COVARDIA CONTRA ANIMAIS – Preso em flagrante, advogado ofende em redes sociais delegados da Polícia Civil de Goiás. Sindicato emite nota de repudio.
Segundo investigações, o advogado A. O. decapitou cinco cachorros visando amedrontar a madrasta, em briga por herança. Em áudios que circulam em redes sociais ele confirma que fez a covardia. Preso em flagrante por porte ilegal de armas, ele tenta desconstruir o trabalho dos delegados que atuaram nas investigações. Leia nota de repudio do sindicato ao final desta reportagem.
Roberto Naborfazan**
A Polícia Civil do Estado de Goiás e do Estado do Paraná cumpriram, na manhã desta quinta-feira, 17/11, mandados de busca e apreensão nas residências do advogado suspeito da decapitação de cinco cachorros, fato ocorrido no mês de março, no município de Formosa.
As ordens judiciais foram cumpridas na zona rural da cidade de Formosa (em uma fazenda) e em Curitiba, capital do Paraná. Nos respectivos locais, foram encontradas sete armas de fogo e centenas de munições. Dentre as armas encontradas, havia uma de uso restrito, o que ensejou a prisão em flagrante do investigado pelo crime previsto no artigo 16 do Estatuto do Desarmamento. O celular do investigado também foi apreendido. O casal de caseiros de Formosa foi conduzido à delegacia para prestar declarações a respeito das armas localizadas e apreendidas e, em seguida, liberado.
A apuração desses novos fatos pela Polícia Civil será encaminhada ao Poder Judiciário. E sua tramitação ocorrerá em conjunto com o crime de maus-tratos a cachorros com resultado morte e furto para possível responsabilização penal do suspeito. As diligências foram cumpridas na presença de representantes da OAB em virtude do investigado ser advogado, como determina a lei, a fim de garantir a lisura do procedimento.
A Polícia Civil esclarece que crimes cruéis como esses merecem uma pronta resposta estatal, razão pela qual empreendeu de imediato todas as diligências cabíveis para elucidar o feito na maior brevidade possível.
Relembre o caso
A Polícia Civil do Estado de Goiás, por meio da 1ª Delegacia Distrital de Polícia de Formosa, concluiu, na terça-feira (9), inquérito policial que apura a decapitação de cinco cães ocorrida no final do mês de março de 2021, naquele município. Um advogado de 30 anos é apontado como autor do crime e será indiciado por maus-tratos a cachorros com resultado morte (previsto no artigo 32, §1º-A e §2º da lei 9605/1998) e furto qualificado (previsto no artigo 155, p. 4º, I do Código Penal).
Segundo o delegado Paulo Henrique Ferreira Santos, responsável pelo caso, o investigado teria subtraído os animais de uma propriedade rural pertencente ao seu pai, o qual havia falecido dias antes. O ato seria uma forma de ameaçar a madrasta a respeito das tratativas das questões patrimoniais relacionadas aos bens deixados pelo pai. “Ele começou a pressionar a esposa do pai para que resolvesse essas questões logo”, conta o investigador.
Conforme relata o delegado, o investigado foi apontado como autor do crime logo após o ocorrido, mas negava ter decapitado os animais. Durante a investigação, o suspeito, que reside em Curitiba, chegou a ser ouvido informalmente algumas vezes em Formosa. “Recentemente, porém, áudios começaram a circular na cidade, nos quais o investigado confirma que matou os animais”, explica o delegado.
No curso das investigações, consta ainda a ocorrência de furto na casa da madrasta do investigado. O homem teria entrado no imóvel e tomado para si alguns bens que, na concepção dele, pertenceriam ao falecido pai. Segundo o delegado Paulo Henrique, na época, o homem alegou que entrou no imóvel para resgatar bens do pai dos quais a mulher teria tomado posse. “Ele chegou a registrar uma ocorrência de furto contra a madrasta pra justificar a entrada na casa dela”, conta.
Na ocasião do crime contra os animais, o homem foi até a fazenda de propriedade do falecido pai, local que ainda abrigava pertences da viúva, recolheu uma cadela e seus quatro filhotes, os quais eram muito estimados pela mulher, cortou as cabeças e deixou na porta da casa da vítima, na cidade. No curso do processo, vítima e suspeito fizeram um acordo extrajudicial para partilha dos bens, no qual constava a desistência de ações penais. “O crime de maus-tratos e o de furto, porém, não dependem de representação da vítima”, explica Ferreira. Agora, o procedimento investigativo será devidamente encaminhado ao Poder Judiciário.
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de Goiás vem a público repudiar a conduta de Augusto Oliveira, investigado pelos crimes de maus tratos a cachorros com resultado em morte (previsto no artigo 32, §1º-A e §2º da lei 9605/1998), furto (previsto no artigo 155 do Código Penal) e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (previsto no artigo 16 da lei 10.826/03), na cidade de Formosa-GO.
O investigado, de forma leviana, utilizando-se das redes sociais e da imprensa, ofendeu a honra dos delegados Paulo Henrique Ferreira dos Santos e José Antonio Machado Sena, coordenadores da investigação.
O Sindepol enaltece o trabalho sério e eficaz dos Delegados de Polícia José Antônio e Paulo Henrique na referida investigação, que na data de hoje culminou na prisão em flagrante do investigado por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
Goiânia, 17 de novembro de 2021.
Pedro Garcia Caires
Presidente do Sindepol
***Com informações da Polícia Civil do Estado de Goiás.