COM MENOS DE 35 ANOS – Câncer de mama em jovens cresce e alerta para diagnóstico precoce
Casos em mulheres abaixo dos 40 anos aumentam e testes genéticos ajudam no tratamento personalizado. Sintomas como nódulos, alterações na textura da pele, retração do mamilo e secreção pelo canal mamário devem ser observados atentamente.
Por Laís Seguin*
Ao chegar mais um Outubro Rosa, a campanha de conscientização sobre o câncer de mama reforça um alerta que ganha força nos últimos anos: o aumento de casos em mulheres jovens. Apesar de a mamografia ser indicada a partir dos 40 anos, os registros mostram que mulheres com menos de 35 anos estão sendo diagnosticadas com mais frequência.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre 2009 e 2022 houve um crescimento de 14,8% nesse grupo, enquanto a estimativa para o período de 2022 a 2025 é de mais de 73 mil novos casos de câncer de mama no país.
A história da curitibana Helena Colino, hoje com 26 anos, evidencia esse cenário. Diagnosticada aos 23 anos, ela acompanhava de perto o tratamento da mãe, Letícia Colino, quando descobriu que também tinha a doença. Exames genéticos já haviam identificado uma mutação no BRCA2 na mãe, sinalizando risco elevado.
“No final de 2023, a ressonância revelou um tumor de 5 cm na minha mama esquerda. Foi um choque”, relata Helena.
O diagnóstico precoce trouxe desafios inesperados. Enquanto Letícia encerrava sua radioterapia em janeiro de 2024, Helena iniciava a quimioterapia.
“Decidi não tocar o sino no hospital, como fazem os pacientes ao concluir o tratamento, até que minha filha também finalizasse o dela. Só então senti que nossa jornada havia realmente terminado”, lembra Letícia.

O tratamento de ambas se estendeu por dois anos.
O câncer de mama pode se manifestar de forma silenciosa, o que dificulta a detecção em mulheres abaixo dos 40 anos. Sintomas como nódulos, alterações na textura da pele, retração do mamilo e secreção pelo canal mamário devem ser observados atentamente, alerta a oncologista Aline Cristine Vieira, do Instituto de Oncologia do Paraná.
“Mulheres jovens muitas vezes não têm exames de rastreamento recomendados, o que torna ainda mais importante reconhecer os sinais de alerta. O autoexame, embora não substitua exames de imagem, pode ajudar a identificar alterações precocemente”, explica a médica.
No caso de Helena, o diagnóstico só ocorreu porque o mamilo invertido — um sinal sutil — despertou atenção. Quando detectado, o tumor já estava no estágio 3, o que reforça a necessidade de acompanhamento médico e atenção aos sintomas, mesmo na ausência de dor.
Avanços no diagnóstico molecular
Além dos exames convencionais, testes genéticos e moleculares têm permitido tratamentos mais personalizados. Mulheres com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, por exemplo, podem se beneficiar de terapias direcionadas, como os inibidores de PARP. Em alguns casos, é recomendada a retirada profilática de ovários, trompas ou das próprias mamas, reduzindo o risco de recorrência ou novo câncer.
Outros marcadores moleculares, como HER2 e PIK3CA, também orientam a escolha de terapias específicas.
Do diagnóstico à superação
Para Helena e Letícia, o choque inicial deu lugar à rotina do tratamento, incluindo quimioterapia, cirurgias e radioterapia. Helena, formada em design, transformou sua experiência em um documentário que retrata toda a trajetória, incluindo o impacto emocional e os desafios enfrentados.
“Filmei minha rotina, os exames, minhas emoções. Isso se tornou meu projeto de TCC, e o documentário tem um final feliz” , conta.
Em junho de 2024, os exames confirmaram que o tumor já não existia mais.
**FONTE: Delas.Ig