CLÍNICA CLANDESTINA – Casal de pastores são presos após pacientes entre 14 e 96 anos serem resgatados desnutridos e com ferimentos pelo corpo.

Todas as vítimas foram levadas para o local de forma ilegal e involuntária. No momento do resgate, muitos apresentavam lesões graves, desnutrição e confusão mental compatível com sedação.

Por Samantha Souza**

A Polícia Civil (PC) resgatou, nesta terça-feira (29), 50 pessoas, entre elas idosos, menores e pessoas com deficiência, vítimas de maus-tratos, tortura e cárcere privado. De acordo com o delegado Manoel Vanderic, o local, onde as vítimas foram encontradas, se trata de uma clínica clandestina, na zona rural de Anápolis.

Os donos do local, é um casal de pastores de uma igreja no município. Eles e outros quatro funcionários, investigados por agredir as vítimas, foram presos. Segundo a Polícia Civil, “todos responderão por tortura e cárcere privados qualificados e foram recolhidos na cadeia pública, com exceção de um, que fugiu durante a diligência e segue sendo procurado.”

Pacientes eram mantidos trancados, em ambiente insalubre, com alimentação precária, sem medicação e nenhum acompanhamento médico ou psicológico.

Investigação

Vanderic informou que as investigações começaram após um idoso de 96 anos, dar entrada no Hospital Estadual de Urgências de Anápolis (Heana) com sinais de maus-tratos.

“Ele estava com várias lesões no corpo, desnutrido, desidratado e com mau cheiro”, contou o delegado.

Durante as investigações, a polícia descobriu que as todas as vítimas são do sexo masculino e possuem entre 14 e 96 anos. A maior parte com deficiência intelectual, deficiência física, autista e alguns dependentes químicos. Todos foram levados para o local de forma ilegal e involuntária, onde eram confinados mediante pagamento de, no mínimo, um salário mínimo mensal.

Lá, eles eram mantidos trancados, em ambiente insalubre, com alimentação precária, sem medicação e nenhum acompanhamento médico ou psicológico.

Um menor, que é portador de deficiência, era amarrado e espancado pelos “cuidadores”.

No momento do resgate, várias vítimas apresentavam lesões graves, desnutrição e confusão mental compatível com sedação.

Uma das vítimas, identificado apenas como Marcos Vinícius, disse que os funcionários do local agrediram e amarraram os internos para contê-los. E mostra a situação de um menor, que é portador de deficiência.

“Eles amarram ele, essa aqui é a corda que eles usam para amarrar ele. Esses são os hematomas que eles fazem nele. São as pessoas que cuidam daqui que batem nele, ele é deficiente”, contou.

As vítimas foram acolhidas pelos serviços de saúde mental e assistência social da Prefeitura de Anápolis, que montaram uma força-tarefa para recebê-los no estádio da cidade. Na madrugada desta quarta-feira (30), eles receberam alimentação, higiene e primeiros socorros. Os servidores realizam, ainda, a identificação das vítimas e ações para localizar familiares, já que muitos são de outros estados.

Alguns precisaram de hospitalização e foram resgatados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (Samu).

FONTE: g1 Goiás

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