DIA MUNDIAL DO RIM – A importância do exame de creatinina no diagnóstico das doenças renais. Veja orientações importantes.
A creatinina funciona como um marcador da função renal. Por isso, o exame pode ser feito a partir de um exame de sangue ou de urina. Em vídeo, o médico nefrologista do Hospital Geral de Goiânia – HGG (Hospital Alberto Rassi), doutor Afonso Nascimento, dá algumas orientações sobre o assunto.
Roberto Naborfazan
O Dia Mundial do Rim, comemorado toda segunda quinta-feira do mês de março, foi instituído com o objetivo de informar a população sobre as doenças renais, com foco na prevenção e na incorporação de práticas saudáveis.
Segundo estimativa da Organização Internacional World Kidney Day, 10% da população mundial (850 milhões de pessoas) tem alguma doença renal crônica, que se não for tratada, pode ser fatal. Para chamar atenção para o problema e estimular medidas para enfrentamento da doença, o Jornal O VETOR, com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) reforça informações relevantes sobre o tema.
Os rins são dois órgãos localizados em ambos os lados da coluna vertebral. Sua principal função é remover os resíduos e o excesso de água do organismo. O problema é que, muitas vezes, por falta de prevenção, as pessoas podem descobrir problemas renais em fases muito avançadas das lesões. A Doença Renal Crônica (DRC), que consiste em lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins, é a mais grave delas. No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) relativos a 2022, o número de pacientes com DRC avançada é crescente e, atualmente, mais de 140 mil pacientes realizam diálise no país.
Diversos fatores podem levar à insuficiência renal crônica, como a diabetes, a hipertensão arterial sistêmica, a obesidade, doenças cardiovasculares e tabagismo. Os principais sintomas são: mudanças na urina (espuma, alteração de cor, sangue, dificuldade para urinar), dores nas costas, inchaço no corpo, fraqueza e cansaço.
De acordo com o Ministério da Saúde, o transplante de rim representa cerca de 70% do total de transplantes de órgãos realizados no Brasil. Em números absolutos, o país ocupa a terceira posição mundial entre os maiores transplantadores de rim. Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2023, houve um aumento de 17% nas doações em comparação ao ano anterior. Isso resultou maior número de transplantes renais dos últimos dez anos: entre janeiro e setembro, 6.766 transplantes foram realizados em todo o País, enquanto no ano anterior foram registradas 6.055 no mesmo período.
Importância dos exames preventivos
O médico nefrologista, doutor Afonso Nascimento, integrante da equipe transplantadora do Hospital Geral de Goiânia – HGG (Hospital Alberto Rassi), alerta sobre a importância de exames preventivos, como o exame de creatinina. Veja no vídeo abaixo.
Como esclareceu o doutor Afonso Nascimento, o exame de creatinina é um procedimento laboratorial que mede a quantidade de creatinina no sangue. Ele é um dos principais meios de rastreamento de uma doença nos rins. É a partir deste exame que o nefrologista pode descobrir alguma possível doença renal, pois quando os rins não funcionam corretamente ocorre um acúmulo da substância no corpo.
Porém, não se confunda: creatina e creatinina não são a mesma coisa! O primeiro termo, popularizado por suplementos para atletas, auxilia no processo de fornecimento de energia para os músculos. A creatinina é um subproduto desse processo.
O que é creatinina?
A creatinina é uma substância produzida pelos músculos, por meio da destruição da proteína fosfocreatina, também conhecida como creatina fosfato. Esta proteína é obtida através da digestão de alimentos, como carne bovina, suína, peixe ou frango, e é responsável pelo fornecimento de energia para os músculos.
Quando os músculos são ativados (ou seja, quando fazemos força), utilizam a fosfocreatina. Nesse processo, a creatina é quebrada em diversos pedaços menores. Entre eles está a creatinina. Esta substância entra, então, na corrente sanguínea e é levada até os rins, onde é filtrada e, posteriormente, eliminada na urina.
Para que serve o exame de creatinina?
Como o principal objetivo da creatinina é ser excretada na urina, ela funciona como um marcador da função renal. Por isso, o exame pode ser feito a partir de um exame de sangue ou de urina.
