ECONOMIA SOBRE TRILHOS – Concluída após 36 anos, ferrovia Norte-Sul pode reduzir frete em 40%.

Primeira ferrovia inaugurada nos últimos 15 anos no Brasil, a Norte-Sul corta quatro das cinco regiões do Brasil (Centro-Oeste, Norte, Sudeste e Nordeste). Principal vantagem é a diminuição do preço do frete no país.

Roberto Naborfazan

Sem alarde, o Brasil acaba de concluir um de suas maiores – e mais polêmicas – obras de logística. Depois de 36 anos, a Ferrovia Norte-Sul está pronta. No fim de maio, foi concluído o último trecho da “nova-velha” estrada de ferro, entre Palmeiras de Goiás e Goianira, no interior de Goiás.

O traçado original previa 4,1 mil quilômetros de trilhos, literalmente, cortando o país. Eles iriam do porto de Itaqui, no Maranhão, até o porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul – daí o nome da ferrovia. Depois de erros técnicos, inúmeros escândalos e cerca de R$ 15 bilhões investidos, esse percurso encolheu. A Norte-Sul ficou com 2,2 mil quilômetros, entre Açailândia, também no Maranhão, e Estrela d’Oeste, em São Paulo. Agora, o correto seria chamá-la de Norte-Sudeste.

Em percursos acima de 800 quilômetros, o frete em uma ferrovia pode ser entre 30% a 40% do que o rodoviário. Acima de 1,5 mil quilômetros os valores são superiores a uma economia de 40%.

Embora encurtada, a extensão atual da ferrovia ainda é colossal. Ela atravessa quatro das cinco regiões brasileiras (Centro-Oeste, Norte, Sudeste e Nordeste). E quais serão suas vantagens? De acordo com Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, os benefícios incluem uma redução de até 40% nos custos de frete e, possivelmente, o início de uma mudança de paradigma em relação à logística no país.

Resende destaca principalmente o momento histórico da conclusão das obras, já que é a primeira ferrovia que será inaugurada no país depois de 15 anos. A principal vantagem é realmente o preço do frete no país, como explica o coordenador: “Ele varia de acordo com a distância do transporte. Em percursos acima de 800 quilômetros, o frete em uma ferrovia pode ser entre 30% a 40% do que o rodoviário. Acima de 1,5 mil quilômetros, estamos falando seguramente de valores superiores a uma economia de 40%. Esse é o caso da Norte-Sul”. Sobre o impacto da Norte-Sul para a matriz de transportes brasileira, ele fala que está crescendo o investimento em ferrovias pela iniciativa privada, facilitando o granel agrícola em 35% até 2035.

“Não há país no mundo de dimensões continentais tão desequilibrado para o lado rodoviário como o Brasil. E para as commodities, em longa distância, esse é o sistema menos viável. É para começar a alterar esse quadro que a Norte-Sul também pode ser importante”, conclui.

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