COLINAS DO SUL – Denúncias de corrupção, nepotismo e ameaça de morte abalam o município.

Em áudios vazados em redes sociais, ex-secretário de turismo diz que o prefeito Paulino Batista não tem palavra, e ameaça o “esbagaçar” em redes sociais, citando dinheiro “por fora”, entre outras denúncias. Combativa em plenário, a vereadora Michelle Menezes recebeu bilhete a ameaçando de morte.

Roberto Naborfazan

O município de Colinas do Sul, localizado na região na Chapada dos Veadeiros, e também banhado pelo Lago da Serra da Mesa, está em polvorosa com as graves denúncias feitas por um ex-secretário de turismo da atual administração, comandada pelo prefeito Paulino Batista Vieira (PSL), conhecido como Paulinho de Elísio.

As denúncias estão em diversos áudios que vazaram em redes sociais e se espalharam como um risco de pólvora pela Internet.

Entre os áudios vazados estão conversas entre o ex-secretário municipal de turismo, Tiago Alves Oliveira, e a secretária municipal da Saúde, Dorinez  Batista Vieira, conhecida como Dozinha, que é irmã do prefeito.

Em uma das conversas, a qual o Jornal O VETOR teve acesso a íntegra, Tiago Alves cobra da secretária Dozinha, compromissos  com ele feitos, e não cumpridos, pelo prefeito Paulinho de Elísio.

“Fala, Dozinha. Tudo bem? Pois é Dozinha, na realidade eu não quero esse tipo de dinheiro, dinheiro amaldiçoado. Dinheiro amaldiçoado ele leva o amaldiçoado e o que é suado. Eu não quero tirar dinheiro de ponte, eu não quero participar desses rolos junto com Cleuso, junto com essas coisas. Eu quero meu dinheiro limpo. Paulinho veio aqui em casa, me ofereceu outra secretaria pra mim sair da minha, eu falei que eu não saia, porque a minha secretaria era boa, era melhor, que era o compromisso que Fernando (Paulino, falecido logo no inicio de seu mandato), e ele me garantiu, eu tenho gravação aqui, que o dia que ele veio aqui em casa tava eu, Emilso, Cristina, todo mundo junto aqui, e eu gravei ele tudo, aliás eu tenho várias e várias gravações de todas as conversas que eu tive ele, até por segurança minha, eu gravei todas porque eu sabia que ele não iria cumprir comigo, porque já tinham me falado que El faz esse tipo de coisa, e eu fiz como segurança minha né? Vocês me tiraram da secretária, eu falo vocês porque você é irmã dele e acaba envolvendo também, vocês me tiraram da secretaria, fez o compromisso de me pagar 3 mil reais por mês a mais do meu salário, isso foi uma coisa que ele me prometeu e eu provo. Depois foi com você lá na sua secretaria, conversei com você, você ainda tava me gravando, e eu também gravando vocês. Fui muito sincero com você, Dozinha, nunca sacaneei vocês, fui sempre companheiro,nunca quis usar pressão, ou gravações contra vocês porque eu não sou a favor disso, fiz por segurança, porque, com vocês pelo jeito não tem saída né? E vocês não cumprem comigo, ficou só na conversa, entendeu? O Paulinho não tem palavra, pelo que eu vi. E eu não quero meu dinheiro tirado de ponte, eu quero que ele cumpra comigo o que ele falo. Igual ele tá cumprindo com Dominguim. Alugou o carro de Dominguim né?, um salário de Dominguim por fora. Mandou Zé Weliton embora, arrumou emprego pra mulher de Zé Weliton. Pôs parente de vocês tudim pra trabalhar, vários e vários. É linha de transporte escolar, essa trenheira toda né? Não precisa nem eu falar. Pois a irmã de Valéria pra trabalhar, então vocês estão ajudando todo mundo, menos eu e minha família. Eu acho que era mais do que justo, né Dozinha? Mandou eu oferece aqui, eu tenho gravado aqui que ele mandou eu oferecer 500 reais pra Tio Aldair, ele não aceitou, porque era muito pouco, e eu também achei muito pouco né? Pra segurar uma pessoa comigo, que eu pedi pra me fortalecer, que eu automaticamente fortalecia Paulinho. Eu fui justo, eu fui sincero, e Paulinho veio me oferecer 500 reais. Aldair pulou lá longe, não quis, meu tio Aldair. Eu tenho até a gravação que o meu Tio Aldair a hora que eu ofereci pra ele, porque eu to trabalhando seguro, porque, pelo jeito com político né? Fica com essa desculpa que não confia, que tem medo de mim, que eu sou muito perseguido, foi o que o Paulinho me falou, e não quer cumprir. Tinha que ter pensado antes de prometer, né? Então dá um jeito de resolver. Eu quero o meu dinheiro. Vocês já tão me devendo 14 mil reais, que já vai pra seis meses de atraso, vocês não pagam, entendeu?” Diz Tiago à Dozinha no conteúdo de um dos áudios.

