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DURANTE O INTERROGATÓRIO – Bolsonaro nega ter incentivado atos do 8/1 e chama de ‘malucos’ apoiadores que pedem intervenção militar.

Ex-presidente negou ter incentivado apoiadores a invadirem as sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, e minimizou pedidos de intervenção militar e de um novo decreto AI-5.

Por Fernanda Vivas, Fábio Amato, Ana Flávia Castro, Gustavo Garcia*

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou, nesta terça-feira (10), ter incentivado qualquer movimentação antidemocrática em 8 de janeiro de 2023, e afirmou que, mesmo sem aval dele, existem “malucos” que pedem por um novo AI-5, uma intervenção militar no país.

O AI-5 (Ato Institucional nº 5) foi um decreto promulgado em 13 de dezembro de 1968 durante a ditadura militar no Brasil, considerado o ato mais duro e que recrudesceu os atos de repressão política, já em vigor durante a ditadura militar (1964-1985).

“Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas… que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali”, afirmou o ex-presidente (entenda mais abaixo).

Bolsonaro deu a declaração durante interrogatório na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi o sexto réu a prestar depoimento no processo penal sobre tentativa de golpe de Estado.

Jair Bolsonaro presta depoimento no STF — Foto: Antonio Augusto/STF

Invasões de 8 de janeiro

Durante o interrogatório nesta terça, Bolsonaro foi questionado sobre as manifestações contra o resultado das eleições, e frisou que fez um vídeo pedindo a desobstrução das vias: “Se eu almejasse um caos no Brasil, era só ficar quieto”.

“Nós repudiamos tudo isso aí. Com todo respeito, doutor Paulo Gonet, não procede que eu colaborei com o 8 de janeiro. Não tem nada meu ali, estimulando aquela baderna que nós repudiamos”, disse.

Ele também disse que, antes de viajar para os Estados Unidos, fez uma live em que afirmou que não queria confronto. Declarou que não estimulou que ninguém fizesse nada ilegal, e que esteve recluso no Alvorada.

Durante manifestações a favor do ex-presidente após o resultado das urnas, brasileiros foram às ruas com faixas pedindo por intervenção militar com Bolsonaro à frente do governo.

“Eu pacifiquei ao máximo que pude durante os dois meses de transição. Não teve estímulo da minha parte a fazer nada de errado. Obviamente, perdi a eleição, não convoquei ninguém pra fazer protestos, fazer qualquer coisa ilegal ou até mesmo legal. Eu simplesmente te fiquei recluso no Palácio da Alvorada”.

O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, frisou que gostaria de ouvir do ex-presidente se ele não atuou para desmobilizar os apoiadores que estavam acampados na frente de quartéis pelo país clamando por intervenção militar, que significava uma quebra de normalidade democrática.

Bolsonaro chama de ‘malucos’ apoiadores que pediram intervenção militar.

“Alguns poucos falavam até em AI-5. Quantas vezes eu orientava o pessoal que chegava, em movimentos nossos pelo Brasil, eu chegava para quem estava com a placa do AI-5. Questionava: ‘O que é AI-5’. Eles nem sabiam o que era isso. Intervenção militar, isso não existe. É pedir pro senhor praticar o suicídio, isso não existe. Deixa o pessoal desabafar”.

“O que nós poderíamos fazer, uma intervenção muito forte. Se nós desmobilizássemos aquilo, poderia o pessoal ir na região aqui da Praça dos Três Poderes, o que é pior ainda. [É melhor] ficar lá, afastado”, seguiu Bolsonaro.

FONTE: TV Globo e g1 — Brasília

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