DOUTRINA ESPÍRITA – O HOMEM E AS CALAMIDADES

Ro­ber­to Cury
Ro­ber­to Cury

Roberto Cury

Pelo menos uma vez a cada ano, da primeira metade do século passado até agora, temos assistido, pela televisão, os horrores das calamidades mundiais, algumas naturais e outras, consequências da incúria humana ou até mesmo provocadas pelas violências religiosa, racial ou paroquial.

Vez em quando me pergunto: – por que tanta fúria no nosso planeta?

A natureza que se rebela e então vêm maremotos, tsunamis, terremotos, ciclones, vendavais, erupções vulcânicas, excessivas chuvas provocando desabamentos, enchentes e mortes por soterramentos, por afogamento, deslizamentos de montes e de aclives, causando miséria, fome, perda total ou parcial dos bens materiais, destruição generalizada, pragas ecológicas e doenças incuráveis dizimando populações e plantações.

Destacam-se os ciclones constantes nos Estados Unidos, o Tsunami na Ásia, as erupções vulcânicas e a movimentação das placas tectônicas nas camadas subterrâneas cujas fissuras têm causado desabamentos, soterramentos e danos irreparáveis em várias partes do mundo; o terremoto e o maremoto no Japão, os tremores de pequena intensidade, mas, que assustam em alguns lugares do território brasileiro, a tragédia barrenta de Mariana aqui no Brasil que, além de muitas vidas ceifadas e destruição do patrimônio de inúmeras famílias, praticamente extinguiu o Rio Doce que fornecia água e alimentos a várias cidades mineiras, matando os peixes e as colônias de crustáceos, cuja lama continua contaminando a terra com resíduos tóxicos transitando pelo Estado do Espírito Santo e agora atingindo o mar na desembocadura daquela corrente fluvial. O incêndio do cinema em Santa Maria, no Rio Grande do Sul que ceifou a vida de mais de duzentos jovens. O desmatamento desenfreado tem causado danos irreparáveis ao sistema e ao clima, principalmente no nordeste onde a seca destrói toda a possibilidade de vida vegetal e animal e agora na região amazônica, cuja floresta, reiteradamente, tem sido agredida alterando o meio ambiente, provocando as enchentes dos rios, a invasão das águas para além das margens dos cursos fluviais, fazendo divisar a criação inexorável de um grande deserto num futuro breve.

Doenças incuráveis como a AIDS e o Ebola, a gripe suína, a gripe asiática, a febre amarela, a peste negra causaram e ainda causam verdadeiras hecatombes entre os humanos desde a Idade Média.

O homem ora se distingue como centro, ora como objeto das grandes mortandades desde a libertação dos escravos na maioria do mundo ocidental, mas, infelizmente ainda há escravidão em alguns pontos do planeta terreno, principalmente nas regiões mais pobres e sofridas, especialmente na África. Até aqui no Brasil, vez em quando chega ao conhecimento público de que em fazendas mais afastadas do nosso continental País, há exploração do trabalho escravo a que são submetidos nossos irmãos mais simples e ignorantes, na roçagem, na plantação, na colheita de insumos agrícolas, inclusive na queima de árvores para produção de carvão vegetal.

Os desastres aéreos, afundamentos de navios de grande calado e de barcos superlotados por fugitivos de regimes totalitários ou de revoluções intestinas, vindos do Oriente Médio ou da África que tentam refugiarem-se em outros países da Europa explodindo ou afogando centenas de pessoas em cada evento fatídico.

Outras calamidades são os morticínios deliberados por facções que se arvoram em religiosas e que matam, sem julgamento, naturais e estrangeiros que não comungam de suas crenças fanáticas sendo passados a fio de espada, degolados a sangue frio, ou a tiros em escaramuças nas quais as vítimas sequer têm como se defender, tudo à frente do mundo inteiro pois que as execuções, muitas vezes, vêm sendo filmadas a vivo e a cores e transmitidas pela televisão. Homens e mulheres bombas que acreditam que irão diretamente para o paraíso, cujos fanatismo e ódio os incapacitam de reconhecer que sendo responsáveis por sua morte e a de terceiros, criam uma impossibilidade, transitoriamente intransponível, para a entrada no Éden Celestial, pois ali é o lugar para onde vão os justos, os bons, os que amaram e amam a todos como irmãos, sem distinção de raça, de cor, de religião, jamais os que se utilizaram ou usam da violência, da agressão, do assassinato covarde.

Guerras, guerrilhas, revoluções armadas, morte de inocentes, principalmente de crianças e de mulheres, na busca do poder, da supremacia de uma raça sobre a outra, por ambição econômica, para apoderar de riquezas minerais, para dominação política, para submeter o povo local às suas vontades de conquistadores e outras idiossincrasias, têm sido constantes neste mundo de Provas e de Expiações.

Um dos povos mais perseguidos no Mundo é o formado pelos curdos.

Os curdos são um grupo étnico que se considera como sendo nativo de uma região frequentemente referida como Curdistão, que inclui partes adjacentes do Irã, Iraque, Síria, Turquia, Armênia e Geórgia. Também há comunidades curdas no Líbano, Azerbaijão (Kalbajar e Lachin, a oeste de Nagorno-Karabakh) e, em décadas recentes, em alguns países europeus e nos Estados Unidos. Etnicamente aparentados com outros povos iranianos, eles falam curdo, uma língua indo-europeia do ramo iraniano. Todavia, as origens étnicas curdas são incertas. O grupo deixou a cidade de Sinjar por serem curdos, minoria social e religiosa no país. Lá, eram perseguidos políticos. Para fugir da morte, eles cruzaram fronteiras do Iraque, da Turquia e do Brasil. Tentavam chegar à Alemanha pela Argentina, mas os passaportes albaneses ilegais, descobertos no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, interromperam a travessia.

O Estado Islâmico ocupa o território iraquiano e destrói tudo por onde passa. “Nossa cidade acabou. Ela era linda, tinha prédios e construções bonitas. Acabou tudo. Por fim, vivíamos em campos de refugiados”

A perseguição religiosa atinge várias regiões do mundo e afeta milhões de famílias. Na África, o extremismo cristão também faz vítimas há mais de 30 anos. Segundo relatório das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), do Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC) e do Conselho Norueguês de Refugiados (NRC), a violência do Exército de Resistência do Senhor (LRA, sigla em inglês) atinge as populações de quatro países da África Central, onde 440 mil pessoas se viram forçadas a deixar suas casas e cidades. O grupo atua principalmente na República Democrática do Congo, em Uganda, no Sudão do Sul e na República Centro-Africana, onde deixa rastros de massacres, mutilações, estupros e sequestros. Há relatos também de que crianças e adolescentes têm sido raptados para a escravidão sexual, o trabalho servil e os combates, como soldados. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013, em duas províncias, que são alvo do grupo rebelde, a pobreza atinge 87,7% da população.

No continente africano a ação de grupos radicais como Boko Haram, Al-Shabaab e outros, que lutam para impor seus ideais religiosos, a violenta perseguição religiosa junto com a seca e fome tem feito da vida dos cristãos um verdadeiro inferno. Recentemente, quatro pessoas que viajavam do Quênia para uma ilha popular na costa da Somália foram sequestradas por membros da Al-Shabaab e mantidas na floresta por alguns dias. Três deles muçulmanos foram libertados; o quarto era cristão; foi sumariamente executado. Esse é outro exemplo da luta constante entre o islã radical e o cristianismo e outras minorias religiosas na África.

A Al-Shabaab é uma insurgência islâmica radical que detém o controle de largas faixas ao sul da Somália.

Há quem afirme que os grupos estão convertendo as pessoas à força e ou escravizando aqueles que não concordam com sua ideologia. Recentemente as redes sociais mostraram um jovem muçulmano que teve decepados a mão direita e o pé esquerdo porque não aceitou aderir às crenças dos radicais.

Outro grande exemplo: milhões têm sido desalojados de seus lares, no Sudão do Sul que estão enfrentando uma seca extrema e uma indisfarçável fome pois a ajuda humanitária é incapaz de chegar às áreas atingidas devido ao conflito.
Enquanto os olhos do mundo pareciam fixos para a Síria e o Iraque em 2014, a vida dos cristãos piorou de maneira ainda mais profunda na África, segundo a publicação de relatório anual sobre a liberdade religiosa.

A situação deteriorou-se mais rapidamente na África subsaariana, em países onde o extremismo islâmico é a principal fonte de pressão sobre os cristãos e, também, em partes da Ásia e da América Latina, regiões onde as condições eram relativamente favoráveis em anos anteriores. O ranking World WatchList, coproduzido pela Missão Portas Abertas, publicada desde 1993, classifica os 50 países considerados mais hostis aos cristãos durante um período de 12 meses. Ele examina a liberdade religiosa para os cristãos em cinco áreas: privado, família; comunidade, nacional e da igreja. Também mede os índices de violência com morte.