Áudis vazados comprometem a administração do prefeito Paulinho de Elísio. FOTO: Arquivo Jornal O VETOR

Em outro áudio, aparentemente enviado antes da conversa descrita acima, a secretária de saúde, Dozinha, diz à Tiago Alves “Quê que acontece, tem que ver essas questões, porque tem muitas pontes precisando de manutenção. E é o que eu falei, no momento a prefeitura não tem como arcar com concreto, tem que continuar igual Adriano fez. Essa manutenções de ponte ai de madeira mesmo né? Tinha que avaliar isso ai, ô Tiago, que ai dá pra você trabalhar nessa questão ai do serviço né? E conseguiria tirar o dinheiro”.

Um outro áudio mostra conversa do ex-secretário de turismo, Tiago Alves, com uma pessoa que é chamada por ele de Gilmar “Fala, Gilmar, boa noite, Gilmar. Não sei o que eu faço mais, cara. Tô passando arrocho por causa de dinheiro. O salário meu não tá dando. Paulinho  já me fez promessas e promessas e já vai pra seis meses de atraso, quase 14 mil reais. Eu sei que tem o dinheiro, esse lero, lero pra cima de mim sabe? Eu tenho parceiros meus que foram prefeitos, e já participei de outras administrações. Esse lero, lero de que não tem dinheiro, ele fica fazendo isso comigo cara. (Palavrão) não sei o que eu falo mais não. Paulinho toda vez arranja uma desculpa, diz que tá com medo. Já propôs pra você me ajudar, e morreu o assunto. Não precisava nem envolver eles no meio, e eles não querem. Eles parece que tão de marcação comigo, sabe? Dominguim, já tão cumprindo com Dominguim, sabe? Já tão cumprindo outras coisas ai que se eu for falar, e eu tenho coisas aqui sabe? Que vai comprometer a administração. Meus planos não são esses, Gilmar, mas eu não sei o que eu faço não,cara, cê podia me ajudar com esse povo ai. Eu vou começar a esbagaçar em rede social. Eu vou começar a soltar o que eu tenho, e eu tenho um poder de fogo aqui, Gilmar. Eu tenho uma gravações, Gilmar, escuto o que eu to te falando Gilmar. Eu já pedi demais ajuda pra eles, sabe? Eles não querem me ajudar, não precisa envolver ninguém no meio. Eles podiam passar pra você Gilmar, que vínculo que tinha comigo? Nada. Se o medo deles sou eu né? e pelo jeito é isso. A Dozinha eu achei que era mais sensível. E Acho que é também, ela nem merece, mas eu não to tendo saída sabe? Com Paulinho. Infelizmente. Vou soltar  gravação que eu tenho dele aqui , entendeu? Mandando oferecer dinheiro pra Aldair, deixa ele. Eu não tenho nada a perder. Só tenho umas 12 gravações. Nunca tive uma conversa com ele que não fosse gravada. Porque El tá me forçando a isso. Ou ele é meu companheiro, ou ele é (palavrão). Ele não é companheiro. Se ele tá querendo isso, eu não tenho medo de nada, nem de ninguém, ainda mais com pessoas covardes. Porque o que lês tão fazendo é covardia comigo, Gilmar. Sabe? Tô pedindo ajuda pra eles, e o que eu quero não é cesta básica não, quero ganhar o meu, igual ele tá fazendo com todos, sabe? É 10% em contrato de limpeza como Cleuso, porque o Cleuso entrega tudo né? O Cleuso entrega tudo. Fica difícil, ai os vereadores achando que eu tô pegando dinheiro. Nesse contrato do CAT mesmo eu não peguei nada. Você sabe disso, eu não quis nada, porque eu quero meu dinheiro é limpo, pra não dar o pé, eu não vou dar o pé com coisa errada, até porque todo mundo fica me perseguindo. Então eu não vou fazer coisa errada. Até te falei isso. Mas eu não sei como faz não, Gilmar. Eles não me pagam. Já vai pra 14 mil, e eu precisando, cara. Sei como é que faz não. Você podia me ajudar nisso, Gilmar. Conversar com a Dozinha, eu sei que você já falou com ela, já tentou me ajudar, mas Paulinho não quer. Ele tá preferindo que eu vou pra rede social esbagaçar ele, que eu vou ser contra ele. E agora eu tenho poder de fogo, não vai ser igual quando foi contra o Adriano, e eles continuam fazendo isso. Eu tentando fazer papel de amigo, de companheiro, cara. Eu to sem saída, sabe. Entreguei o cargo pra Le hoje, ele aceitou de boa – (imitando Paulinho) Beleza, ai eu ponho sua mulher pra trabalhar – ele quer diminuir mais ainda meu salário. Ele só quer pra ele, sabe. Conversei com Josafá. Josafá é gente boa, ele falou – Tiago, você tá certo, tem que ajudar os companheiros mesmo -, mas Paulinho não entende, sabe? Sempre falei pra ele, usa Josafá pra te ajudar nessas coisas, e ele nada. Ai fica difícil viu.” Encerra a conversa.

