CRIANÇA TORTURADA E MORTA – Vizinha de casal diz que menino gritava muito e passava dias sem ir para creche.
Polícia ouviu mais de 10 pessoas, e suspeita de agressões físicas, abuso sexual e violência psicológica. Menino tinha diversos hematomas pelo corpo.
Por Catharinna Marques, Rafael Nascimento, Thaís Espírito Santo, Guilherme Santos**
Uma vizinha do casal que foi preso pela morte de um menino de 3 anos disse à polícia que constantemente gritos da criança eram ouvidos, que ele era trancado e que costumava passar dias sem ir para a creche quando esses episódios aconteciam. A criança morreu na quinta-feira (12) depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória, na Zona Oeste do Rio.
A testemunha disse ainda que já tinha visto o suspeito, beijar a boca da criança.
Foi a moça quem viu que o menino estava desmaiado e começou a gritar com o padrasto, dizendo que ele era culpado. Em uma tentativa de argumentar, Daniel Alves Brasil disse que o garoto tinha se afogado em uma bacia enquanto tomava banho.
Daniel e Laryssa Bezerra da Silva, mãe da criança, foram presos em flagrante por tortura com resultado morte, sem direito à fiança, por policiais civis da 41ª DP (Tanque). Segundo os depoimentos, a mulher sabia das agressões e nada fazia.
Na hora em que foi socorrido, o garoto já estava com parada cardiorrespiratória e com muitos hematomas pelo corpo. Segundo a polícia, as marcas eram tanto recentes, algumas com sangue, quanto antigas – que mostram que ele vinha sendo agredido constantemente. Um alargamento no ânus do menino também foi constatado ainda no hospital, e a polícia suspeita de abuso sexual.
Ele tinha marcas roxas na cabeça, na mandíbula e na virilha, lesões no queixo, além do ânus dilatado. Os médicos tentaram ressuscitá-lo durante 30 minutos.
Um exame de corpo delito será feito no Instituto Médico Legal para determinar a causa da morte.
O homem teria tentado fugir do posto médico enquanto a polícia não chegava.
“As lesões são evidentes e o relato do padrasto não era compatível. O que chamou atenção foi a quantidade e intensidade dos ferimentos. Em uma breve análise podemos verificar que ele tinha hematomas, lacerações, e pela coloração contatamos que as marcas tanto eram recentes quanto antigas, então tinha um espancamento constante”, afirma ele.
Testemunhas contaram para a polícia que o padrasto costumava ficar sozinho com o menino, e que a mãe sabia das agressões. Mais de 10 depoimentos foram colhidos pela polícia. Para o delegado, a criança sofria ainda violência psicológica.
“A sociedade falhou com essa criança, todos nós falhamos com essa criança porque ela precisava de um socorro e não teve. A tragédia emocionou muito os policiais, os médicos também. Todos temos familiares. Os médicos lamentaram que não conseguiram salvá-lo. Todos nós imaginamos o quanto essa criança sofreu”, disse o delegado.
Histórico criminal
Segundo a polícia, essa não foi a primeira prisão de Daniel. Ele já tinha sido preso em flagrante em 2019 por roubo e, depois, em 2022 por associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo.
Em sua primeira prisão, Daniel e mais um comparsa, que não foi localizado, teriam participado de um roubo a uma policial civil em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. Enquanto a policial tentava fugir, ela acabou batendo o carro em um ônibus, o que impediu que eles fugissem usando o veículo.
Ainda assim, celular e bolsa da vítima foram levados. Poucas ruas depois, Daniel foi preso em flagrante por PMs e reconhecido pela policial. Por esse crime, ele foi condenado a 6 anos em regime fechado.
Depois de sair da cadeia em um relaxamento de prisão, Daniel voltou a ser preso junto a outros dois homens em uma boca de fumo na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Na ocasião, em julho de 2022, ele foi flagrado com munição, drogas, celulares e uma moto roubada.
Daniel ficou preso por quase um ano, e saiu do presídio em maio de 2023, depois de um alvará de soltura, que foi expedido com a absolvição dos crimes.
Além disso, o homem é investigado em vários inquéritos policiais por violência doméstica e familiar contra mulher.
FONTE: g1 Rio
Um ser indefeso paga por negligência da justiça esse ser não era pra esta convivendo com a sociedade.E mais uma vida ceifada por causa da justiça falha.E triste e esse infelizmente não vai ser o último. lamentável.