DOU­TRI­NA ES­PÍ­RITA: TRÊS PEQUENAS HISTÓRIAS

ROBERTO CURY –  Fa­le Co­no­nos­co: rob­cury@hot­mail.com  – blog de ar­ti­gos es­pí­ri­tas: www.ro­ber­to­cury.blog­spot.com

Caríssimo(a) leitor(a),

Hoje não escreverei nenhum artigo. Estarei transcrevendo três pequenas histórias que colhi na página espírita chamada “Momento Espírita”. Serão abrangidos três aspectos diferentes. Espero que gostem.

1ª – ABRAÇOS GRÁTIS
Na praça movimentada de um grande centro urbano, por onde circulam milhares de pessoas diariamente, eis que uma pessoa solitária estende um cartaz que diz: Abraços grátis.
Possivelmente já tenhamos visto alguns vídeos que circulam pela Internet, mostrando cenas muito interessantes e emocionantes envolvendo os heróis dos freehugs, dos abraços grátis.
Segundo o site freehugsmovement, o registro mais antigo desse tipo de manifestação coletiva aconteceu em 1986, quando o reverendo Kevin Zaborney criou em sua igreja o Dia nacional do abraço, celebrado todo ano, em vinte e um de janeiro.
Posteriormente, a esse movimento aderiram outras instituições como ONGs, hospitais, escolas dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Austrália, Alemanha e Rússia.
Em 2001, Jason Hunter deu início ao movimento Abraços grátis, após a morte de sua mãe.
Um dia, que começou em completa tristeza, terminou em grande alegria porque eu percebi que minha mãe tinha feito exatamente o que Deus solicitou dela. – Disse ele sobre o acontecido, no site da sua campanha.
Ela adorava abraçar as pessoas, independente da raça ou sexo, e fazer com que soubessem o quanto eram importantes.
Que mundo maravilhoso poderíamos ter se fôssemos conhecidos como pessoas que têm um sorriso e uma palavra amável para todos.
Jason quis dar continuidade à missão de sua mãe e saiu pelas ruas da praia, ao sul de Miami, com o cartaz escrito Abraços grátis.
O vídeo original do Abraços grátis já tem mais de dez milhões de visualizações.
Cada pessoa que passa, reage de forma diversa. Há os que rejeitam. Mas os que cedem ao convite simpático, saem com um sorriso no rosto.
Há muito mais ali do que o simples ato de abraçar um estranho. Há a doação daquele que se coloca à disposição dos outros para um pequeno gesto de carinho.
Imaginamos que nem todos trazem boas vibrações, energias positivas, em seus abraços, pois cada um vem de uma realidade diferente e, muitas vezes, essa realidade é dura e triste.
Porém, acabam levando um pequeno mimo, um pequeno consolo, uma breve mensagem que diz: Eu me importo com você.
Há também o processo psicológico de se romper com a barreira do afastamento físico, pois muitos trazem bloqueios nas expressões de carinho mais simples e não aprenderam, sequer, a dar um abraço.
Nas cenas, vemos os mais diferentes tipos de abraços possíveis: de lado, de longe, com medo, quase sem tocar o outro.
É uma verdadeira sessão de psicoterapia, descomprometida, ao ar livre, de onde todos saem melhor.
A frase encontrada no cabeçalho do site oficial do movimento resume tudo: Às vezes, um abraço é tudo o de que precisamos.
Talvez, muitos de nós não nos sintamos à vontade para abraçar estranhos.
Mas, cabe uma reflexão: Será que estamos abraçando os nossos suficientemente? Os mais próximos, os nossos amores?
Será que, por vermos nossos pais, filhos, esposos e amigos, constantemente, não estamos deixando de lado os abraços?
Respondamos, por fim, a esta pergunta: Quantos abraços já demos hoje?