O Jornal O VETOR teve acesso a diversos outros áudios, todos contendo gravíssimas acusações contra a administração de Paulinho de Elísio.

Nossa reportagem procurou o prefeito Paulinho de Elísio, através do telefone 62 9 99xxxx82, deixamos mensagem pedindo um posicionamento sobre as denúncias, mas até o fechamento dessa reportagem não obtivemos resposta.

Em resposta aos nossos questionamentos, a secretária de Saúde, Dorinez  Batista Vieira, a Dozinha, nos enviou a seguinte nota.

“Eu, Dorinez Batista Vieira, Fui procurada por equipe de reportagem para manifestar sobre suposto áudio. Esclareço que o áudio que tive acesso foram retirados de contexto sendo feitos em momentos diversos e montados de forma a dar uma conotação equivocada na qual o objetivo era de prejudicar atual administração, havendo grupos políticos que tentam tomar o poder por meio de denúncias infundadas. A minha fala no áudio de 33 segundos como o Tiago era pelo motivo dele estar chateado porque estava na pasta de turismo no qual ficava mais restrito a um local, sendo que ele gostava de trabalhar mas no serviço em que ele tivesse habilidade que era em obras, Então disse a ele que trabalhando na construção de pontes no qual ele tem experiência ele teria como ganhar mais devido a grande quantidade de pontes a serem reformadas.” Diz a nota.

Já o ex-secretário de turismo, Tiago Alves Oliveira, em nota enviada ao Jornal O VETOR, através de um texto imagem, que reproduzimos abaixo, diz que os áudios foram tirados de contexto e montados de forma a dar uma conotação equivocada com objetivo de prejudicar a atual administração.

Nota em texto/imagem enviado ao Jornal O VETOR pelo ex-secretário Tiago Alves.

Fontes do Jornal O VETOR informaram que todos os áudios já são de conhecimento da Câmara de vereadores de Colinas do Sul, e que o Ministério Público Estadual através da comarca de Niquelândia, também já tem ciência da situação.

Ameaça de morte

Com esse clima de denúncias envolvendo a administração municipal, os debates na Câmara de vereadores estão cada vez mais acalorados.

Uma das mais combativas na busca por clareza sobre as denúncias envolvendo o executivo Colinense, e no enfrentamento visando soluções as demandas da população, é a vereadora Michelle Menezes (PL).

Exatamente por isso, segundo informações obtidas com exclusividade pelo Jornal O VETOR, ela tem sido frequentemente intimidada, culminando em uma ameaça direta de morte, através de um bilhete deixado, na calada da noite, no para-brisa de se carro.

Bilhte ameaçador foi colocado, na calada da noite, no para-brisas do carro da vereadora.

Em letras maiúsculas, feitas em computador, o bilhete usa o seguinte termo

“EU JÁ SEI QUE VOCÊ ESTÁ POR TRAZ DE TUDO ISSO. OU CALA OU MORRE. ABRE O OLHO”.

A vereadora se diz assustada, porque tem um filha, que depende única e exclusivamente dela, e não quer que ela fique sem a mãe, por isso já está tomando precauções.

“Isso só prova que eles estão desesperados, e que realmente eles têm o que esconder, porque – ou cala ou morre, quer dizer que devo me calar no plenário, na Câmara.” Diz Michelle Menezes.

No entanto, a vereadora afirma que foi eleita para defender os interesses do povo de sua cidade, e que essas ameaças não irão calar sua voz na Câmara legislativa.

Em resposta ao Jornal O VETOR, a vereadora Michelle Menezes enviou o seguinte posicionamento.

“Acordei com uma carta me ameaçando nesta quarta-feira, 15/06. Não tinha ciência dos áudios até o presente momento. Porém, já foram tomadas as devidas providências. Darei continuidade no meu papel como vereadora. Já fui ameaçada outras vezes e não serei intimidada. Inadmissível ser coagida a me calar, uma vez que estou exercendo meu trabalho.” Frisou.

O Jornal O VETOR segue acompanhando o desenrolar dos fatos, com imparcialidade, ouvindo todos os lados, mas sempre com o jornalismo no tamanho da verdade.

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