sob o comando do Sargento Bueno, iniciaram o processo de conversação estratégica com o homem, que mantinha a decisão de se matar. No diálogo, se descobriu que o homem já tentara diversas outras vezes contra sua própria vida, tendo expostas cicatrizes no pulso e na perna.

Mesmo com o elemento agitado e mostrando nervosismo, a equipe de Policiais Militares mostraram acolhimento e compreensão, conseguindo, enfim, o demover da ideia de cometer suicídio.

Devido ao estado de agitação do homem, os Militares acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e Corpo de Bombeiros Militar (CBM), que fizeram os primeiros atendimentos no local, o encaminhando em seguida para o Hospital Municipal de Planaltina de Goiás.

Momento em que o jovem é entregue pelos Militares aos cuidados dos socorristas do Corpo de Bombeiros Militares.

Posteriormente, foi informado à reportagem do Jornal O VETOR, que o jovem havia sido medicado e já se encontrava em casa, mais calmo, e agradecido aos Militares por salvarem sua vida.

Depressão

Incluída no rol dos transtornos mentais, a depressão é uma doença psiquiátrica comum, que se caracteriza por tristeza persistente e falta de interesse em realizar atividades que antes eram consideradas divertidas. A depressão pode afetar pessoas de todas as idades, desde bebês a idosos. Entre os tipos mais comuns da doença estão a depressão maior, a bipolar, a pós-parto, os transtornos depressivos induzidos por outras substâncias ou medicamentos, entre outras. A distimia, por exemplo, é um tipo de depressão crônica e incapacitante, que apresenta sintomas leves a moderados de tristeza, sensação de vazio ou infelicidade.

“Todas precisam de acompanhamento médico adequado pois, se não tratadas, essas doenças podem levar ao suicídio”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antonio Geraldo da Silva. A campanha Setembro Amarelo, realizada anualmente pela ABP, chama a atenção sobre a depressão e os perigos que ela pode causar.

“A família e os amigos são fundamentais na busca por ajuda e no apoio ao tratamento. Muitas vezes, são os primeiros a perceber que há algo de diferente e apontar a necessidade de buscar auxílio psiquiátrico”.

“Praticamente, todos os casos de suicídio são relacionados aos transtornos mentais, principalmente os não diagnosticados ou tratados incorretamente. Dessa forma, a maior parte dos episódios fatais poderia ter sido evitada com as informações corretas sobre saúde mental e doenças psiquiátricas”.

O doutor Antonio Geraldo Silva esclarece ainda que, devido à sua alta prevalência, a depressão é a doença mais associada ao suicídio. “Não só durante a campanha Setembro Amarelo, como em todos os meses, a ABP cumpre sua principal missão, que é disseminar conteúdos relevantes sobre saúde mental para a sociedade, atuando na conscientização da sua importância e na prevenção das doenças mentais”.

Fatores de risco

Segundo informou o especialista, alguns fatores de risco podem levar uma pessoa à depressão. “Existem diversos fatores que podem ser considerados gatilhos e causam impacto no desenvolvimento de uma doença mental, como causas genéticas, que chamamos de genótipo, e os fatores ambientais, os fenótipos. São duas características que, quando combinadas, determinam se a pessoa desenvolverá ou não qualquer tipo de doença”. Silva explicou que o ambiente no qual o indivíduo está inserido e seu comportamento também contribuem para o desenvolvimento de doenças mentais como, por exemplo, conflitos familiares, dificuldades financeiras, problemas no relacionamento, a influência da mídia e das redes sociais. Essas situações podem ser fatores potencializadores para o surgimento de uma doença mental. “Sendo assim, isso também tem impacto no comportamento suicida”, disse o psiquiatra.

Além dos fatores ambientais e genéticos, o presidente da ABP lembrou que outros fatores podem impedir o diagnóstico precoce das doenças mentais e, consequentemente, causar impacto na prevenção do suicídio, levando ao aumento de casos, como o estigma e o tabu relacionados ao assunto. “Esses são aspectos importantes que impactam negativamente nos portadores de doenças mentais e no comportamento suicida”. “Praticamente, 100% das pessoas que tentam ou cometem suicídio têm alguma doença psiquiátrica, diagnosticada ou não. As doenças mais relacionadas ao suicídio, além da depressão, são transtorno bipolar, transtornos relacionados ao uso e abuso de álcool e drogas, transtorno de personalidade e esquizofrenia.

A pessoa diagnosticada com depressão precisa ter uma rede de apoio de familiares ou amigos. “A família e os amigos são fundamentais na busca por ajuda e no apoio ao tratamento. Muitas vezes, são os primeiros a perceber que há algo de diferente e apontar a necessidade de buscar auxílio psiquiátrico”. Os sintomas depressivos variam de pessoa para pessoa, mas os mais comuns são tristeza, fadiga, distúrbios de sono, alterações no peso, baixa autoestima, perda de energia, dificuldade de concentração, redução de interesse em atividades anteriormente prazerosas e no contato com pessoas, ideias suicidas.

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