À medida que o paciente perde a função dos rins, a creatinina começa a se acumular no sangue e, assim, os valores desta substância passam a aumentar.
Ou seja, a partir dela, é possível acompanhar o agravamento da doença renal crônica. Isso é possível pois sua presença anormal no sangue mostra que os rins também não estão filtrando corretamente outras substâncias.
Quem deve fazer o exame de creatinina?
O exame de creatinina pode ser feito por qualquer indivíduo, em um check-up anual. Esta é a melhor maneira de se descobrir alguma alteração na função renal precocemente, visto que a maioria dos pacientes começa a apresentar sintomas apenas quando a doença já está em estado avançado, com perda de aproximadamente 60% da função dos rins.
Ainda assim, ele é também requisitado por médicos para as pessoas que possuem sintomas ou suspeitas de ter uma doença renal. Para o diagnóstico, é levado em consideração também o histórico do paciente, seus sintomas e o resultado de outros exames e procedimentos.
Pensando nisso, fique atento aos sintomas mais comuns em quem tem níveis acima do normal de creatinina no sangue: Náusea, Vômitos, Fadiga, Inchaço no rosto, pulsos, tornozelos ou abdômen, Falta de apetite e Emagrecimento.
O exame de creatinina também é feito em pacientes que já possuem um diagnóstico de doença renal. Neste caso, o principal objetivo é acompanhar o funcionamento dos rins, fazendo adaptações no tratamento quando necessário. Por exemplo, o volume de creatinina no sangue pode ser um dos fatores para avaliação da necessidade de sessões de hemodiafiltração ou Hemodiálise mais frequentes.
Em todos os casos, tanto em quem está fazendo o exame como check-up de rotina, quanto em quem já possui uma doença renal crônica ou aguda, a creatinina não deve ser a única substância analisada. As quantidades de ureia e o exame de urina também costumam ser levadas em consideração ao avaliar a saúde renal.
Os valores de referência da creatinina também se alteram dependendo da idade, sexo, pelo uso de certos medicamentos e pela presença de doenças diagnosticadas previamente.
Quantidades de creatinina abaixo do normal no sangue também podem ser um sinal de alerta. A falta dessa substância pode indicar níveis baixos de massa muscular, desnutrição, alimentação desbalanceada, entre outros problemas de saúde. Por isso, além de realizar o exame, é importante consultar um médico anualmente, para análise da saúde como um todo.
Diabetes
O diabetes é uma condição crônica que se caracteriza pela produção insuficiente ou resistência à ação da insulina, hormônio que regula a glicose (açúcar) no sangue e garante energia ao organismo. A forma mais comum de diabetes é o tipo 2, quando o organismo apresenta resistência ou deficiência da insulina produzida pelo pâncreas, e está diretamente relacionado ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos inadequados.
Embora seja considerada uma doença silenciosa e não apresente sinais na maior parte do tempo, alguns sintomas podem surgir quando os níveis de açúcar estão muito altos no sangue, incluindo fome e sede frequentes, vontade de urinar constante, formigamento nos pés e mãos, visão embaçada e demora na cicatrização de feridas no corpo, e a doença pode desencadear complicações no coração, artérias, olhos, rins e nervos.
Independentemente do tipo, ao aparecimento de qualquer sintoma é fundamental que o paciente procure o atendimento médico especializado para dar início ao tratamento adequado. É importante fazer exames da função renal ao menos uma vez ao ano e controlar a pressão arterial. Além disso, pessoas com diabetes devem manter uma dieta adequada, realizar exercícios físicos regularmente, evitar bebidas alcoólicas e cigarros.
De acordo com dados da Federação Internacional de Diabetes (2021), mais de 16 milhões de adultos no país são afetados pelo diabetes, sendo que um terço (32%) das pessoas que vivem com diabetes no Brasil não tem diagnóstico, o que acarreta consequências para a saúde como um todo. “Quando a pessoa com diabetes não tem o diagnóstico da doença, ou quando o tratamento é feito de forma inadequada, existe o risco de complicações graves, como a insuficiência renal, que são responsáveis pela diminuição da qualidade e expectativa de vida e maiores custos com a saúde”, apontam especialistas.