A lista aponta que 4.344 cristãos foram mortos por causa da sua fé no ano passado, mais que o dobro dos 2.123 do relatório de 2013, e mais que o triplo dos 1.201 de 2012. A maioria dessas mortes ocorreu na Nigéria, onde 2.484 vítimas foram mortas, e na República Centro-Africano, onde 1.088 pessoas pereceram. A violência contra os cristãos vem numa ascendência sem paralelo nas últimas décadas.

“É justo dizer que o extremismo islâmico tem dois centros globais de atuação. Um no Oriente Médio árabe, mas o outro está se firmando na África subsaariana, onde até mesmo estados de maioria cristã estão experimentando níveis sem precedentes de exclusão, discriminação e até a violência”, afirmou Ron Boyd-MacMillan, diretor de estratégia e pesquisas da Portas Abertas.

Tiffany Lynch, analista política da Comissão Internacional Sobre Liberdade Religiosa, acredita que o grande catalizador do último ano foi o fortalecimento da organização terrorista Estado Islâmico. Por causa disso, grupos como BokoHaram e al-Shabaab, grupos islâmicos que atuam na África, foram estimulados a subir o grau de violência.

Com exceção da Coréia do Norte, que permanece como número 1 na Lista desde a sua criação, onde a motivação para perseguir é ideológica e não religiosa, nos outros países essa é a tendência. Líderes hindus e budistas fundamentalistas sentem-se ameaçados pelo crescimento do cristianismo e tem reagido fortemente em locais como Laos, Sri Lanka e Índia.

Publicado no começo de julho, o mais recente Mapa da Violência mostra que o número de homicídios no Brasil sobe a cada ano. Em 2012, o ano com os dados mais recentes, 56.325 brasileiros foram vítimas de homicídio, o que resulta em uma média de 154 mortes por dia.

Já no confronto entre Israel e Palestina, desde o dia 8 de julho, quando Israel começou a investida contra o Hamas em Gaza, foram contabilizadas 1.901 mortes (1.834 palestinos e 67 israelenses). O que resulta numa média de 66 mortes por dia.

Essa triste estatística de nosso País, desencoraja muitos ensejando o abandono da fé por um sem número de pessoas de boa índole.

Entretanto, como alertou o Cristo de Deus: “É preciso que venham os escândalos, mas ai daquele por quem vierem os escândalos”.

Oremos para que a Natureza se tranquilize e a Terra não sofra mais os horrores das intempéries, também pelos injustiçados e ainda para que os grupos radicais se amenizem, se harmonizem, se entendam com todos os perseguidos para que a paz reine no mundo e a humanidade encontre a felicidade e o bem-estar.
Mantenhamos nossa fé, enfrentemos os dissabores, as intolerâncias, as discriminações, as cruezas que os maus impingem aos mais simples e sigamos humildes, como o Cristo de Deus que permaneceu sereno e forte durante todo o Calvário até ao seu desenlace na cruz.

POEMA RIO QUE SANGRA (Tributo ao Rio Doce)

Edna Vejan

Um rio de lágrimas vermelhas
Escorre sangrando pelas fendas
Em seu corpo indefeso
Sangra turbilhões de dores…
Dor da mãe que perdeu um filho
Cego, tonto sem rumo
Já não caminha, escorre de dor
Da casa que perdeu a família.
Morre a fauna, a flora, a vergonha
A multa que não paga, não apaga
A lama, a qual chora e clama,
A justiça divina, o milagre que não chega.
O desrespeito sangrando
Rasgando o peito
Embalando o peito
Embalando mortes, mortos
Em seu leito.
O grito do descaso é vermelho
Denso, viscoso e pesado.
O Rio que era doce
Agora é amargo, salgado.

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Um comentário em “DOUTRINA ESPÍRITA – O HOMEM E AS CALAMIDADES

  • 11 de abril de 2016 em 13:57
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    Gostei do texto Roberto. Interessante ainda observar que para muitos ser cristão é sinônimo de ser Católico. É comum esta confusão, e as pessoas se esquecem que o Cristo em verdade não propagou nenhuma religião. Ser Cristão, não implica necessáriamente ser regilioso, ser Cristão significa ser fiel a lei de amor. Amor a Deus, a nós mesmos e a nossos irmãos. Combater o cristianismo é combater a própria crença no amor. Aqueles que propagam tanta violência contra os cristãos deviam meditar sobre esta pequena palavra. AMOR.

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