2ª – ABRA O CORAÇÃO
A sala estava repleta de convidados, todos curiosos para ver a obra de arte, ainda oculta sob o pano branco.
Falava-se que o quadro era lindo.
As autoridades do local estavam presentes, entre fotógrafos, jornalistas e outros convidados porque o pintor era, de fato, muito famoso.
Na hora marcada, o pano que cobria a pintura foi retirado e houve caloroso aplauso.
O quadro era realmente impressionante.
Tratava-se de uma figura de Jesus, batendo suavemente na porta de uma casa.
O Cristo parecia vivo. Com o ouvido junto à porta, Ele desejava ouvir se lá dentro alguém respondia.
Houve discursos e elogios.
Todos admiravam aquela obra de arte perfeita.
Contudo, um observador curioso achou uma falha grave no quadro: a porta não tinha fechadura.
Dirigiu-se ao artista e lhe falou com interesse: A porta que o senhor pintou não tem fechadura. Como é que o Visitante poderá abri-la?
É assim mesmo, respondeu o pintor calmamente.
A porta representa o coração humano, que só abre pelo lado de dentro.
Muitas vezes mal interpretado, outras tantas, desprezado, grandemente ignorado pelos homens, o Cristo vem tentando entrar em nossa casa íntima há mais de dois milênios.
Conhecedor do caminho que conduz à felicidade suprema, Jesus continua sendo a Visita que permanece do lado de fora dos corações, na tentativa de ouvir se lá dentro alguém responde ao Seu chamado.
Todavia, muitos O chamamos de Mestre mas não permitimos que Ele nos ensine as verdades da vida.
Grande quantidade de cristãos fala que Ele é o médico das almas, mas não segue as Suas prescrições.
Tantos dizem que Ele é o irmão maior, mas não permitem que coloque a mão nos seus ombros e os conduza por caminhos de luz…
Talvez seja por esse motivo que a Humanidade se debate em busca de caminhos que conduzem a lugar nenhum.
Enquanto o Cristo espera que abramos a porta do nosso coração, nós saímos pelas janelas da ilusão e desperdiçamos as melhores oportunidades de receber esse Visitante ilustre, que possui a chave que abre as portas da felicidade que tanto desejamos.
E se você não sabe como fazer para abrir a porta do seu coração, comece por fazer pequenos exercícios físicos, estendendo os braços na direção daqueles que necessitam da sua ajuda.
Depois, faça uma pequena limpeza em sua casa íntima, jogando fora os detritos da mágoa, da incompreensão, do orgulho, do ódio…
Em seguida, busque conhecer a proposta de renovação moral do Homem de Nazaré.
Assim, quando você menos esperar, Ele já estará dentro do seu coração como convidado de honra, para guiar seus passos na direção da luz, da felicidade sem mescla que você tanto deseja.
O olhar de Jesus dulcificava as multidões.
Seus ouvidos atentos descobriam o pranto oculto e identificavam a aflição onde se encontrasse.
Sua boca, plena de misericórdia, somente consolou, cantando a eterna sinfonia da Boa Nova em apelo insuperável junto aos ouvidos dos tempos, convocando o homem de todas as épocas à conquista da felicidade.

