DOANDO VIDA – Hospital Estadual de Formosa realiza primeira captação de órgãos para transplantes.
Rins e córneas foram captados no sábado (4/2) com apoio de transporte aéreo da Casa Militar do Governo de Goiás. Órgãos serão destinados a pacientes que aguardam na fila de espera no estado.
Roberto Naborfazan**
A regionalização da saúde permitiu que no sábado (4/2), fosse realizada a primeira captação de órgãos no Hospital Estadual de Formosa Dr. César Saad Fayad (HEF), na Região de Saúde do Entorno Norte. Com o apoio de transporte aéreo da Casa Militar do Governo de Goiás, a equipe da Gerência de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), composta por dois médicos e duas enfermeiras, foi até o hospital para conduzir o processo de captação.
A gerente de Transplantes da SES-GO, Katiúscia Freitas, pontuou que foram captados rins e córneas após a constatação de morte encefálica da doadora de 74 anos. “A família autorizou a doação dos órgãos após o diagnóstico da morte encefálica devido a um traumatismo craniano. É um momento difícil para a família, mas tiveram a sensibilidade para autorizar a doação”.
“Todos os órgãos doados beneficiarão pacientes que estão na fila de espera no estado”, garantiu a gerente. As córneas foram captadas pela Fundação Banco de Olhos e os rins foram para o Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), unidade da rede estadual referência em realização deste tipo de transplante.
Katiúscia Freitas lembra que esse trabalho foi possível graças ao empenho das equipes do hospital, em conjunto com a Gerência de Transplantes e a Casa Militar, que colaboraram na estrutura logística da captação e transporte dos órgãos. “Tivemos apoio do serviço aéreo para deslocamento de Goiânia até Brasília, e de lá a equipe terrestre do hospital colaborou para o trajeto”.
Momento histórico para o HEF
A paciente deu entrada no pronto socorro do HEF após sofrer queda da própria altura. A equipe médica do hospital prestou toda assistência, realizando exames clínicos e de imagem, chegando à conclusão da morte encefálica da paciente, explicou a coordenadora de enfermagem da UTI do hospital, Bruna Soares. “Após todo esse processo fizemos contato com a família sobre o óbito, e os próprios familiares já levantaram a hipótese para a doação de órgãos. Fizemos a entrevista e a doação foi autorizada”.
Estadualizado em 2020, o HEF funcionou como Hospital de Campanha durante o período crítico da pandemia de Covid-19, prestando atendimento aos moradores da Região de Saúde do Entorno Norte, composta por oito municípios e mais de 260 mil habitantes. Atualmente a unidade conta com 80 leitos, sendo 20 de UTI e um pronto-socorro para atendimentos de urgência e emergência.
O hospital conta com especialistas em clínica médica, cirúrgica, obstétrica e ortopédica, e com essa captação avança nos serviços prestados na rede de saúde estadual.
HGG é referência na realização de transplantes renais e hepáticos no estado.
Em outubro do ano passado, o Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG) comemorou a realização de 15 transplantes renais na primeira quinzena do mês. Segundo o nefrologista do HGG, Afonso Nascimento, o número superou a média mensal de todo o ano de 2022, que é de seis procedimentos na unidade de saúde do Governo de Goiás.
“Esse é um resultado muito positivo e que se deve às constantes campanhas de conscientização sobre doação de órgãos e o trabalho realizado nas unidades de saúde, conversando com as famílias e garantindo a seriedade de todo o processo de doação”, afirma o médico.
Afonso explica que o número de transplantes no Brasil poderia ser maior e, entre os principais desafios enfrentados hoje, estão o número insuficiente de doadores efetivos, o baixo índice de notificações de morte encefálica, além do elevado índice de recusa familiar, que chega a 43 %, segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT).
“Com base em informações da Central Estadual de Transplantes de Goiás, o principal motivo que leva a família a recusar a doação de órgãos é a preocupação com a integridade corporal do doador, que é preservado ao máximo, e que deve ser visto pelo olhar da grandiosidade do gesto: salvar vidas”, ressalta doutor Afonso Nascimento.
Já Fábia Mara Prates, diretora técnica do HGG, reforça que o trabalho também é resultado do compromisso do Governo de Goiás com a área da saúde. “No dia 2 de setembro de 2022, inauguramos uma nova ala de transplantes no HGG, com investimento de R$ 2,8 milhões, dotada de estrutura moderna em uma área de 644 m², 32 novos leitos, sendo que 26 são destinados para transplantes de rins, fígado, pâncreas e rim-pâncreas, e outros seis para transplante de medula óssea.”
A médica pontua ainda que o serviço de transplante renal foi primeiro implantado no HGG, no ano de 2017, e hoje conta com três equipes transplantadoras. A partir de 2018, o hospital também passou a realizar transplantes hepáticos.
** Com Informações da SES de Goiás.