CRITICOU A MISSÃO – Eduardo Bolsonaro admite que atua para impedir que políticos negociem fim de tarifaço.
Licenciado do cargo de deputado desde março, ele voltou a se posicionar contra qualquer tentativa de negociação por parte da comitiva de senadores. Declaração foi dada logo após participação dele em evento com presença majoritária de brasileiros que vivem nos EUA.
DA REDAÇÃO*
Um dia antes do início da agenda oficial de uma comitiva de senadores brasileiros nos Estados Unidos, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou ser contra a visita e afirmou estar trabalhando para impedir que os parlamentares consigam estabelecer diálogo com autoridades norte-americanas.
A declaração foi dada ao SBT News neste domingo (28), logo após a participação de Eduardo na Cúpula Conservadora do Brasil, evento realizado em Miami com presença majoritária de brasileiros que vivem nos EUA. O encontro contou ainda com a participação de nomes investigados no Brasil, como o próprio Eduardo e o comentarista Paulo Figueiredo.
Durante a entrevista, o deputado criticou a missão de oito senadores brasileiros, que nesta semana cumprem agenda de três dias em Washington, buscando reverter medidas comerciais e diplomáticas tomadas pelo governo dos EUA contra o Brasil, como a suspensão de vistos de autoridades brasileiras, anunciada em 18 de julho.
Para Eduardo Bolsonaro, o problema entre os dois países vai além de questões comerciais e envolve uma “crise institucional” no Brasil. Ele acusou o Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente o ministro Alexandre de Moraes, de conduzir o país de forma autoritária e afirmou que “o Brasil tem tido a síndrome de avestruz, colocando a cabeça embaixo da terra”.
“Trump não está atacando a soberania do Brasil. Ele está defendendo a soberania dos Estados Unidos”, afirmou.

Eduardo Bolsonaro está licenciado do cargo de deputado desde março e teve seus bens e contas bancárias bloqueados por ordem do STF. Segundo ele, há expectativa de que novas sanções norte-americanas contra autoridades brasileiras sejam anunciadas em breve, possivelmente por meio da Lei Magnitsky ou de mecanismos do Departamento do Tesouro, como a lista OFAC. Ele citou diretamente o ministro Alexandre de Moraes como possível alvo dessas medidas.
“O Brasil não tem se comportado como uma democracia ocidental. Tem se comportado como uma ditadura muito similar à venezuelana”, declarou. “As pessoas acham que resolveriam o problema das tarifas e estaria tudo bem. Não. Estariam fadadas a sustentar esse regime”, disse.
O deputado Eduardo Bolsonaro também relatou dificuldades pessoais. Disse estar sendo alvo de um inquérito que pode lhe render até 20 anos de prisão e afirmou que tanto ele quanto sua esposa estão com as contas congeladas por ordem judicial.
Ainda durante a conversa, Eduardo Bolsonaro voltou a se posicionar contra qualquer tentativa de negociação por parte da comitiva de senadores.
“Com certeza não [vão encontrar diálogo], e eu trabalho para que eles não encontrem diálogo”, afirmou. “Eu sei o que é certo. Não é dar 17 anos de cadeia para velhinhas. Nós estamos em guerra. E é tudo ou nada.”
Procurado, o Supremo Tribunal Federal informou que não comentará as declarações do deputado licenciado.
FONTE: ICL Notícias
FOTO DE CAPA: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados.