DOAÇÃO DE ÓRGÃOS – Goiás realiza um transplante de rim por dia em outubro
Tempo de espera para um novo órgão reduziu quase 50% em 2019, com relação ao ano passado. Ações e investimentos do Governo de Goiás com a saúde contribuíram para o saldo positivo.
Em outubro, o Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), realizou 31 transplantes de rins. O quantitativo equivale à média de um transplante por dia. O número é 121% maior que no mesmo período do ano de 2018, que quantificou apenas 14 transplantes do órgão. Os dados são da Central Estadual de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Goiás (CNCDO-GO) vinculada à SES.
Somando agosto, setembro e outubro deste ano, 81 pessoas receberam um novo rim. Se comparado com o ano passado, em que o Estado realizou 39 transplantes no somatório dos três meses, 2019 teve um crescimento de 107% no número de transplantados neste último trimestre.
Para a gerente da CNCDO, Katiúscia Christiane Freitas, os dados são positivos e já são reflexos dos investimentos que o Governo de Goiás tem realizado na saúde. “Esse crescimento é resultado do incentivo que o Estado tem realizado em todas as instituições, promovendo campanhas de conscientização e investimentos em saúde. Este ano já realizamos 67 campanhas e capacitações sobre o processo de doação de órgãos e transplantes, sensibilizando pelo menos quatro mil pessoas diretamente”, destaca.
De janeiro a outubro, o Governo de Goiás promoveu ações diversas em diferentes locais para conscientizar a população sobre a importância de ser um doador de órgãos. Palestras e cursos de formação e atualização realizados em ruas, praças, shoppings, escolas, universidades, estádio de futebol, hospitais e outras instituições públicas e privadas.
Tempo de espera é menor
Os dados revelam ainda a redução significativa no tempo de espera na fila pelo órgão, quase 50% em relação aos anos anteriores; 68% dos transplantes renais de 2019 foram realizados com receptores com menos de 12 meses de inscrição no Cadastro Técnico Único do Sistema Nacional de Transplantes. Desses, 47% esperaram menos de seis meses.
A professora aposentada Luzia Maria Preda, 63 anos, ficou poucos dias na fila. Ela esperou apenas nove dias para ser chamada e realizar o procedimento. Luzia se preparava para dormir quando recebeu uma ligação que mudaria toda a sua vida: era a Central de Transplantes informando sobre o aparecimento de um rim compatível. Mais do que depressa Luzia e a filha Cecília Preda, 29, se deslocaram para o Hospital Geral de Goiânia (HGG) para submeter à internação para os procedimentos de transplante.
“Na hora, nem ela nem eu acreditamos. Foi tudo muito rápido e tem aquela história de achar que demora demais, que nunca vai chegar a nossa vez, mas foi totalmente diferente”, conta sobre o chamado rápido para a cirurgia de transplante. O sentimento foi inexplicável, uma alegria que nunca imaginei sentir. Ainda hoje estou meio nas nuvens, sem acreditar que isso realmente aconteceu”, enfatiza Cecília.
Luzia fazia hemodiálise há 18 meses. “Assim quando minha mãe soube que os rins já não funcionavam mais, ela foi informada da possibilidade do transplante. A primeira opção era eu ser doadora. Ficamos esse um ano fazendo todos os exames, e ela terminou o check up antes de mim. Então, o médico informou que minha mãe já entraria na fila porque poderia acontecer de ela conseguir um rim antes que eu estivesse com tudo finalizado para doar. E assim aconteceu, em apenas nove dias a Central ligou para ela”, conta.
A professora fez a cirurgia para receber o novo rim no sábado (2/11), todo o procedimento foi um sucesso. “Foi excelente desde o momento da chegada, da cirurgia, o pós-transplante. Eu e toda minha família ficamos encantadas com o atendimento. Fui muito bem atendida, muito bem tratada por toda equipe, inclusive a percepção era de estar em um hospital de primeiro mundo”, diz Luzia.
Emocionada, a filha Cecília afirmou que a mãe renasceu após o transplante. “Nem sei como eu poderia agradecer à família do doador essa atitude. É estranho pensar que a morte de uma pessoa pode significar o ‘renascimento’ de outra. Nunca pensei que um desconhecido poderia fazer algo tão grandioso pela nossa família. Doar órgãos é com certeza a mais bela demonstração de amor genuíno pelo próximo”, afirma.
O rim é o órgão mais transplantado em Goiás. De janeiro a outubro deste ano foram realizados um total 737 transplantes no Estado, sendo 465 de córneas, 174 transplantes renais, 51 de esclera, 13 de tecido músculo-esquelético, 59 de medula óssea e seis de fígado. Em Goiás o Hospital Geral de Goiânia (HGG) é responsável por 75% dos transplantes de rins e está entre os dez hospitais que mais transplantam o órgão no País.
CNCDO-GO
A Central Estadual de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Goiás (CNCDO-GO) é a representação regional do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), também formado pelo Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, Hospitais autorizados e pela rede de serviços auxiliares. Essas entidades formam a organização que gerencia executa a política de transplantes de órgãos e tecidos no Brasil.
INFORMAÇÕES – Perguntas e Respostas
O que preciso fazer para ser doador de órgãos?
Para ser doador, no Brasil, você não precisa deixar nada por escrito, em nenhum documento. Muitas pessoas acham que é preciso registrar a opção de doador de órgãos em qualquer documento pessoal, mas isso não é mais necessário. Basta você conversar com sua família sobre seu desejo de ser doador. A doação de órgãos só acontecerá após a autorização da família.
Quais os tipos de doadores que existem?
Doador vivo: qualquer pessoa saudável que concorde com a doação, desde que não prejudique sua própria saúde e seja compatível com a pessoa que vai receber o órgão. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão. Pela lei, parentes até quarto grau (pais, filhos, irmãos, avós, netos, tios e primos), além dos cônjuges, podem ser doadores em vida. Para os não parentes, somente com autorização judicial.
Doador falecido: são pacientes com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano graves ou AVC (derrame cerebral) extenso. Podem doar órgãos e tecidos, com autorização de parente até 2º grau, sendo grande o número de doadores em morte encefálica cujas doações não acontecem e, consequentemente, muitas pessoas deixam de ser contempladas com tão importante procedimento.
Quais os órgãos e tecidos que podem ser obtidos de um doador falecido?
Órgãos: coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino e rins.Tecidos: córneas, vasos sanguíneos, ossos, tendões, pele, medula óssea e válvulas cardíacas. Portanto, um único doador pode salvar ou melhorar muitas vidas. A retirada dos órgãos e tecidos se realiza em centro cirúrgico, como qualquer outra cirurgia.
Para quem vão os órgãos?
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em fila única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada Estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes. Quem irá recebê-los depende de diversos fatores, tais como compatibilidade, idade, doenças associadas, maior ou menor urgência, conforme avaliação da equipe cirúrgica e sempre com o conhecimento do receptor.
Posso ter certeza do diagnóstico de morte encefálica?
Sim. O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar, que é interpretado por um médico. Não existe dúvida quanto ao diagnóstico.
Após a doação o corpo do doador fica deformado?
Não. O processo de retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra, restando apenas a incisão. O doador poderá ser velado normalmente.