3ª – AFETOS NÃO SE APAGAM
Nathan sempre sonhara ser médico. A vida lhe pediu que desistisse de seu sonho.
Cedo precisou auxiliar a sustentar seus pais e irmãos. E cada vez seu sonho se tornava mais distante.
Décadas depois viu seu neto, pelo qual tinha um carinho especial, apresentar a mesma vontade.
Mas Nathan morreu quando o menino tinha apenas nove anos de idade. Aos 23 anos, Kevin mantinha o sonho sempre mais forte. Queria ser médico, curar as pessoas.
Como seus pais iriam pagar a faculdade era uma incógnita. O curso era muito caro. Eles eram corretores de imóveis e faziam o possível para fechar o maior número de negócios.
Certo dia, o pai de Kevin viu, no jornal local, o anúncio de alguém que queria vender uma casa.
Embora não costumasse entrar em contato com quem anunciava por sua própria conta, algo o fez telefonar.
Os donos tinham anunciado diretamente, desejando vender a casa, sem a necessidade de pagamento de comissão a corretores.
Mas acabaram marcando com o pai de Kevin uma visita para que ele conhecesse a casa.
Agendaram para a terça-feira. Quando Sherman falou com a esposa a respeito, ela o lembrou que ele tinha um compromisso anteriormente marcado.
Sherman ligou para os donos da casa e mudou a visita para a segunda, às quinze horas.
Mais tarde, eles tornaram a telefonar pedindo que ele fosse na segunda, mas pela manhã, às 11 horas.
Quando chegou ao local, Sherman descobriu que aquela casa tinha sido habitada pelos seus sogros, 15 anos antes.
Comentou isso com os proprietários mas, antes que continuassem a conversar sobre a estranha coincidência, a campainha tocou.
Era o carteiro.
Sherman ouviu o casal informar:
Não. Ninguém chamado Nathan Stein mora aqui…
Sherman se levantou rápido da cadeira e gritou: Era meu sogro!
Com as devidas explicações ao carteiro, conseguiu que a carta lhe fosse entregue, mediante assinatura de recebimento.
Era um informativo de um banco a respeito de uma conta corrente em nome de Nathan. Dizia que tal conta seria fechada em breve se ninguém a viesse reclamar, pois estava sem movimentação há anos.
O valor? Quinze mil dólares!
Sherman, sua esposa e seu filho tiveram, logo, a certeza. Fora Nathan que, de alguma forma, do mundo espiritual, envidara esforços para que ele estivesse lá, naquele momento.
Fui levado até lá no momento certo, disse Sherman. Meu sogro desejava que seu neto tivesse o dinheiro para pagar o primeiro ano da faculdade.
E a filha, mãe de Kevin, tem certeza de que seu pai que sempre cuidou dela, continua a cuidar até hoje.
A morte, de forma alguma rompe os laços do amor. Da espiritualidade, os nossos amores prosseguem a velar por nós.
Pais se esmeram no cuidado aos filhos que permaneceram na carne. Filhos, esposos, amigos têm os olhos voltados para nós, abençoando-nos ainda com seu afeto especial.
Com os Imortais aprendemos que os bons espíritos fazem todo o bem que lhes é possível. Sentem-se ditosos com as nossas alegrias.
Afligem-se com os nossos males, quando os não suportamos com resignação, porque então nenhum benefício tiramos deles.
Eles se compadecem dos nossos sofrimentos, como nos compadecemos dos de um amigo.
Assim, os bons Espíritos nos levantam o ânimo no interesse do nosso futuro.
Os parentes e amigos que nos precederam na outra vida, por nos votarem afeição, nos protegem como Espíritos, de acordo com o poder de que disponham.
Eles, como nós, são muito sensíveis aos sentimentos de amor e afeição.

POEMA

DEUS

Roberto Cury

Deus, quem és Tu, Deus? Longas barbas brancas, enfeitando o Teu queixo,
Olhos perscrutadores, devassando o infinito, rosto bonachão, paquidérmico,
Faces encovadas, cansadas, nariz afilado, corpo grande, magro, envelhecido.
És Tu, Deus?
Ah! Que o homem se arvora, e em Ti se transforma, e Tu, desces ao rés do chão!
O homem é Deus, e Tu, Deus és homem! O homem é o vilão, ladravaz de tuas essências.
Não se abespinha nas horroridades, que cria ao bel talante, até ao ponto de Te pintar,
Nos enxurros de si mesmo, ainda que de paleta e cinzel, tinge a tela, modela a pedra,
Nunca será o criador do Universo, mesmo querendo moldar-Te, a imagem e semelhança humanas…
E Tu, Deus, que nos criaste á Tua imagem e semelhança. Divina Graça, Senhor Sublime, te aquietas e deixa-nos quedar nas nossas próprias delivrances, quebramo-nos nas vilanices, apoquentamo-nos por tão pouco, acinzentamo-nos nas turrices, vivemos somente pavonices, e nos perdemos nas burrices…
Se um dia quisermos e quando depararmo-nos com nossas empáfias, sentiremos o Teu olhar profundo, terno, meigo, belo e amoroso. E, chorando, correremos para deitarmo-nos no Teu Regaço, aquietarmo-nos no Teu Cafuné, acomodando-nos no Teu Abraço…
Assim Deus, Senhor da Vida, luz sem sombras… Luz, calor que não queima, acaricia,
veremos que És Incomparável,Único Pai, Bondade e Justiça, e nós, nada somos sem Ti,
Não passamos do Teu Espectro, pálida imagem, descorada semelhança, da Grandeza Ímpar…
Depois, não mais perguntaremos, quem És Tu, Deus de Amor, És Deus.

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